Chrome deve limitar bloqueadores de anúncios a partir de 2023
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |

O Google pode lançar seu renovado sistema de extensões do Chrome em 2023. A afirmação foi dada pela empresa em uma postagem no blog oficial, que contém uma nova linha do tempo para a transição para o Manifest V3.
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O Manifest V3 é uma atualização que permitirá um aprimoramento dos utilitários e complementos, mas tornou-se polêmica devido à suposta redução da eficácia dos bloqueadores de anúncios. O Google nega a restrição e diz que o ajuste é para proteger a privacidade e dar mais segurança para o usuário, mas muita gente aponta benefício próprio — já que o Google Ads e o YouTube Ads são duas fontes de receita fundamentais.
A transição do Manifest V3 já dura cerca de quatro anos e pode estar mais próxima do fim. Com a migração, as extensões antigas executadas no Manifest V2 deixarão de funcionar, caso os desenvolvedores não a atualizem para o formato renovado.
A versão 122 do Chrome, prevista para debutar em janeiro de 2023, deve ser a primeira a iniciar a desativação da versão 2 nos canais Canary, Dev e Beta. Cerca de seis meses depois, em junho de 2023, o Chrome 115 deve realizar os experimentos para suspender de vez o suporte a extensões em todos os canais, incluindo o aplicativo estável.
A migração impactará também a Chrome Web Store, que deixará de aceitar novas extensões do Manifest V2 e ocultará as já existentes. A partir de janeiro de 2024, o Google espera remover todos os utilitários não ajustados para formato renovado.
O que é Manifest V3?
Segundo o Google, o Manifest V3 é uma das mudanças "mais significativas na plataforma de extensões desde o lançamento há uma década". A gigante crê que a plataforma mais limitada pode trazer melhorias de segurança, mais privacidade e melhor desempenho.
O principal gatilho está na forma como o estilo renovado lida com as solicitações de página da web. No Manifest V2, a API WebRequest era usada para inserir cookies no navegador e para carregar arquivos de mídia. Os bloqueadores de anúncios atuavam para interromper a requisição feita pela API, o que impedia a conexão com o servidor para puxar as propagandas.
O Manifest V3 adotou o modelo declarativeNetRequest, cuja mecânica é diferente e reduz a eficácia dos adblocks. A API declarativeNetRequest exige que a extensão informe ao Chrome uma lista de regras a ser analisada, como o script programado para barrar o anúncio de determinado site. Em razão disso, o navegador decide se segue ou não a diretriz da extensão — no caso dos anúncios, o algoritmo passa a decidir se aceita o bloqueio da propaganda.
Os utilitários ainda poderão criar listas de bloqueio de anúncios, porém devem ser limitadas a 30 mil entradas, número correspondente a 10% do valor atual (300 mil regras). Além disso, como a decisão fica nas mãos do navegador, o Google pode simplesmente configurá-lo para executar as propagandas desejadas.
Manifest V3 é mais seguro?
Até o momento, as empresas prejudicadas alegam não haver medida de segurança sólidas na migração. A acusação ao Google seria de agir para proteger seu modelo de negócios apenas, sem atuar contra extensões maliciosas. Isso porque o V3 apenas impediria o bloqueio dos dados, mas não faria uma inspeção mais cautelosa.
Por outro lado, o Google segue trabalhando em seu novo modelo de cookies otimizados de rastreamento. O polêmico FLoC (Federated Learning of Cohorts) deu lugar a API Topics, ferramenta que permitirá identificar o perfil de consumo do usuário sem precisar de processamento na nuvem.
Vários desenvolvedores seguem trabalhando em melhorias para suas extensões na sandbox do Manifest V3. Por enquanto, muitos ainda não encontraram brechas para explorar, bloqueando as propagandas para evitar o desagrado do usuário.
Não há como saber qual será o impacto do modelo atualizado de extensões do Chrome até a sua efetiva implantação. Fato é que o futuro disso deve impactar consideravelmente os navegadores baseados no Chromium, como o Edge, o Opera e o Brave.