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20 anos de Xbox: os bastidores da criação do console

Por| Editado por Bruna Penilhas | 15 de Novembro de 2021 às 10h15

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Montagem/Evan-Amos/Felipe Goldenboy
Montagem/Evan-Amos/Felipe Goldenboy

Há 20 anos, Bill Gates e Dwayne Johnson — sim, o The Rock! — apresentavam o primeiro Xbox no palco da CES (Consumer Electronics Show), um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, em janeiro de 2001. Meses depois, mais precisamente em 15 de novembro de 2001, as primeiras unidades do console chegavam às lojas estadunidenses.

O primeiro Xbox colocou a Microsoft em um ringue extremamente competitivo, já dominado por concorrentes como o PlayStation 2, da Sony, o GameCube, da Nintendo, e o Dreamcast, da SEGA. Mas é claro que essa história começou bem antes de 2001.

Em comemoração aos 20 anos da marca Xbox, o Canaltech resgata histórias e curiosidades da criação do primeiro console da Microsoft, o qual estremeceu um mercado já muito bem frequentado por gigantes dos videogames.

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Alerta vermelho

A ideia de entrar no mercado de videogames demorou para se tornar realidade. A Microsoft era reconhecida, principalmente, por vender sistemas operacionais Windows e o pacote de aplicativos de escritório Office — havia um estereótipo de que a Microsoft era uma empresa “chata”. Porém, algo abalou essa calmaria: o lançamento do PlayStation 2.

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O console da Sony era vendido como um aparelho que iria revolucionar os computadores pessoais (PC); afinal, ele era um centro de mídia que, além de reproduzir games, podia ler CDs e DVDs. Era uma ameaça ao reinado do Windows, e foi esse medo que deu o pontapé inicial na Microsoft.

"A Sony dizia: 'o PlayStation 2 vai redefinir o mundo dos computadores'. Isso chamou a atenção da Microsoft", relembra Kevin Bachus, um dos criadores do Xbox, à Bloomberg. Com o sinal verde de Bill Gates, então presidente da empresa, vários grupos internos começaram a criar projetos para pavimentar a entrada da companhia no mundo dos games.

“Tínhamos equipes concorrentes procurando abordagens concorrentes”, contou Rick Thompson, primeiro chefe da divisão Xbox. “Estávamos fazendo protótipos malucos para o Bill [Gates]. Eram diferentes grupos, basicamente, tentando cortar a garganta uns dos outros”, disse.

Um videogame que, na verdade, era um PC

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Um dos grupos era formado por quatro pessoas: Kevin Bachus, Otto Berkes, Seamus Blackley e Ted Hase. Foram eles os criadores do futuro Xbox, conhecido na época pelo codinome DirectX Box. No início, o aparelho seria “um PC fingindo ser um console de videogame” em vez de um console construído do zero, segundo Ed Fries, chefe dos primeiros jogos first-party (jogos produzidos e distribuídos pela própria fabricante do console).

Como o nome DirectX Box sugere, a máquina seria baseada na tecnologia DirectX, um conjunto de componentes que permite rodar jogos no Windows, presente no sistema até hoje. Sim, o Xbox rodaria Windows — mais precisamente, o Windows 2000. Dessa forma, estúdios familiarizados a desenvolver jogos para PC não teriam problemas em produzir também para o console, e a máquina poderia entregar mais poder de processamento que a concorrência.

Não demorou para descobrirem que isso não daria certo. A ideia era que a Microsoft terceirizasse a produção em massa do videogame para outra companhia; porém, descobriram que esse processo seria ainda mais caro e trabalhoso para a empresa, e o pequeno grupo de desenvolvedores precisou voltar atrás.

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O temor tomou conta da produção, segundo Seamus Blackley, um dos líderes do projeto:

“Alguns caras que trabalham no início do Xbox chamavam o projeto de “Coffin Box” [caixão, em tradução livre] porque eles tinham medo de tudo dar errado, e que isso acabasse com as carreiras deles na Microsoft”.

O “Massacre do Dia dos Namorados”

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Bill Gates e Steve Ballmer já estavam cientes que o console não sairia como planejado, ou seja, não rodaria Windows. Mas, em uma reunião de fevereiro de 2000, época do Dia dos Namorados estadunidense, o assunto foi revisitado. E não foi nada agradável.

“Isso é um insulto a tudo que eu conquistei nessa empresa”, teria dito Bill Gates, segundo Bachus.

“Bill estava cerca de 15 ou 20 minutos atrasado, e estava irritado. E ele chega gritando e bate com o punho na mesa e diz um monte de coisas que eu não vou repetir. O ponto principal era: vocês estão acabando com o Windows.”

Nessa época, porém, o CEO não era Bill Gates, e sim Steve Ballmer — o executivo já havia deixado o cargo de presidente, mas ainda era uma cabeça importante nas decisões estratégicas da empresa. Ballmer relembra: “entrei naquela reunião como se fosse a minha primeira grande decisão como um presidente. Eu queria fazer a coisa certa”. No fim, ambos mudaram de ideia e o projeto foi aprovado com todos os orçamentos necessários, incluindo a bagatela de US$ 500 milhões apenas para o marketing.

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Nesse período, vale reforçar, o Xbox ainda não se chamava Xbox. Esse nome surgiu de forma espontânea, como uma abreviação do nome DirectX Box. Entretanto, o departamento de marketing odiava esse nome: “eles queriam, por algum motivo, chamá-lo de '11 -X ou Eleven-X”, relembra Blackley. No ínterim, outros nomes foram considerados, como Windows Entertainment Project (WEP), Microsoft Total Gaming (MTG), MIND (Microsoft Interactive Network Device), MIC (Microsoft Interactive Center), entre outros.

Hora de mostrar o Xbox ao mundo

O Xbox foi anunciado pela primeira vez no ano 2000, quando Bill Gates subiu ao palco da Game Developers Conference (GDC). O protótipo mostrado era um cubo cromado em formato de X — sim, o console realmente tinha o formato de um X. O design diferentão tinha um propósito: deixar bem claro que aquilo não era um PC. O mundo dá voltas, não é mesmo?

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Pouco depois do evento, a Microsoft comprou a Bungie Studios por US$ 30 milhões, o estúdio que viria criar uma das franquias mais icônicas e bem sucedidas da Microsoft: Halo. Não à toa, o primeiro jogo da franquia, Halo: Combat Evolved, foi lançado como exclusivo e carro-chefe do console. No Ano Novo de 2001, o Xbox se esgotou em quase todos os Estados Unidos, vendendo 1,5 milhão de unidades no país.

O número surpreendente de vendas iniciais também se deve ao marketing de US$ 500 milhões: a Microsoft não poupava esforços para mostrar ao mundo seu console. Seja em eventos, propagandas na TV ou anúncios em revistas, a empresa queria mostrar a todos que o Xbox era o console mais poderoso já criado. Contudo, no fim das contas, o videogame permaneceu atrás do PlayStation 2 e trouxe um prejuízo de US$ 4 bilhões de dólares para a companhia.

Desde 15 de novembro de 2001, quando os jogadores colocaram suas mãos no primeiro Xbox, muitas coisas aconteceram. Novos consoles surgiram e, com eles, novos acertos, erros, sucessos e fracassos.

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Hoje, a marca Xbox é uma das pioneiras na democratização de jogos através de serviços como o Xbox Game Pass, que oferece um catálogo de mais de 100 jogos por a partir de R$ 29,99 por mês, e da implementação de jogos na nuvem com o Xbox Cloud Gaming, permitindo que pessoas joguem seus games no celular, no tablet e na web mesmo sem possuir um videogame em casa. Atualmente, a Microsoft está na sua quarta geração de consoles, com os poderosos Xbox Series X e Xbox Series S. Tudo isso graças ao pavor do PlayStation 2 e ao “sim” de Bill Gates e Steve Ballmer.

Feliz aniversário, Xbox! Que venham mais 20 anos gloriosos.

Fonte: BloombergDigital Trends, IGNThe VergeVentureBeat