Qual é o lugar mais radioativo do mundo?
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Ao contrário do que muita gente pensa, o lugar mais radioativo do mundo não é Chernobyl — embora esse tenha sido um dos piores acidentes nucleares da história da humanidade. Hoje, os maiores níveis de radiação nocivos ao corpo humano e ao meio ambiente são encontrados na cidade de Fukushima, no nordeste do Japão.
O desastre nuclear em Fukushima, no entanto, não foi diretamente provocado por falha humana — como aconteceu em Chernobyl, ao norte da Ucrânia, em abril de 1986 —, mas pelo colapso de três dos seis reatores nucleares após um violento tsunami atingir a região em 2011.
Anos após o acidente, Fukushima (e boa parte das áreas ao seu redor) apresenta níveis de radiação no solo mais altos do que os medidos em Chernobyl, onde até mesmo a água subterrânea está contaminada.
Conheça o lugar mais radioativo do mundo
O desastre nuclear de Fukushima, em 11 de março de 2011, ocorreu após um terremoto de magnitude 9 abalar o Japão. Um resultado direto do fenômeno foi um tremendo maremoto que atingiu e destruiu muitas cidades do Japão.
O maremoto atingiu a Central Nuclear de Fukushima 1, levando ao colapso da unidade. Teoricamente, os reatores deveriam desligar no caso de algum desastre natural, mas, obviamente, isso não passou de um dado teórico.
Três dos seis reatores nucleares da usina derreteram, passando a liberar grandes quantidade de material radioativo — tornando-se o pior acidente nuclear desde Chernobyl. Segundo a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, definida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEIA), Fukushima atingiu o nível 7 — o mais alto da escala de perigo.
Atualmente, a radiação superficial em Chernobyl apresenta baixos níveis que não ameaçam mais o meio ambiente, embora alguns elementos radioativos, como o césio, tenham empregado o subsolo. No entanto, em Fukushima os níveis de radiação ainda são altos.
A explosão dos reatores de Fukushima liberou elementos radioativos como o césio-137 e césio-134. Mas foi um derramamento radioativo, próximo à piscina de armazenamento de águas residuais contaminadas, que espalhou a radiação ao pela região, alcançando a costa do Japão no Oceano Pacífico.
Radiação e consequências do acidente em Fukushima
O acidente nuclear em Fukushima espalhou partículas radioativas por mais de mil quilômetros quadrados, levando à evacuação de mais de 160 mil moradores que abandonaram suas casas às pressas.
Estima-se que até 80% da radiação liberada pelo acidente tenha sido levada à costa do Japão pela ação de ventos e chuvas. Mas os níveis de radiação nas zonas de exclusão e evacuação variam de 5 a 100 vezes a concentração máxima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em algumas zonas de exclusão, permanente fechadas devido à radiação, os níveis médios de radiação atingem até 4,0 microsievert. Para efeitos de comparação, se uma pessoa ficasse exposta a esse nível por oito horas durante um ano, seria algo equivalente a mais de 100 radiografias.
Apesar da extensão do material radioativo, a catástrofe registrou apenas uma morte diretamente racionada a ele, mas o maremoto que atingiu a região matou cerca de 1.600 pessoas. Mesmo com o trabalho contínuo de descontaminação, frenquentemente a água contaminada da usina apresenta vazamentos.
Ainda assim, levará de 30 a 40 anos — a contar pela data do acidente — para que toda a área afetada ao redor da usina seja descontaminada a níveis abaixo do recomendado pela OMS. Em parte, porque o governo japonês enfrenta dificuldades em modernizar seus sistemas de proteção.
Toda região segue sob monitoramento, mas o Japão não é muito transparente quanto à real gravidade da usina. A TEPCO, distribuidora de energia japonesa, alegou que conseguiria manter a água contaminada limitada ao local, mas depois admitiu que provavelmente parte dessa água estaria chegando ao Oceano Pacífico.
Parte da população foi liberada a voltar às suas casas após os níveis de radiação terem caído, mas somente nos condados mais distantes de Fukushima. Infelizmente, os trabalhadores da usina seguem expostos à radiação nociva do local, em níveis que permanecem altos.
Fonte: The Guardian, World Nuclear Association, National Geographic, WorldAtlas