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Mercúrio: 5 mistérios sobre o pequeno planeta que podem ser desvendados em breve

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A BepiColombo, missão conjunta da ESA (a agência espacial europeia) e da JAXA (a agência espacial japonesa), lançada em 2018, se afastou da Terra e está em uma jornada de sete anos rumo ao planeta Mercúrio, com o objetivo de estudá-lo de pertinho. Para chegar ao menor e mais interno planeta do Sistema Solar, a nave percorrerá 8,5 bilhões de quilômetros. Mas o que os cientistas por trás da missão pretendem descobrir?

Até pouco tempo atrás, Mercúrio era considerado um mundo bastante desinteressante, mas, com as missões Mariner e MESSENGER, da NASA, descobriu-se que existem muitos mistérios intrigantes por lá. A composição química do planeta, por exemplo, não é típica de um mundo tão próximo do Sol. Além disso, é difícil dizer qualquer coisa sobre sua própria formação. Mais estranho ainda: apesar de as temperaturas na superfície chegarem a 450 °C, parece haver água congelada em seus polos.

Duas naves diferentes compõem a missão BepiColombo: a Mercury Planetary Orbiter (MPO), sonda orbital desenvolvida e controlada pela ESA, e a Mercury Magnetosphere Orbiter (MMO), sonda também orbital criada pela JAXA. Ao se estabelecerem na órbita de Mercúrio, as naves vão se separar uma da outra, cada uma delas fazendo sua própria pesquisa.

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4. Por que a superfície de Mercúrio é tão escura?

Este pequeno planeta parece ter uma superfície mais escura do que a nossa Lua, e os cientistas ainda não entendem o motivo. O planeta reflete apenas cerca de dois terços da quantidade de luz que o material lunar coletado, por exemplo.

O espectrômetro térmico infravermelho MERTIS, a bordo da sonda MPO, criará um mapa detalhado da distribuição de minerais na superfície de Mercúrio. Ao fornecer alta resolução dessa composição, o instrumento ajudará a entender por que o planeta reflete tão pouca luz.

Existem muitos motivos que poderiam explicar o porquê de este mundo ser tão escuro. Por exemplo, pode ser que a superfície esteja coberta por grafite, uma das quatro formas alotrópicas do carbono, que é bem escura. Mas outra explicação pode não ter nada a ver com os elementos na superfície: talvez seja o próprio calor extremo que faz com que os materiais de lá pareçam mais escuros, como se fossem carbonizados.

5. Como seu campo magnético se formou?

Poucos planetas rochosos da nossa vizinhança têm um campo magnético significativo. Na verdade, entre os planetas do Sistema Solar interno, apenas Mercúrio e Terra possuem um deste tipo - o campo magnético de Marte é tão insignificante que ele é menor que o da lua Ganimedes, de Júpiter, sendo apenas 2% do campo magnético da Terra, enquanto Vênus não tem campo magnético algum (a magnetosfera por lá tem outra explicação quanto à sua origem e existência). Mas o mistério, aqui, é que Mercúrio parece pequeno demais para que seu campo magnético se formasse, mesmo que ele seja cem vezes mais fraco que o do nosso planeta. Os cientistas querem entender o que sustenta esse campo magnético, já que, de acordo com as probabilidades, ele nem deveria existir.

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No caso da Terra, o campo magnético é gerado pela rotação rápida do núcleo de ferro líquido. Isso parecia improvável em Mercúrio, porque os cientistas pensavam que o núcleo daquele mundo havia se esfriado e solidificado desde a sua formação. Talvez eles estivessem errados, porque, em princípio, apenas um núcleo líquido e quente poderia explicar o magnetismo ao redor do globo mercuriano.

Para descobrir isso, a BepiColombo medirá as marés (efeitos causados pelas forças gravitacionais da rotação do planeta combinadas com a influência da gravidade de outros corpos próximos) na superfície do Mercúrio, para saber se há metal líquido no interior do planeta. Além disso, o campo magnético de Mercúrio parece ser deslocado 400 km para o norte, e não parece estar no meio do planeta, como acontece na Terra. Os instrumentos da BepiColombo analisarão o magnetismo com mais detalhes do que qualquer espaçonave que já tenha estudado este planeta, e devem dar respostas para essas questões.

Após se separarem, os dois orbitadores da missão viajarão por diferentes áreas da magnetosfera de Mercúrio e em diferentes escalas de tempo. Assim, medirão simultaneamente como o campo magnético de lá muda ao longo do tempo e no espaço. Isso vai ajudar nosso entendimento sobre o que está acontecendo dentro do misterioso, pequeno e primeiro planeta do Sistema Solar.

Fonte: ESA