Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Como as prisões nos EUA influenciaram os eletrônicos transparentes

Por| Editado por Wallace Moté | 18 de Março de 2024 às 17h13

Link copiado!

Victor Carvalho/Canaltech
Victor Carvalho/Canaltech

A carcaça transparente em produtos tecnológicos era moda no mercado de eletrônicos de consumo na virada do milênio, mais especificamente entre os anos 1990 e os anos 2000. Após ter entrado em desuso, pequenas e médias empresas têm notado o desejo dos consumidores por equipamentos translúcidos e passaram a investir na ideia para torná-la febre novamente e diferenciar seus dispositivos da concorrência.

Com o aumento da popularidade de produtos transparentes — como fones de ouvido, carregadores, mouses, teclados e até smartphones —, muitos questionam onde essa ideia se iniciou e por quais motivos.

Recentemente, a opinião de Danilo Reen sobre o visual transparente e colorido ter sido “o ápice do design dos eletrônicos” viralizou no X (antigo Twitter) e a conta “Ouriço de cartola” comentou que "tudo isso surgiu porque as prisões americanas não permitem aparelhos com carcaça opaca nas celas.” Mas será que foi isso mesmo?

Continua após a publicidade

Onde começou a moda de eletrônicos transparentes?

Em matéria publicada pela Fast Company em 2023, a revista destaca que "o uso de plásticos transparentes na tecnologia teve início em um lugar improvável: os presídios.”

Durante as décadas de 1970 e 1980, o sistema prisional dos Estados Unidos começou a utilizar plástico transparente em televisões e rádios como forma de aumentar a segurança, uma vez que o acabamento impedia que detentos escondessem itens proibidos nos dispositivos.

Continua após a publicidade

Por conta disso, a grande maioria das peças de eletrônicos que entravam em prisões eram adaptadas com exterior transparente para facilitar a inspeção interna sem precisar desmontar todos os produtos.

Rádios AM e FM da Sony marcaram a época, como o SRF-39FP. Com as letras finais representando Federal Prison, ou "prisão federal” em inglês, o rádio se destacava pela excelente recepção mesmo em ambientes fechados.

Eletrônicos transparentes ainda são obrigatórios em presídios dos Estados Unidos, e é possível encontrar produtos antes destinados a detentos em sites especializados ou em plataformas de compra e venda de produtos usados.

Continua após a publicidade

Muitos consideram estes dispositivos com alto valor pelo visual exclusivo e destino de uso muito pouco tradicional, sendo cobiçados não apenas por colecionadores como também por entusiastas.

Apple e Nintendo são as verdadeiras "culpadas"

Eventualmente a indústria começou entender que usuários buscavam visual diferenciado para seus equipamentos e que os consumidores estavam interessados em versões transparentes. Exemplos clássicos incluem consoles como o Nintendo 64 de 1996 e o Nintendo Gameboy Color de 1998, além do igualmente icônico iMac G3 — responsável por salvar a Apple da falência —, lançado no mesmo ano.

Continua após a publicidade

Pouco depois foi vista uma febre de vários outros tipos de produtos transparentes, com controles para o PS2, rádios FM "genéricos" com lanterna, minigames com "1001 jogos", MP3 players e muito mais inundando as prateleiras, especialmente nos famosos "mercados populares".

Após a drástica queda de popularidade dos eletrônicos com plástico translúcido entre meados dos anos 2000 até a década de 2010, temos visto um interesse crescente pelo retorno de equipamentos com este tipo de acabamento nos últimos anos.

Marcas chinesas como a Xiaomi e a Nubia também investiram em celulares com tampa traseira translúcida, como o Mi 9 de 2019 e o mais recente Red Magic 9 de 2023. De tempos em tempos a Microsoftapresenta versões transparentes de seu controle Xbox. Até a Apple entrou na onda ao apresentar o Beats Studio Buds Plus com acabamento diferenciado.

Mas uma fabricante se destaca entre as concorrentes ao abraçar a estética transparente: a Nothing.

Continua após a publicidade

Nothing aposta alto em produtos transparentes

Criada pelo ex-CEO da OnePlus Carl Pei, a Nothing tem como objetivo se diferenciar dos principais competidores ao oferecer dispositivos com grande apelo visual. E isso acontece majoritariamente pelo design translúcido de seus produtos e acessórios.

O Nothing Ear (1) foi o primeiro dispositivo da marca. Lançado em 2021, o fone de ouvido chamou atenção ao oferecer corpo transparente com trabalho preciso de engenharia interna encaixar as peças de forma cuidadosa e evitar que o produto fosse apenas transparente, sendo também visualmente bonito.

Continua após a publicidade

No ano seguinte a empresa anunciou seu primeiro celular, o Phone (1). Adotando os mesmos princípios, o aparelho manteve a identidade visual da marca com tampa traseira de vidro transparente e painéis alinhados e sobrepostos para alcançar o estilo da fabricante.

A estratégia da marca tem dado certo e, à medida que sua base de usuários aumenta a cada ano, a Nothing refina o design a cada novo lançamento, incluindo até cabo USB-C com conectores transparentes. O mais recente Nothing Phone (2a) estreou como um dos smartphones intermediários mais chamativos de 2024 graças ao seu visual.

Ao longo das décadas, as tendências da moda vêm e vão. Isso diz respeito não apenas ao que vestimos, mas também ao que usamos no dia a dia.

Continua após a publicidade

Dessa forma, não é impossível pensar que uma nova onda de produtos eletrônicos transparentes chegue com força total nos próximos anos e permaneça até que a novidade deixe de ser novidade.

Com a crescente onda de produtos de consumo ganhando versões transparentes e translúcidas nos últimos anos, é possível considerar de que essa era pode já estar começando. E sim, tudo de certa forma começou com o objetivo de permitir acesso a entretenimento aos detentos nos Estados Unidos.

Fonte: TechmoanFast CompanyThe Verge