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Cientistas encontram massa de água esquecida no Atlântico

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Novembro de 2023 às 11h30

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monkeypantz/PxHere/Domínio Público
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Pesquisadores descobriram uma massa de água prevista, mas nunca encontrada antes no meio do oceano Atlântico. O corpo d’água se estende desde a costa do nordeste brasileiro até o Golfo de Guiné, no oeste africano. A misteriosa distribuição aquática recebe o nome de Águas Equatoriais do Atlântico, e, como o nome diz, forma-se ao longo da linha do Equador à medida que as correntes oceânicas misturam corpos d’água separados ao norte e ao sul do oceano.

Até o achado dessa nova massa de água, cientistas já haviam detectado a mistura de águas ao longo do equador nos oceanos Pacífico e Índico, mas nunca no Atlântico, o que levou à crença de que, eventualmente, o fenômeno seria notado na região. O resultado da pesquisa foi publicado no periódico científico Geophysical Research Letters.

Águas perdidas e o oceano

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As características comuns aos três oceanos, na verdade, faziam com que os cientistas considerassem “controverso” que não houvesse uma massa de água equatorial no Atlântico. Com a descoberta, os oceanólogos consideram que a ciência conseguiu completar — ou, ao menos, descrever com maior precisão — os padrões fenomenológicos das massas básicas de água do Oceano Mundial, que junta todos os mares.

Isso acontece porque, embora pareça uma única massa englobando o planeta, a água dos oceanos está longe de ser a mesma em todos os lugares. O oceano é, na verdade, uma enorme colcha de retalhos cheia de camadas e massas interconectadas, misturando-se e dividindo-se novamente por correntes, redemoinhos e mudanças na temperatura e salinidade.

Embora fluvial, o exemplo do encontro dos rios Negro e Solimões mostra bem como massas de água do mesmo local não são a mesma coisa até se misturarem. Cada massa aquática tem características próprias, e cada corpo d’água compartilha uma geografia, histórico de formação e propriedades físicas comuns, como densidade e isótopos dissolvidos de oxigênio, nitrato e fosfato.

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Para distinguir cada corpo de água, os oceanógrafos catalogam a relação entre temperatura e salinidade pelo oceano, duas medidas que, combinadas, mostram a densidade da água do mar. Essa medição resultou, em 1942, na descoberta de águas equatoriais nos oceanos Pacífico e Índico, que se formam com a mistura de águas no norte e sul dos locais.

Ambos os corpos d’água possuem temperatura e salinidade que se curvam ao longo das linhas de densidade constante, facilmente diferenciadas das águas no seu entorno. Até recentemente, isso não havia sido verificado no oceano Atlântico. Para fazer o achado, os cientistas fizeram um pente fino nos dados coletados pelo programa Argo, esforço internacional envolvendo robôs flutuantes que submergem automaticamente e foram espalhados pelos oceanos mundiais.

Segundo eles, é fácil confundir as Águas Equatoriais do Atlântico com as Águas Centrais do Atlântico Sul, então seria necessário obter perfis de temperatura e salinidade bastante densos, cobrindo todo o oceano. Isso melhora o entendimento científico da mistura dos oceanos, vital para o transporte de calor, oxigênio e nutrientes pelo planeta.

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Fonte: Geophysical Research Letters