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Limite de banda larga: como fica para os "streamers" de vídeo e música?

Por| 14 de Abril de 2016 às 19h12

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Limite de banda larga: como fica para os "streamers" de vídeo e música?
Limite de banda larga: como fica para os "streamers" de vídeo e música?

Algumas das maiores operadoras de internet no Brasil já anunciaram que vão impor franquia de dados aos seus usuários de banda larga fixa. Resumindo, em breve, a internet da sua casa terá limites aos moldes da internet móvel, com redução de velocidade ou até mesmo a suspensão do serviço em caso de consumo total da franquia contratada.

A notícia pegou muita gente de surpresa, com grupos se organizando na internet para tentar barrar a mudança. A questão é que isso é altamente prejudicial ao usuário, especialmente em tempos de serviços cada vez mais oferecidos via internet, como é o caso do streaming de áudio e de vídeo. Se você tem o hábito simples de ver filmes em plataformas como Netflix e Crackle, acompanha canais no YouTube e escuta música no Spotify, Apple Music ou Deezer, saiba que as notícias são péssimas.

Menos filmes (e menos qualidade)

A Vivo anunciou recentemente que vai estruturar seus serviços de banda larga ADSL com franquia de dados da seguinte maneira:

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  • Banda Larga Popular 200 kbps – franquia de 10 GB;
  • Banda Larga Popular 1 e 2 Mbps – franquia de 10 GB;
  • Vivo Internet 4 Mbps – franquia de 50 GB;
  • Vivo Internet 8 e 10 Mbps – franquia de 100 GB;
  • Vivo Internet 15 Mbps – franquia de 120 GB;
  • Vivo Internet 25 Mbps – franquia de 130 GB.

Com isso em mente, vamos imaginar o simples ato de abrir a Netflix para assistir a um filme qualquer. Ver conteúdo em HD na plataforma consome 3 GB por hora (se o conteúdo for em Full HD, o consumo sobre para 7 GB por hora), o que nos leva a uma conta bastante entristecedora: o plano com maior franquia da Vivo garante apenas 43 horas de Netflix por mês — pouco mais de 1 hora por dia.

Lembre-se ainda que, além usar a internet para ver filmes e séries, você provavelmente a utiliza também para outros fins, como jogar, navegar, trabalhar, estudar e por aí vai. E se você divide a internet com outras pessoas, a coisa fica ainda pior: em uma casa com quatro pessoas, cada uma delas poderia ver menos de 11 horas de Netflix durante um mês inteiro (isso, obviamente, se a conexão fosse usada exclusivamente para este serviço de streaming).

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Assistir à Netflix não será uma tarefa fácil com uma internet limitada (Foto: Divulgação/Netflix)

Menos música

Segundo o Spotify, seus usuários passam em média 104 minutos por dia escutando música. Levando em conta que a qualidade do áudio no serviço varia entre 160 kbps e 320 kbps, ouvindo músicas com a qualidade mais inferior possível, teríamos um gasto mensal de aproximadamente 3,75 GB. Mais uma vez, a conta aumenta se você divide a mesma conexão com outras pessoas e é preciso levar em conta que este consumo estará intercalado com diversos outros usos que você dá para a internet.

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Operadoras contra o streaming?

Pode parecer alarmante e sensacionalista afirmar que as teles estão autuando contra o streaming, mas é difícil descolar esta impressão da realidade quando as empresas se movimentam de maneira a limitar a oferta de internet para os seus clientes. Vale lembrar também que não é de hoje que as empresas de telecomunicações que atuam no Brasil se posicionam contra os chamados over-the-top (OTT), serviços oferecidos sobre a infraestrutura de internet.

Em um cenário no qual as pessoas cada vez menos optam por contratar uma TV por assinatura, as teles veem os serviços OTT como um concorrente para seus próprios produtos — é preciso lembrar que três das operadoras que incluem a franquia de dados em seus contratos, NET, Oi e Vivo, também fornecem serviços de TV por assinatura. Diante deste cenário, as teles praticam um lobby bastante forte em Brasília a fim de forçar o governo a cobrar taxas de Netflix e outros serviços do gênero, além de obrigar mudanças em outras políticas do setor.

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Para a Netflix, estes “eventuais arcabouços legais” podem inibir o desenvolvimento da indústria de OTTs no Brasil. “Acreditamos que a legislação nacional deve vir para organizar o mercado e estabelecer um conjunto de normativo mínimo necessário para a boa prestação dos serviços, sem interferir na forma como modelos de negócios são estruturados e oferecidos para o consumidor”, afirmou e empresa em janeiro deste ano.

Analisando a sequência dos fatos, é possível sugerir que o apreço cada vez maior da população pelo streaming de vídeo e de música, fugindo dos métodos tradicionais de fornecimento de conteúdo e também dos preços salgados praticados pelas companhias de TV por assinatura, têm tudo a ver com as recentes mudanças das operadoras.

O Ministro das Comunicações André Figueiredo enviou um ofício à Anatel na tarde desta quinta (14) pedindo que o órgão adote medidas mais firmes e impeça que as operadoras de telefonia desrespeitem os direitos do consumidor.