Por que a Samsung vendeu fábricas de LCDs para a TCL por US$ 1 bilhão?
Por Rubens Eishima | 31 de Agosto de 2020 às 14h00
Em processo de retirada da China há alguns anos, a Samsung vendeu duas fábricas de telas LCD no país para a CSOT — subsidiária da chinesa TCL. A venda, com valor estimado em um bilhão de dólares (cerca de R$ 5,5 bilhões), marca também mais um passo da empresa fora da produção do componente, em um processo cogitado para terminar já em 2020.
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O negócio envolveu a venda de 100% da fábrica SSM (Suzhou Samsung Display Manufacturing), além de 60% da SSL (Suzhou Samsung LCD Technology), em controle dos sul-coreanos. Os demais 40% da SSL pertencem ao governo local da cidade chinesa (30%) e à própria TCL (10%).
Parte do valor da venda foi usado pela Samsung para adquirir 12,33% da CSOT, fazendo dela a segunda maior acionista da fabricante de telas LCD e OLED, atrás apenas dos 80,28% detidos pela TCL.
A aquisição da TCL deve consolidar sua subsidiária CSOT (China Star) como a segunda principal fabricante global de painéis LCD, atrás apenas da também chinesa BOE.
Mercado em transição
Apesar de ainda utilizar bastante as telas LCD em seus televisores — tanto em modelos com painéis IPS ou VA quanto nos modelos premium com uma camada de pontos quânticos e batizados de “QLED” —, a Samsung Electronics há alguns anos passou a adquirir o componente de outras empresas, atraída pelos baixos preços cobrados pelas concorrentes chinesas e até da rival caseira LG.
Além disso, a empresa se prepara para adotar outras tecnologias nas telas grandes, como os painéis OLED com camada de pontos quânticos — as QD-OLED — ou as microLEDs.
Curiosamente, TCL e Samsung são rivais ferrenhas no segmento de TVs, no qual dividem os dois primeiros lugares, segundo dados da consultoria Display Supply Chain. A TCL é responsável por aparelhos de marcas variadas — como a Semp (Brasil) e Thomson (Europa) — e recentemente ultrapassou a LG em número de aparelhos vendidos.
Celulares também em mudança
A transição do LCD para outros tipos de painéis pode ser vista também no mercado de celulares, no qual a tecnologia respondia por cerca de 75% do segmento em 2016, recuando para aproximadamente 60% em 2019, de acordo com dados da consultoria DSCC.
A mudança se deve a alguns fatores, como a adoção de painéis OLED pela Apple — a partir do iPhone X, em 2017 —, que levou a uma adoção em massa do componente pelas fabricantes chinesas em 2019, ano em que houve um aumento de 46% no uso de telas OLED por marcas que não a Apple ou Samsung.
E a tendência não parece ter prazo para desacelerar, com ainda mais modelos chineses e sul-coreanos adotando OLEDs, inclusive em aparelhos voltados para o segmento intermediário. Para ilustrar, dados da consultoria CounterPoint indicam que o mercado de smartphones com telas AMOLED deve crescer mais de 40% neste ano. Tudo isso indica que o movimento da Samsung foi feito em um momento bem apropriado.
Fonte: Business Korea, The Elec, Korea Herald