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Seria possível colonizar um planeta tão próximo do Sol como Mercúrio?

Por| 17 de Setembro de 2016 às 11h40

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NASA
NASA

Se tudo sair conforme o planejado, dentro de quinze anos a humanidade já estará dando os primeiros passos para colonizar e explorar Marte contando com pessoas de verdade, que serão enviadas ao Planeta Vermelho com uma passagem somente de ida. O planeta é o nosso segundo vizinho mais próximo, e seu terreno rochoso e acidentado é bastante similar a certas regiões desérticas da Terra, fazendo com que seja possível simular suas condições por aqui antes da aventura definitiva. Mas como seria planejar a exploração ou até mesmo a colonização dos outros planetas rochosos do Sistema Solar?

Nosso vizinho mais próximo

Vênus ainda é um caso complicado, já que sua atmosfera extremamente densa recheada de dióxido de carbono e o efeito estufa poderoso do planeta fazem com que as temperaturas da superfície fiquem acima dos 460 °C.

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Representação artística da atmosfera de Vênus, que é fatal para humanos com uma pressão 92 vezes mais intensa do que a da Terra, e nuvens de ácido sulfúrico capazes de causar chuva ácida (Reprodução: Divulgação)

Em 1961, os soviéticos arriscaram enviar uma sonda ao nosso vizinho mais próximo chamada Venera 1, mas o contato com a nave foi perdido antes mesmo dela chegar ao planeta. Já os rivais estadunidenses enviaram a Mariner 1, que também deu errado e a sonda foi perdida no espaço. No ano seguinte, a Mariner 2 obteve mais sucesso, passando a quase 35 mil quilômetros da superfície de Vênus. Foi aí que descobriram o quão quente era a superfície do planeta, o que fez com que os projetos subsequentes considerassem também esse fator.

A primeira fotografia colorida obtida na superfície de Vênus veio pelas mãos dos soviéticos, com a Venera 13 (Reprodução: Soviet Planetary Exploration Program)

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Em 1966, a sonda soviética Venera 3 foi a primeira a “pisar” no solo de Vênus, chocando-se contra o planeta. Depois, a Venera 4 conseguiu realizar experimentos científicos por lá, e a Mariner 5 sobrevoou o planeta na mesma época. Os dados combinados das duas missões internacionais foram analisadas por uma equipe com cientistas soviéticos e americanos, o que surpreendeu o mundo em plena Corrida Espacial. Por fim, as sondas Venera 5 e Venera 6 conseguiram retornar uma maior quantidade de dados à Terra antes de serem massacradas pelas condições inóspitas do planeta, e, anos depois as missões Venera 8, 9 e 10 conseguiram enviar as primeiras imagens da paisagem venusiana – revelando que o planeta era muito menos amigável do que já se sabia até então.

Quando sobrevoou Vênus, a sonda Mariner 10, dos Estados Unidos, enviou essa fotografia do planeta (Reprodução: NASA)

As missões Mariner, dos Estados Unidos, e Venera, da União Soviética, continuaram enviando sondas ao planeta por vários anos, até que na década de 1980 o interesse por Vênus acabou caindo, dando espaço para que os cientistas se dedicassem à exploração de outros planetas do Sistema Solar.

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O pequenino Mercúrio

Por ser o primeiro planeta a partir do Sol e estar localizado muito próximo ao nosso astro, poucos imaginam que seria possível viver em Mercúrio, mas o pequenino pode surpreender. O menor planeta do Sistema Solar normalmente se perde no intenso brilho solar, podendo ser observado a olho nu daqui da Terra somente em eclipses solares, ou ainda durante o crepúsculo matutino ou vespertino.

E justamente por ser um planeta difícil de ser observado que se sabe pouco a respeito de Mercúrio - em comparação com o quanto de conhecimento que já temos dos demais planetas do nosso quintal. Os EUA enviaram a Mariner 10 para explorar o planetinha em 1974, e essa sonda mapeou quase metade de sua superfície, enquanto a sonda Messenger, enviada somente em 2008, terminou o serviço começado na década de 1970. Com aparência similar à Lua – repleta de crateras de impacto e planícies lisas -, o planeta não tem satélites naturais e nem conta com uma atmosfera substancial. Contudo, Mercúrio tem uma grande quantidade de ferro em seu núcleo, gerando um campo magnético cuja intensidade é de cerca de 1% do campo magnético da Terra.

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Registrada pela sonda Messenger, da NASA, a foto mostra a superfície de Mercúrio em diferentes cores e tonalidades para representar as diversas composições químicas e físicas do planeta (Reprodução: NASA)

A superfície do planeta varia de -173 ºC a 427 ºC, sendo que o ponto subsolar é a região mais quente e o fundo das crateras perto dos polos são os locais mais gelados. Ou seja: existem pontos do planeta em que a temperatura pode ser razoavelmente aceitável para acomodar uma instalação tecnológica - como uma base de exploração, por exemplo.

Mas por que colonizar justo Mercúrio?

Primeiramente, pelo fato da superfície do pequenino ser bastante similar à da Lua, não seria exatamente complicado adaptar as estratégias e sistemas usados para pousar as espaçonaves Apollo em uma missão direcionada a Mercúrio. E a composição do planeta, rica em minerais, é bastante atrativa se considerarmos que os recursos naturais da Terra não são eternos (sendo que muitos já estão se esgotando).

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Além disso, sua proximidade com o Sol significa que o planeta é capaz de acumular uma quantidade imensa de energia limpa, e não é difícil imaginar um futuro em que Mercúrio fornece energia solar para a Terra. E mais: essa energia poderia ser redirecionada não somente para nossa superfície e alimentar os motores que fazem nossa sociedade funcionar, como ainda fornecer energia solar para satélites e espaçonaves no espaço.

A gravidade de Mercúrio também pode colaborar bastante. Isso porque o planeta tem uma gravidade equivalente a 38% a gravidade terrestre, e isso significa que os astronautas e colonizadores não teriam tanta dificuldade de se locomover por lá e realizar atividades que exigem coordenação motora e movimento físico. Ao mesmo tempo, essa gravidade mais baixa do que a da Terra pode facilitar (e muito) o transporte de grandes quantidades de matéria-prima, já que em baixa gravidade os corpos ficam mais “leves”.

Polo de Mercúrio onde possivelmente há água congelada (Reprodução: NASA)

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Por fim, Mercúrio é o corpo celeste rico em matérias primas valiosas como minérios e metais que está mais perto da Terra, o que encurtaria a viagem de ida e de volta. Ao longo de sua órbita, o distância entre o planeta e a Terra varia de 77,3 milhões de quilômetros a 222 milhões de km, enquanto membros do Cinturão de Asteroides, que também podem fornecer esses recursos naturais para a humanidade, ficam entre 329 e 478 milhões de quilômetros depois da Terra. As luas de Júpiter? Estão a mais ou menos entre 628 e 928 milhões de Km, enquanto os satélites naturais de Saturno ficam a mais de 1 bilhão de quilômetros de distância.

E mais uma informação que, somada às anteriores, também faz com que Mercúrio seja um ótimo candidato para uma próxima exploração in loco: o planeta orbita o Sol muito mais rapidamente do que a Terra, e a cada 116 dias ele atinge seu ponto mais próximo da estrela. Isso significa, basucamente, que, enquanto missões para Marte poderiam ser lançadas a cada quatro meses e viagens para Vênus seriam possíveis a cada um ano e meio, trajetos para Mercúrio poderiam acontecer a cada 26 meses.

E como isso seria possível?

Naturalmente, uma missão desse porte precisaria vencer uma série de desafios, tanto economicamente falando, quanto tecnologicamente. Além de custar verdadeiras fortunas, estabelecer uma colônia em Mercúrio exigiria que um sistema de transporte entre o planeta e a Terra já estivesse bem estabelecido e funcionando, pelo fato de que seria necessário enviar suprimentos e materiais daqui para lá – e quem sabe a ideia do visionário Charles Bombardier de construir um trem espacial que percorreria o Sistema Solar sem parar não seja um caminho a ser seguido?

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Imagem que faz parte de um estudo da NASA sobre uma colônia espacial na Lua - que poderia ser adaptada para um projeto similar, só que em Mercúrio (Reprodução: NASA)

Outro desafio seria com relação às naves espaciais, já que os modelos existentes atualmente não seriam exatamente compatíveis com uma viagem dessas. A tecnologia aeroespacial ainda precisaria estudar e criar muita coisa até chegar em uma versão final de espaçonave capaz de levar uma tripulação humana a Mercúrio – e, novamente, tudo isso custaria muito mais do que “o olho da cara”. Uma alternativa seria colonizar o planetinha com seres robóticos, para não colocar em risco a saúde, a segurança e a vida de astronautas humanos. Mas esses robôs precisariam ser desenvolvidos contando com uma proteção poderosa contra radiação solar, por exemplo, além de não sofrerem danos causados pela intensa variação de temperatura que acontece por lá ao longo do dia.

Ainda assim, em um futuro não muito próximo seria bastante sensato considerar explorar e colonizar Mercúrio, uma vez que os obstáculos financeiros e tecnológicos forem superados. O planeta pode ser uma opção de “salvação” para a Terra, cujos recursos naturais já não são encontrados em tanta abundância quanto antigamente. Um planeta como Mercúrio poderia nos fornecer um suprimento ilimitado de energia solar, por exemplo, e minérios suficientes para suprir nossas necessidades por um tempo ainda incalculável.

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Com informações de: Universe Today