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Acordo judicial entre Apple e Samsung: entenda o caso e suas implicações

Por| 28 de Junho de 2018 às 14h15

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Acordo judicial entre Apple e Samsung: entenda o caso e suas implicações
Acordo judicial entre Apple e Samsung: entenda o caso e suas implicações
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Uma das batalhas judiciais mais sangrentas entre empresas de tecnologia parece estar rumando, finalmente, para uma conclusão: a juíza Lucy Koh, responsável pela ação na qual se discutia se a Samsung havia ferido as patentes do iPhone da Apple, informou que as empresas chegaram a um acordo, que ainda não teve seus termos divulgados à imprensa.

Entenda o processo

Tudo começou em 2011, quando a Apple abriu um processo alegando que a Samsung teria utilizado várias de suas ideias patenteadas para produzir seus aparelhos, copiando os iPhones. A decisão inicial do tribunal da Califórnia, em 2012, foi condenar a sul-coreana a pagar US$ 1 bilhão pelos danos causados à Maçã. Porém, a Samsung recorreu da decisão liminar, levando o processo à Suprema Corte, onde não só questionava a validade das patentes da Apple, chamando a empresa de “jihadista”, mas também pedia que o valor da multa fosse recalculado. O recurso se arrastou por bastante tempo, resultando numa segunda decisão judicial, liberada em maio de 2018, onde mantinha-se a obrigação da Samsung em indenizar a Apple, mas num valor bastante inferior, de US$ 539 milhões, uma vez que foi decidido que as patentes da Maçã não compreendiam as tecnologias utilizadas no interior dos aparelhos. À época, a Apple comentou que estava satisfeita com o veredicto.

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Um segundo processo, que acontecia concomitantemente a esse, aberto em 2014, versava sobre a quebra, pela Samsung, de três patentes de funcionalidades da Apple, como o mecanismo de deslizamento de toque para o desbloqueio dos aparelhos. Para a abertura dessa ação judicial, as empresas precisaram abrir mão de outras disputas jurídicas em tribunais fora dos EUA. Inicialmente, a Apple pediu indenização de US$ 2,2 bilhões, mas o júri condenou a Samsung a uma multa de US$ 119,6 milhões, de que a sul-coreana recorreu. Os recursos, entretanto, foram negados pelo tribunal e, no final de 2017, a Samsung fez o pagamento em favor à Apple.

Com a conciliação, não fica claro se a Samsung pagará mais algum valor à Apple, se receberá de volta algum montante que já foi pago anteriormente, ou se as empresas se acertaram sem que mais nenhuma troca financeira seja feita. Durante todo o tempo em que o processo correu, a Apple continuou fazendo negócios com a Samsung, comprando seus displays, baterias e memórias, entre outros componentes, para montar seus iPhones, troca comercial que, ao que tudo indica, continuará acontecendo após a conclusão do caso. O fato é que, no presente momento, nenhuma disputa jurídica acontece entre as duas gigantes da tecnologia, seja nos EUA ou em tribunais estrangeiros.

Fazia sentido na época

Em 2011, a batalha fazia sentido. Com o iPhone SE firmando como um desejo de consumo global, todos queriam seguir os passos da Apple e garantir para si a fatia de mercado que estava de olho nas inovações da gigante de Cupertino, mas não podiam desembolsar os altos valores cobrados pelos iPhones. A Samsung vinha crescendo, enquanto outras concorrentes, como a Nokia e a BlackBerry, estavam em declínio. A Apple havia lançado o iPhone 3GS e a Samsung tinha como carro-chefe o Galaxy S i900, que são extremamente semelhantes entre si, como pode ser visto na imagem abaixo:

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Uma razão possível para as duas companhias abrirem mão da disputa nos Tribunais depois de tanto tempo, é que o cenário do mercado de smartphones se alterou consideravelmente nos últimos sete anos: se, em 2011, quando o processo foi aberto, a Apple era referência em inovação de aparelhos e a Samsung era sua principal concorrente, atualmente ambas as empresas possuem produtos diferenciados, voltados para públicos-alvo diversos. De lá para cá, a Apple investiu na criação de modelos de iPhone que abarcassem tanto os consumidores mais exigentes e dispostos a pagar mais por produtos inovadores, como o iPhone X, mas também lançou aparelhos voltados para quem não estava disposto a pagar tanto mas queria consumir os produtos da marca. Já a Samsung desenvolveu uma identidade de design própria com suas bordas arredondadas, além de incluir em seus aparelhos o scanner biométrico de íris, caminhos nunca trilhados pela Maçã. Esses sete anos, além de fornecerem o tempo necessário para que as empresas encontrassem formas diferentes de conquistar seus públicos, também trouxeram uma nova ameaça a ambas: o crescimento das fabricantes de telefones móveis chinesas, como a Huawei, OPPO e Xiaomi.

Em 2012, quando foi publicada a decisão inicial do processo entre as gigantes da tecnologia, condenando a Samsung ao pagamento de US$ 1 bilhão em favor à Apple, a Maçã detinha 19% do mercado de smartphones, enquanto a sul-coreana mantinha 30% das vendas globais, de acordo com levantamento estatístico de responsabilidade da IDC. No primeiro trimestre de 2018, pouco antes do caso jurídico chegar à resolução, a IDC informa que a Apple detinha uma fatia de 16% do mercado, enquanto a Samsung abocanhava 23% do consumo de smartphones. As quedas no marketshare de ambas as empresas se dão, majoritariamente, pela popularização dos aparelhos fabricados pelas concorrentes chinesas.

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Por que parou? Parou por quê?

Para Paul Berghoff, advogado especializado em patentes que acompanhou o caso e deu entrevista à Bloomberg após a conciliação, ambas as empresas estavam cansadas da batalha judicial e, gastando rios de dinheiro em advogados e taxas. Segundo o especialista, talvez nunca saibamos qual das duas companhias tomou a iniciativa para firmar o acordo amigável e extrajudicial.

Já Michael Carrier, professor de direito especializado em propriedades intelectuais, disse à Bloomberg que a forma que as empresas arrastaram por sete anos a disputa jurídica não é uma maneira muito eficiente de resolver os conflitos: “No final do dia, não tenho certeza se a Apple diria que valeu a pena. Foi um litígio caro, que durou anos e não tenho certeza do que eles conquistaram". Tim Cook, CEO da Apple, após a condenação da Samsung, declarou que o caso "sempre foi mais do que sobre dinheiro", defendendo que o embate versava sobre valores morais: "é importante que continuemos a proteger o trabalho duro e a inovação de tantas pessoas na Apple", disse Cook em maio de 2018.

Não é a primeira vez que a Apple termina uma disputa judicial com um acordo amigável entre as partes. Em 2012, a empresa concordou que a HTC fizesse pagamentos trimestrais de royalties a seu favor, desde que a fabricante taiwanesa se comprometesse a não mais se inspirar nos produtos Apple para criar seus smartphones. Em 2014, foi a vez da Maçã entrar em acordo com a Google, após a gigante das buscas comprar a Motorola Mobility e ambos os lados decidirem que o melhor caminho era associar as companhias para trabalharem juntas.

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A Apple está envolvida em outra batalha sangrenta nos tribunais, desta vez com a Qualcomm. A fabricante de chipsets alega que a gigante de Cupertino quebrou diversas de suas patentes, enquanto a Maçã questona a validade dessas propriedades intelectuais, tendo entrado com uma petição desafiando quatro das patentes da Qualcomm na quinta-feira passada (21).

Fonte: The Verge, Bloomberg