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Testamos o Bard, a IA do Google para enfrentar o ChatGPT

Por| 31 de Março de 2023 às 15h37

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Cottonbro/Pexels
Cottonbro/Pexels
Tudo sobre Google

O início de 2023 foi sacudido pelas inteligências artificiais, especialmente aquelas capazes de gerar conteúdo. O pontapé para essa febre foi o ChatGPT, plataforma da OpenAI que promete revolucionar a forma como se busca e se cria conteúdo na internet. Do lado do Google, a aposta nesse mercado é o Bard, IA em fase de testes fechado que o Canaltech pôde enfim colocar as mãos.

Mas será que o Bard já mostra algo diferente do que foi visto no ChatGPT e seus congêneres? Vem aí uma ferramenta capaz de superar o novo Bing e manter intocado o reindo do Google nos buscadores? Confira agora as nossas primeiras impressões.

Interface: uma IA com cara do Google

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Abrir o Bard é dar de cara com um produto que traz no seu DNA o já conhecido visual estilo Google, com cores sutis, muito “clean”, e, ao menos por enquanto, nenhuma propaganda. Até agora, a tela do Bard é simples e de certa não foge da estrutura consagrada por mensageiros ao longo da história e replicada em serviços como ChatGPT e Chatsonic.

Um campo para inserção de prompts aparece na parte inferior da tela, enquanto o menu à esquerda, que pode ser recolhido, traz botões de suporte, gerenciamento de dados (é possível impedir que a plataforma guarde informações sobre seu uso) e também uma opção para resetar o histórico de conversas.

Essa é uma função interessante: o Google já traz um menu de privacidade no qual você pode interromper o registro de histórico de interações com o Bard e também excluir o histórico pré-existente. A função é louvável, típica dos produtos Google, e sua configuração já está em português brasileiro, apesar de a IA em si ainda não saber lidar com outros idiomas além do inglês.

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Como ponto negativo aqui e diferente do que rola no ChatGPT, o Bard não agrupa conversas por tópicos. Isso faz com que o contexto de um diálogo mais longo acabe se perdendo ou mudando caso você misture assuntos. Caso você tenha ativado o histórico de interações, é possível apenas visualizar os prompts que você inseriu na ferramenta.

Recursos: quase lá

O Bard ostenta logo na sua tela inicial o selo “Experiment”, destacando o fato de se tratar de um produto em fase de testes. Usá-lo por alguns momentos deixa isso bem claro, pois ele soa muito mais precário do que o ChatGPT ou o Bing Chat, por exemplo.

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A ausência de separação por tópicos da fase inicial pode ser um problema, apesar de compreensível: a ferramenta ainda está com acesso limitado e neste momento parece ser mais importante garantir seu funcionamento básico e aprimoramento em termo de linguagem do que recursos extras, digamos assim.

De qualquer forma, hoje ele parece menos eficaz em manter conversas mais longas de maneira contextualizadas, apesar de conseguir realizar isso em tópicos mais simples, como pedir alternativas de receita.

Um ponto interessante do Bard é que ele não sai escrevendo tudo conforme vai encontrando as informações: uma animação de estrela aparece na tela e indica que o sistema está “pensando”, então todo o conteúdo é revelado de uma só vez.

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O grande destaque da IA gerativa do Google para mim, porém, é a facilidade com que ele oferece versões de um diálogo. Não importa qual a pergunta ou solicitação, ele sempre vai exibir três rascunhos diferentes, muitas vezes com abordagens distintas — muitas vezes até formatadas de jeitos distintos entre si.

Além disso, o Bard já nasce disposto a se integrar ao Google, digamos assim, com um botão “Google it” (Pesquisar no Google, em tradução livre) ao fim de cada resposta.

Bard vs ChatGPT

Uma comparação dessas atualmente parece um pouco injusta porque, apesar de também operar meio que em fase de testes, o ChatGPT já está há mais tempo no mercado e disponível para um número muito maior de pessoas, o que o torna também mais robusto. De qualquer forma, é impossível não bater os dois de frente e, ao menos por enquanto, o ChatGPT ganha de lavada.

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A versão gratuita do chatbot da OpenAI não está conectada à internet e tem informações até setembro de 2021, mas o Bard também fica meio confuso em algumas respostas — ele não sabe, por exemplo, que a Argentina levou sua terceira Copa do Mundo em 2022.

Porém, ele se saiu melhor que o ChatGPT (e o Bing Chat) quando eu solicitei a simulação da Copa do Mundo de 2026 com 48 seleções — a IA do buscador da Microsoft (que usa a tecnologia GPT-4) parece apegada demais a fatos atuais e não foi capaz de projetar o próximo mundial.

Além disso, dada à integração com o Google quase "nativa", o Bard faz aqui ao que o Bing Chat também faz e referencia as informações que cita em alguns momentos, especialmente quando você pede para se aprofundar em um tópico de uma conversa mais ampla.

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Complementando as ausências notáveis do Bard, ele ainda não é capaz de gerar códigos de programas nem solucinar equações matemáticas complexas. Pelo lado positivo, tentativas de obter piadas "politicamente incorretas" ou textos com teor adulto são bloqueadas pela plataforma, que parece compreender as solicitações, mas alega incapaz de completá-las por razões éticas.

O futuro do Bard

Para um sistema que ainda está em fase de testes o Bard não empolga muito nem decepciona. Não empolga porque já há opções mais interessantes que ele para brincar por aí, mas não decepciona porque se mostra em um bom caminho.

Imaginar o potencial da ferramenta quando ele for de fato ligado ao Google é grandioso e abre muitas portas — afinal estamos falando da ferramenta que virou verbo e sinônimo de busca na internet e concentra cerca de 85% do mercado de buscas da atualidade, segundo o Statista.

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É natural imaginar que o Google ainda vá fazer muitos testes e novas funcionalidades tornem o Bard mais inteligente e capaz de criar conteúdo, agilizar buscas e interagir com o público de maneira mais responsiva. Resta agora esperar para ver até quando o Google vai cozinhar esse bolo antes e se ele vai sair do forno pronto para frear o avanço do GPT-4.