Review ROG Zephyrus G16 | Notebook gamer fino, elegante, com IA e tela OLED
Por Felipe Vidal • Editado por Jones Oliveira |
2024 é o ano de fortes investimentos da ASUS no Brasil. A companhia taiwanesa não poupou esforços para trazer a divisão em ROG ao país nos últimos meses, incluindo versões topo de linha dos seus mais renomados notebooks. Agora, é a vez do ROG Zephyrus G16 ocupar uma posição de destaque no ranking, já que chega como o primeiro notebook gamer com IA integrada no processador vendido no Brasil.
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O ROG Zephyrus G16 é um notebook que abusa do seu design fabuloso, ao passo que conta com uma construção fina e componentes premium, como um Intel Core Ultra 9 185H e uma RTX 4080 — mesmo que com ressalvas. Eu testei esse notebook por algumas semanas e conta tudo nesta análise do Canaltech.
Design e construção
É difícil não começar essa análise sem tecer elogios pertinentes ao visual do ROG Zephyrus G16. O modelo sai da pegada gamer super expositiva do seu antecessor para algo mais refinado, que agradará tanto os jogadores aficionados, quanto profissionais que precisam de uma máquina robusta.
O chassi prateado é feito integralmente de alumínio usinado em CNC, que somado às bordas sutis da tela e os cortes rasos da região do teclado, cria uma combinação bem sofisticada. Esse conjunto justifica sua posição premium e passa muita credibilidade durante o uso, já que não dá muitos sinais de fragilidade, nem manchas de dedos ou arranhões.
Claro que nem tudo é perfeito, uma vez que notei certas deficiências na dobradiça desse notebook. Ao abrir e fechar pude notar um som de estalo regular, que embora não tenha gerado nenhum problema, passa um sinal de alerta. Fora isso, é um laptop bem íntegro e resistente, que me acompanhou sem problemas durante uma viagem a Taiwan para cobrir a Computex 2024.
A tampa conta com a nova faixa luminosa Slash Lighting, que pode ser totalmente customizada e usada para exibir notificações. Fora isso, não há excessos de RGB no ROG Zephyrus G16, ideal para quem prefere produtos mais contidos.
No quesito portabilidade, o Zephyrus G16 se sai bem. Por mais que tenha uma tela de 16 polegadas, ele coube em uma mochila padrão sem dificuldades. Seu peso de apenas 1,95 kg e a espessura máxima de 1,49 cm contribuem para o laptop ser fácil de carregar. Em minha viagem para o continente asiático, o G16 esteve nas minhas costas por quase todo o tempo e surpreende.
Especificações técnicas
Com seu design audaz, o ROG Zephyrus G16 tem surpresas formidáveis em seu interior. O destaque é o processador, que fica a cargo do Intel Core Ultra 9 185H com uma NPU (Unidade de Processamento Neural) integrada. Isso torna o dispositivo o primeiro notebook gamer do Brasil a ser lançado com IA no processador.
- Processador: Intel Core Ultra 9 185H (16 núcleos e 22 threads);
- Memória RAM: 32 GB (2x16) LPDDR5X-7467 Mhz;
- Armazenamento: SSD NVMe M.2 de 2 TB com mais uma porta M.2;
- Placa de vídeo: Nvidia GeForce RTX 4080 12 GB a 115 W;
- Webcam: FHD (1080p);
- Sistema operacional:Windows 11 Pro.
Por outro lado, há uma GeForce RTX 4080 com TDP (Thermal Design Power) de 115 W, que por si só já tem seus núcleos de IA bem superiores ao do processador. O sistema é reunido com 32 GB de RAM LPDDR5X e um baita SSD NVMe de 2 TB.
O fato desse notebook ter IA no processador torna essa análise muito interessante, já que é a primeira vez que testamos uma CPU desse tipo. Contudo, como veremos nos testes práticos, a realidade ao ter uma RTX 4080 no sistema ofusca qualquer processador ou IA embutida.
Mesmo assim, a própria RTX 4080 tem seus segredos escondidos. A versão mais potente dessa GPU opera entre 150 W a 175 W, dependendo das configurações da fabricante. O modelo encontrado no Zephyrus 2024 trabalha a 115 W em carga máxima. Isso coloca a placa de vídeo em igualdade com uma RTX 4070 e acaba não fazendo jus ao peso que a nomenclatura “RTX 4080” entrega.
Tela
A ASUS é conhecida por desenvolver boas telas para seus notebooks intermediários e topo de linha, e sem nenhuma surpresa, a tela do ROG Zephyrus G16 é simplesmente fenomenal. O tamanho de 16 polegadas no formato 16:10 encaixa muito bem no aparelho, que usa um painel bem brilhante para mostrar suas imagens.
Para este painel, a companhia usa a tecnologia OLED em Quad HD (2.560x1440) com 100% de precisão na cobertura da gama de cores DCI-P3, com certificação de cores Delta E< 1 e VESA HDR True Black 500. Essa combinação entrega um resultado excelente, que só fica atrás do incrível ROG Strix Scar 18 testado há alguns meses.
Para os gamers, essa tela ainda trabalha com taxa de atualização de 240 Hz e tempo de resposta de 0,2ms. O conjunto da obra fica mais interessante ao adicionar tecnologias como o NVIDIA G-SYNC, Dolby Vision HDR e validação de cores Pantone.
Seja para jogar ou assistir filmes, a tela do ROG Zephyrus G16 satisfaz todos os usuários. É uma experiência praticamente perfeita, embora muito cara, mas que vale o investimento e combina com toda a pegada lapidada desse notebook.
- Tamanho da tela: 16 polegadas
- Painel: OLED
- Resolução: Quad HD (2.560x1.600)
- Taxa de atualização: 240 Hz
- Tempo de resposta: 0,2ms
- Recursos extras: 100% do DCI-P3, validação Pantone, NVIDIA G-SYNC, MUX Switch + NVIDIA Advanced Optimus e Dolby Vision HDR
Teclado e touchpad
Teclados geralmente não estão entre as minhas partes favoritas de um notebook, mas o teclado do ROG Zephyrus G16 passa no teste. O modelo trabalha em um layout ABNT2 com a presença do cedilha e é bem confortável para digitação com suas teclas de perfil baixo.
Como já era esperado, esse conjunto abriga retroiluminação RGB customizável, que dá um toque luminoso bem bonito para a carcaça. No meu uso diário gostei de usar cores que contrastavam mais com a pintura prateada do chassi, como o branco e amarelo. Assim como em outros modelos da ROG, esse notebook tem quatro teclas macro na parte superior para controle de volume, microfone e os padrões de cor AURA.
O touchpad é outro que se destaca no notebook ao ter um tamanho bem considerável e conta com um acabamento bem discreto. Eu não gosto de touchpads, mas esse é um dos poucos que realmente funciona bem e proporciona uma ampla área para realizar os movimentos com os dedos.
Conectividade
Já no quesito das conexões, o ROG Zephyrus G16 é um laptop gamer bem servido. Na parte esquerda há a conexão de energia, um HDMI 2.1, um USB Tipo-A 3.2 e um USB Tipo-C com Thunderbolt e Power Delivery, e jack para fone/microfone. Já a lateral direita tem mais dois USB, tanto do tipo A quanto C com as mesmas configurações, e uma porta para cartão SD
Sobre redes e comunicação deste dispositivo, a ASUS inseriu um controlador para Wi-Fi 6E e Bluetooth 5.2. No mais, essas configurações são bem competentes e estão no padrão da indústria, mas pelo preço acentuado talvez fosse bom inserir pelo menos mais um USB Tipo-C do lado direito.
Bateria
Por mais que o ROG Zephyrus G16 tenha uma RTX 4080 e um Core Ultra 9 debaixo do capô, a autonomia energética desse notebook surpreende muito. Pude usar o Zephyrus durante uma manhã inteira de conferências, anotações e gravação de áudio sem problemas, fazendo jus ao que sua bateria de 90 Whr propõe.
Em casa, o uso diário se mantém bem parecido, com duração máxima entre 6 e 7 horas. Vale ressaltar que essas estimativas variam muito conforme usuário, especificações e brilho de tela — que em meu caso quase sempre fica em 60% ou menos.
Ne tentativa de mensurar esses dados, rodamos o teste de bateria do UL Procyon. Esse benchmark roda o Pacote Office completo em situações de produtividade e pôde aguentar 454 horas de carga, ou seja, o melhor valor encontrado em nossos testes até agora.
Temperatura
O ROG Zephyrus G16 é um notebook gamer bem fino, logo causa muitas dúvidas sobre o aquecimento interno de seus componentes. A preocupação não é por menos, já que a RTX 4080 é conhecida por ser esquentadinha e os Intel Core Ultra ainda são um certo mistério nesse aspecto.
Os testes realizados pelo Time Spy Extreme Stress Test mostraram temperaturas máximas de 82 °C para o Intel Core Ultra 9 185H e temperaturas em idle de 59 °C. O primeiro valor é surpreendentemente positivo e demonstra que a ASUS teve um bom projeto interno nesse produto, uma vez que modelos com maior espaço interno podem suportar temperaturas ainda mais elevadas.
Contudo, a temperatura em modo ocioso preocupa. Na verdade, senti o notebook esquentadinho durante meu uso padrão, com poucas abas de navegador aberto e somente um ou outro aplicativo em segundo plano. Não sei até onde isso é parte do projeto de arrefecimento da ASUS, ou o chip esquentado da Intel em ação — possivelmente a união destes dois fatores.
A placa de vídeo opera de maneira bem parecida com a CPU, embora com temperaturas mais baixas. A RTX 4080 tem máxima de 79 °C em full load e mínima de 55 °C quando em modo ocioso.
Felizmente, a espessura compacta do ROG Zephyrus G16 não traz complicações excessivas ao uso, apenas um quentinho em modo ocioso. Inclusive, não encontrei indícios de thermal throttling em quaisquer componentes.
Benchmarks
Finalizando todos os aspectos do ROG Zephyrus G16, chegou a hora de ver o que essa máquina encara. Testei o notebook em benchmarks de produtividade, criação de conteúdo, uso profissional e games.
Produtividade
Iniciando a bateria de testes na categoria de produtividade, usei o Procyon focado em rodar diversos programas do Pacote Office simultaneamente. Porém, antes de entrar nos benchmarks, minha experiência pessoal foi excelente e sem problemas, como travadas, engasgos ou eventuais questões que podem atrapalhar o uso.
Passando realmente para o Procyon, o resultado é até que bem decepcionante. Neste teste, o Zephyrus marca apenas 6.822 pontos e fica até mesmo atrás do Lenovo Slim 5i com especificações inferiores. De um ponto de vista analítico, isso pode significar que o modelo da Lenovo foi mais estável no teste, mas não necessariamente que ele é melhor.
No fim das contas, esses testes são muito mais um parâmetro para podermos sistematizar o desempenho desses modelos, do que um indicar se X é melhor que Y. Por exemplo, o Zephyrus G16 supera boa parte da concorrência no Geekbench 6 em testes single e multi-core, que simulam situações de renderização de PDF, descompressão, navegação, etc.
Criação de conteúdo
Por mais que seja vendido como um notebook gamer em sua essência, eu considero o ROG Zephyrus G16 como a perfeita definição de um produto multifacetado para diversos usuários. Sua estética limpa, somada ao bom leque de conexões e a tela excelente tornam esse produto também ideal para profissionais do ramo audiovisual.
Meus testes, usando novamente o Procyon, mas dessa vez em conjunto com o Adobe Photoshop, Premier Pro e Lightroom Classic, provam isso. O modelo fica apenas 4% atrás do seu principal concorrente, o Alienware m16 nos testes de edição de vídeo e imagem, enquanto o ROG Strix Scar 18 abre uma vantagem muito considerável.
Profissional
Partindo para os testes com maior carga de complexidade em nossa bateria, chegou o momento de falar das aplicações profissionais. Esse é outro nicho onde o Zephyrus G16 pode se sair bem, justamente pela portabilidade, qualidade de tela e suas especificações avançadas.
Para entender melhor sobre esses dados, começamos com a Blender, que em todos os três testes coloca o Zephyrus G16 na segunda posição isolada no gráfico. Esse fenômeno se repete em todos os testes do V-Ray e no Cinebench 2024 em multi-core, mostrando que o notebook tem muita potência para encarar ciclos de trabalho que envolvem modelagem 3D.
Já os benchmarks do Specviewperf têm algumas mudanças, mas nada tão substancial assim. Por exemplo, tanto o Solidworks, quanto o Maya e o 3DSMax atingem pontuações bem altas. A exceção é o Creo, que lida melhor com outros componentes.
Em todos esses testes o desempenho do ROG Zephyrus G16 foi esperado e casa com as expectativas criadas tanto pela Intel, por conta do processador, quanto da ASUS, pelo projeto apresentado. Isso reforça, mais uma vez, o quão eclético esse notebook pode ser nas mãos de usuários com diferentes usos e demandas.
Games
Nossa sessão de testes com o ROG Zephyrus G16 rodou 9 títulos tanto em Full HD, para estressar bem o processador; quanto em QHD, para colocar a RTX 4080 em sua prova de fogo. Os games foram testados em suas configurações mínimas e máximas e em QHD pudemos testar tecnologias de upscaling, como DLSS, FSR e XeSS.
Full HD
Assim como ocorreu em outros testes, o ROG Zephyrus G16 e suas configurações parrudas são boas até demais para a resolução 1080p. Como os testes abaixo mostram, o modelo chega a ficar abaixo de alguns concorrentes menores parrudos, algo que para muitos pode ser uma decepcionante surpresa.
Os valores máximos em configurações mínimas são inferiores a modelos com placas menos potentes, como a RTX 4060. Um bom exemplo disso é Cyberpunk 2077 com uma diferença de 25 FPS, assim como há disparidades em Forza Horizon 5. Por se tratar de testes em configuração mínima, pouco importa, mas é bom considerar isso.
Quad HD
Em contrapartida, a resolução 1440p se dá muito melhor com o ROG Zephyrus G16. A razão para isso é bem clara, uma vez que esse notebook foi exatamente projetado para esse propósito e ocupa uma posição de destaque em nossos testes.
Em games complexos, como Cyberpunk 2077 e Alan Wake 2, o notebook da ASUS possui desempenho entre 40 a 50 FPS com qualidade máxima. Esse número flutua entre outros títulos mais leves, mas essa performance combina com a RTX 4080 de TDP reduzido, que ainda fica bem atrás da potente RTX 4090.
A taxa de quadros é suficiente para ter uma jogatina estável, principalmente ao desabilitar alguns filtros ou configurações menos impactantes para alcançar os 60 FPS. Contudo, ativar técnicas de upscaling também pode ser uma solução bem promissora.
Habilitar recursos como o DLSS, FSR e o XeSS traz saltos de performance relevantes entre 20 e 90%. Red Dead Redemption 2 e Alan Wake 2 são casos clássicos dessa tecnologia, que dão aquela forcinha extra para os jogadores.
Mesmo assim, reitero novamente o caráter secundário da RTX 4080. Com seu TDP reduzido, a GPU se transforma em uma RTX 4070, algo muito bem evidenciado com nossos testes bem próximos ao desempenho do Alienware m16 com esta mesma placa.
Para um notebook gamer de mais de R$ 25.000, os testes práticos em games têm uma recepção morna. Os resultados não são ruins, mas se tornam inferiores em relação ao que foi gerado de expectativa e ao que o ROG Zephyrus G16 tem de especificações no papel.
Inteligência artificial
Normalmente os testes de IA são comentados junto aos benchmarks profissionais. Porém, considerando que esse é o primeiro notebook que testamos com um Intel Core Ultra, especialmente o Ultra 9 185H, vale a pena comentar desse tópico separadamente.
E minha percepção sobre a NPU integrado ao processador é bem decepcionante. No uso diário para utilizar ferramentas de IA de softwares de videoconferência, como o Zoom e Teams, ou até mesmo o Adobe Photoshop, senti pouca diferença. Para ser justo, a realização e aplicação de atividades é mais rápida, mas ainda não parece justificar todo esse apelo da indústria.
Em nossos testes com o UL Procyon, focado no OpenVino para componentes da Intel, o Ultra 9 185H fica bem atrás da sua contraparte dos desktops. O Intel Core i5-14900K alavanca 74% de desempenho em relação ao 185H, enquanto uma Intel Arc A770 tem saltos tem 169%.
No fim do dia, um notebook com placa de vídeo RTX já passa tranquilamente um processador com IA. Isso é algo que já comprovamos em uma matéria especial sobre IA e reforça o quanto a tecnologia ainda precisava avançar nas NPUs de processadores.
Concorrentes diretos
O ROG Zephyrus G16 é um notebook gamer caro, que custa cerca de R$ 26.000 na loja oficial da ASUS. Juntando um pouco mais e investindo na casa dos R$ 32.000, é possível comprar o ROG Strix Scar 18 com uma RTX 4090 caso você queira desempenho máximo, mas terá que abdicar da portabilidade.
A segunda opção é investir no Alienware m16 regular ou sua nova variante, o Alienware m16 R2, que ainda não tive a oportunidade de testar. O modelo também acompanha processador Intel Core Ultra 9 185H e uma RTX 4070, além de um design mais sóbrio, ficando próximo do Zephyrus. O preço pende para o Alienware, que custa R$ 16.268,00 no site oficial da Dell.
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Vale a pena comprar o ROG Zephyrus G16?
O ROG Zephyrus G16 é um laptop que vale a pena para quem quer um notebook gamer com excelente design, uma tela praticamente perfeita e boa portabilidade. O modelo também é um dos primeiros do Brasil a ter processador Intel Core Ultra com IA integrada, além de uma GeForce RTX 4080.
Porém, o ROG Zephyrus G16 não vale a pena para quem quer um notebook desempenho máximo nos games. Esse é um produto potente, mas que fica abaixo das expectativas em nossos benchmarks. O preço altíssimo também dificulta a indicação, tornando o aparelho bem nichado para um público com bastante dinheiro na carteira.
Apesar dos problemas, o ROG Zephyrus G16 é uma combinação de características fenomenal. O notebook é imperfeito, mas é inegável ser uma peça de hardware bem distinta e moderna para o nosso mercado.