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Intel apresenta 13ª geração para o Brasil e aponta desafios da região

Por  • Editado por Wallace Moté | 

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A Intel realizou em 25 de outubro um evento especial para apresentar a 13ª geração Raptor Lake de processadores ao Brasil e à América Latina. A família de CPUs, que havia sido revelada em setembro, já está à venda nessas regiões desde 20 de outubro — um lançamento simultâneo com o mercado global — mas a companhia deu mais detalhes sobre os aprimoramentos dos componentes e particularidades desses mercados.

A linha Intel Raptor Lake de 13ª geração prometeu oferecer ganhos de desempenho de até 15% em single-core e respeitáveis 41% em multi-core, graças a uma combinação de melhorias. Além dos novos núcleos Raptor Cove de alto desempenho, a empresa aprimorou os núcleos Gracemont de alta eficiência, aumentou significativamente a quantidade de cache da CPU e implementou uma versão aprimorada do processo de fabricação Intel 7 de 10 nm.

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Outros pontos de destaque incluem a maior contagem de núcleos, que agora chega a 24 no topo de linha Core i9 13900K, 16 no Core i7 13700K e 14 no Core i5 13600K, bem como o aumento notável nas frequências de operação, que atingem os 5,8 GHz de fábrica no chip mais potente. Também são boas notícias a compatibilidade com placas-mãe da 12ª geração e o suporte a memórias DDR4, o que fortaleceu o custo-benefício das novidades.

Durante o Intel Experience Day 2022 — o primeiro da América Latina — realizado na Colômbia, o Canaltech teve a oportunidade de participar de uma conversa com o gerente de vendas da divisão de Client Computing (focada em consumidores) para a região, Juan Carlos Garcés, e o gerente de distribuição para Bolívia, Chile e Peru, José Cornejo, que esclareceram pontos interessantes a respeito das melhorias da linha Raptor Lake, incluindo os sacrifícios do suporte a DDR4.

Foco da 13ª geração Raptor Lake em gamers

É comum na indústria de hardware que os produtos mais poderosos de uma nova linha sejam lançados primeiro, visando destacar as inovações trazidas com os componentes e assim chamar a atenção dos consumidores. Com a 13ª geração Raptor Lake não foi diferente — os primeiros processadores anunciados pertencem à série de final K, que mira em gamers e entusiastas que buscam por maior controle do chip com recursos como overclocking.

Perguntados sobre a razão do foco gamer visto na nova família de CPUs, Juan Carlos destaca como essa tem sido a estratégia da Intel nas últimas 4 gerações, citando como os jogos forçam a indústria a evoluir ao exigir mais do que as máquinas mais robustas do momento conseguem entregar.

O público é outro fator, por ir além ao utilizar o computador não apenas para jogar, como também para programar e até realizar pesquisas científicas avançadas, situação que demanda maior poder de processamento.

[...] por muitos anos, os jogos têm empurrado o desempenho, empurrado a tecnologia de computação. Se pensarmos nos primeiros jogos, como DOOM, [eles] eram revolucionários, exigiam das máquinas mais do que as máquinas podiam fazer, e faziam com que nós como empresas gerássemos novos níveis [de desempenho]. É o mesmo que está acontecendo agora: os jovens que jogam são os mesmos que programam, que estudam genética, ou estão projetando, e estão nos exigindo mais. [...] — Juan Carlos Garcés, gerente de vendas de Client Computing para a América Latina
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Os aprimoramentos do novo Thread Director

Quando foi anunciada em 2021, a 12ª geração Alder Lake trouxe uma nova tecnologia pensada para facilitar a integração da arquitetura híbrida com sistemas operacionais e programas: o Thread Director. Utilizando Inteligência Artificial, esse mecanismo avalia as tarefas a serem realizadas e se comunica com a CPU e o sistema operacional para dizer a qual núcleo cada uma deve ser destinada, seja um P-Core de alto desempenho ou um E-Core de alta eficiência.

Com a 13ª geração, a Intel afirma ter implementado diversas melhorias no Thread Director, agora mais inteligente e eficiente. Perguntados sobre quais seriam essas melhorias, o gerente de vendas aponta para um modelo de IA ampliado, que aumenta a precisão na hora de selecionar o núcleo mais adequado para as cargas de trabalho e consequentemente aprimora o desempenho.

[...] o que fizemos nesta geração [na linha Raptor Lake] foi ampliar esse modelo de Inteligência Artificial utilizada no Thread Director para ser mais preciso nesse gerenciamento das cargas de trabalho, e dessa forma dar melhores direções ao sistema operacional. Isso obviamente economiza energia e dá mais desempenho para as cargas de trabalho que o usuário pretende realizar. — Juan Carlos Garcés, gerente de vendas de Client Computing para a América Latina
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Respondendo então à pergunta se, diante dos avanços apresentados, os novos Core i5 e i7 de 13ª geração superariam o Core i9 12900K, Juan afirmou que, em tarefas single-core e que utilizem mais os P-Cores, esse não deve ser o caso, já que o número desses núcleos no 13600K e 13700K não foram ampliados.

No entanto, a combinação de maior contagem de E-Cores com os ganhos da nova família devem fazer com que os chips intermediários superem o antigo topo de linha da fabricante em cargas de trabalho que utilizem múltiplos núcleos e que tirem melhor proveito dos núcleos de eficiência.

Os desafios da América Latina

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Os executivos da Intel também discutiram um pouco da situação atual do mercado, tanto em relação aos impactos da pandemia e das transformações geradas pelo crescimento do home office, quanto dos desafios enfrentados não apenas pelo Brasil, como também por toda a América Latina.

Questionados sobre como a companhia está lidando com a queda de vendas de desktops, Juan Carlos destaca que esse movimento é real e visível, em virtude das diferentes crises globais e do aumento da inflação em diversos países, mas reforça como áreas que já estavam fortes antes da pandemia continuam a crescer, especialmente pelos movimentos do trabalho remoto e da digitalização das empresas.

[...] acreditamos que o usuário entendeu que o que estava comprando podia ser melhor, e que para poder fazer o que queria fazer, precisava de mais, e por isso segue a pegada do computador como uma ferramenta fundamental para sua vida. O segundo ponto que notamos é que muitas empresas estão dando maior foco à digitalização. [...] Muitas empresas que antes não estavam digitalizadas tiveram que se digitalizar durante a pandemia para sobreviver. [...] — Juan Carlos Garcés, gerente de vendas de Client Computing para a América Latina

Não é novidade que o Brasil e outros países da América Latina, em virtude de inúmeras questões sociais, políticas e econômicas, apresentam uma parcela significativa da população que não tem acesso a um computador, ainda que necessitem do dispositivo para estudar ou trabalhar. Essa situação ficou ainda mais visível durante a pandemia, em que esses estudantes e trabalhadores tiveram de se adaptar.

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Ao ser solicitado para comentar esse cenário, o executivo enfatizou que a Intel enxerga que é um caso de mobilização coletiva, em que a empresa reúne os recursos que tem disponível e trabalha com os governos de cada país para buscar maneiras de ampliar o acesso à tecnologia. Juan Carlos chega a citar projetos sociais desenvolvidos no Brasil, em que estados trabalham junto à gigante para facilitar a compra de máquinas.

Próximos lançamentos da 13ª geração

No anúncio da 13ª geração Raptor Lake, a Intel trouxe ao mercado apenas os modelos entusiastas para desktop, pertencentes às séries K e KF (sem GPU integrada). À época, a gigante confirmou que a linha atenderá todos os segmentos, como sua antecessora, estreando em tablets, notebooks, workstations e outros dispositivos.

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Questionados então sobre quando poderemos ver o restante da família chegar ao mercado, Juan Carlos revelou que novidades devem ser reveladas muito em breve, em questão de poucos meses, e confirmou que a linha completa deve estar amplamente disponível até a metade de 2023. O gerente de vendas também sinalizou que, assim como os últimos lançamento da marca, as próximas novidades devem chegar ao Brasil junto do restante do mundo.

Outro ponto interessante apontado pelo gerente de vendas é que não é apenas o segmento de consumidores que receberá novos produtos em breve — as workstations, estações de trabalho para profissionais, e os servidores terão lançamentos nas próximas semanas.

[...] percebam que apresentamos a parte que atende aos entusiastas. Esperem muito em breve, [...] digamos cerca de 2 meses, teremos novidades para o segmento de portáteis também, e lembrem-se que há ainda a parte de negócios. [...] Estamos trabalhando os detalhes de quando é o melhor momento de trazê-los ao mercado. — Juan Carlos Garcés, gerente de vendas de Client Computing para a América Latina

A fala do executivo dá mais fôlego a rumores de que a linha Sapphire Rapids para data centers seria disponibilizada até o final do ano, e receberia variantes especiais destinadas ao segmento conhecido como HEDT (High-End Desktop, ou desktops de alto nível em traduçao livre), que não havia ganhado grandes atualizações por parte da empresa há alguns anos.

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Os prós e contras do uso de DDR4

Mesmo com a estreia de novas placas-mãe e dos avanços trazidos em desempenho e eficiência, a 13ª geração Raptor Lake mantém o suporte a memórias DDR4, em paralelo com a compatibilidade com RAM DDR5. Aliada ao uso do mesmo soquete LGA1700 da 12ª geração, essa estratégia acabou aumentando de maneira significativa o custo-benefício dos lançamentos, já que usuários que priorizam preços baixos poderão economizar utilizando placas-mãe mais antigas e módulos DDR4.

Obviamente, por contar com especificações inferiores frente ao protocolo mais moderno, as memórias DDR4 têm impactos no desempenho. Perguntados sobre qual é o tamanho desses impactos, Juan Carlos enfatizou a necessidade de fazer um upgrade completo novamente quando o DDR5 se popularizar, destacando ainda como a diferença de performance só tende a crescer.

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[...] Hoje, o que vai acontecer é que, mais adiante, quando houver um crescimento do DDR5, você já não vai poder optar [por comprar módulos DDR5, incompatíveis com o slot DDR4] e terá de fazer um novo upgrade, e essa é uma questão que o próprio usuário precisa balancear, porque estamos vendo que no próximo ano deve haver uma convergência nos preços das duas memórias, que vai permitir escolher a nova tecnologia sobre a antiga porque já estarão iguais [em preço]. [...] Em alguns meses, quando o DDR5 começar a subir suas velocidades de transferência, aí [os usuários] vão perder algo a mais [...], essa é outra coisa que irão perder nesse momento para as cargas de trabalho que necessitem de uma velocidade de memória superior. — Juan Carlos Garcés, gerente de vendas de Client Computing para a América Latina