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O que é lixo radioativo e qual é o seu destino?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Dirk Rabe/Pixabay
Dirk Rabe/Pixabay

É chamado de lixo radioativo, ou lixo nuclear, todo material residual que possui elementos químicos radioativos em sua composição, send obtido ao final de processos que ocorrem em hospitais, usinas nucleares ou em centros de pesquisas. O resíduo é o resultado de atividades realizadas com elementos radioativos como o urânio, e que oferece riscos à saúde humana e à natureza como um todo. Por conta do seu nível de perigo, o destino do lixo radioativo é regulado por organizações governamentais para garantir seu descarte correto.

Mesmo em quantidades pequenas, a exposição ao lixo radioativo pode acarretar muitos problemas, como o desenvolvimento de cânceres e até mesmo levando à morte. Todo tipo de lixo deve ser descartado corretamente, mas o radioativo demanda uma maior atenção e cuidado. Por isso, algumas medidas são tomadas para garantir o descarte eficiente e seguro desse material, sem colocar em risco o meio ambiente e as muitas formas de vida. Embora cada país tenha suas regras para lidar com esse problema, a Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA) estabelece alguns parâmetros que tendem a ser seguidos por diversas nações.

O lixo radioativo o seu destino

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Classificação e descarte

Antes de decidir qual o destino desse material, é importante entender por meio de quais processos ele pode se formar. Boa parte do lixo radioativo é produzido em usinas nucleares, com do urânio que sobra dessa atividade, mas também é encontrado em hospitais e clínicas, como parte de equipamentos utilizados para o tratamento de radioterapia.

Além disso, quando se trata de um lixo altamente perigoso, é necessário que exista um sistema de manutenção e fiscalização quanto à manipulação e o seu uso. Vale lembrar que o acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, que aconteceu em abril de 1986, foi causado por uma sobrecarga durante testes de capacidade.

O destino do resíduo radioativo dependerá da sua classificação, que pode ser definida como alta, média ou baixa radioatividade. Os lixos que apresentam média e baixa radioatividade são confinados em superfícies destinadas a essa finalidade ou, então, armazenados em grandes depósitos em instalações subterrâneas de baixa profundidade, normalmente localizadas em institutos energéticos.

Já o lixo de alta periculosidade exige um sistema de gerência que garanta seu embalamento e confinamento durante longos períodos — alguns materiais podem ter um tempo de vida radioativa de milhares de anos, embora este nível decaia com o passar do tempo. Para isso, o resíduo é armazenado em piscinas de resfriamento cercadas por uma espessa camada de aço, chumbo e concreto.

Danos que o lixo radioativo pode causar

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Quando acidentes envolvendo lixo radioativo acontecem, os danos podem ser diversos e graves. Uma vez que o corpo humano entra em contato com esse material, a radiação forma uma quantidade significativa de radicais livres e com isso, as células saudáveis começam a morrer. Entre os principais danos que podem ocorrer, estão coisas como anemia, catarata, leucemia, hemorragia, problemas circulatórios e respiratórios.

Uma vez na natureza, os danos se estendem por todo o ecossistema, pois contaminam fauna e flora, e isso afeta diretamente, por exemplo, a cadeia alimentar dos seres vivos daquela localidade. Como ainda não existe uma maneira de remover essa contaminação, a única alternativa é isolar totalmente a área — como foi feito em Chernobyl.

Acidente do césio-137 em Goiânia

Em setembro de 1987, a cidade de Goiânia, capital de Goiás, precisou lidar com um grave acidente envolvendo um material radioativo, o césio-137 (ou 137Cs). O elemento, utilizado em aparelhos de radioterapia, foi indevidamente manipulado pelo então Instituto Goiano de Radioterapia, ao vender um equipamento para um depósito de ferro-velho. Na natureza, o césio-137 leva 30 anos até reduzir seu nível de contaminação radioativa.

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Por conta do chumbo presente no aparelho, o material do instituto de radioterapia (de relativo valor financeiro e que também continha o césio-137) foi repassado para mais outros dois depósitos. Além disso, fragmentos do material radioativo foram distribuídos entre parentes e amigos. Com a violação do equipamento, resíduos radioativos foram espalhados pelo ambiente na forma de um pó azul brilhante. Aliás, muitas pessoas manipularam o material justamente atraídas pelo brilho curioso, mas sem suspeitar que aquele elemento colocava em risco suas próprias vidas.

Então um plano de emergência foi liderado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), além de outras instituições locais, nacionais e internacionais que foram incorporadas ou auxiliaram ao que ficou conhecido como Operação Césio-137. A partir disso, foram identificados e isolados sete focos principais de contaminação. Ao todo, 112.800 pessoas foram monitoradas, dentre as quais 249 apresentaram algum tipo de contaminação — 120 pessoas desse grupo só tinham suas roupas contaminadas.

Cerca de cinco semanas após o incidente, quatro pessoas vieram a óbito, pois desenvolveram, em maior ou menor intensidade, a Síndrome Cutânea Aguda — duas mortes em decorrência de hemorragia e outras duas por infecção generalizada.

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O que aprendemos com isso

O Acidente Radiológico de Goiânia, como ficou conhecido, ocorreu pouco mais de um ano após a explosão da usina nuclear de Chernobyl, e mesmo a repercussão global desta tragédia não foi suficiente para que o material radioativo de Goiânia fosse devidamente descartado naquela ocasião.

Hoje, todo resíduo radioativo desse material coletado, na ocasião, encontra-se na cidade de Abadias, em Goiás, especificamente no Centro de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, instalado pela CNEN.

Talvez o maior aprendizado após esse acidente tenha sido a necessidade de lidar com esses materiais de maneira responsável — ou seja, qualquer resíduo radioativo deve ser gerenciado de forma a proteger a saúde humana e também minimizar qualquer dano ao meio ambiente.

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Fonte: World Nuclear Association, Césio 137