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Calor intenso de Mercúrio ajudou a criar o gelo nos polos do planeta; entenda

Por| 17 de Março de 2020 às 16h35

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Calor intenso de Mercúrio ajudou a criar o gelo nos polos do planeta; entenda
Calor intenso de Mercúrio ajudou a criar o gelo nos polos do planeta; entenda

Desde as descobertas da missão Messenger, em 2012, os cientistas sabem que existe gelo em Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. A água congelada fica nos polos, dentro de crateras eternamente escondidas da luz solar. Mas, agora, um novo estudo revela algo ainda mais inusitado: o calor intenso do planeta provavelmente ajuda a criar esse gelo.

Embora isso pareça estranho, Brant Jones, principal autor do estudo, garante que se trata apenas de química básica. Ele explica que o calor extremo da parte iluminada do planeta, que pode atingir até 425 °C, combinado com as temperaturas super-frias nas crateras, que vão até -200 °C, podem agir como um "laboratório de química para fabricação de gelo".

Na verdade, o processo de criação de gelo em Mercúrio é semelhante ao que acontece na Lua. De acordo com um estudo de 2009, partículas do vento solar eletricamente carregadas interagiam com o oxigênio presente em alguns grãos de poeira na superfície lunar para produzir hidroxila (OH), que é uma molécula composta por um átomo de hidrogênio e um átomo de oxigênio.

Brant trabalhou com outros cientistas para ampliar a compreensão desse processo. Assim, em 2018 eles mostraram que, embora esse fenômeno na Lua produzisse quantidades significativas de hidroxilos, produzia muito pouca água molecular. A equipe criou um modelo do processo lunar, mas “a importância não era tão significativa na Lua devido às temperaturas muito mais baixas”, escreveu um dos pesquisadores.

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Em outras palavras, esse fenômeno parece ter ajudado a criar apenas uma parte muito pequena da água lunar. Ainda assim, o processo poderia ocorrer em outros corpos que recebem vento solar e com calor o suficiente para produzir mais água. "Para criar água molecular, você precisa de mais um ingrediente, que é o calor", disse Brant. E, bem, existe bastante calor e muito vento solar em Mercúrio.

Além do calor, os minerais na superfície do planeta contêm bastante moléculas do grupo hidroxila. A temperatura extrema ajuda a liberar esses grupos e os energiza para se colidirem e se desprenderem em moléculas de água e hidrogênio que passam a flutuar pelo planeta. Algumas moléculas de água são quebradas pela luz solar e se dissipam. Mas outras caem perto dos polos de Mercúrio, nas crateras geladas, e ficam presas lá.

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Essas moléculas esfriam, se aglomeram e se transformam em parte do crescente gelo glacial do planeta. "É um pouco como a música Hotel California. As moléculas de água podem se hospedar nas sombras, mas nunca podem sair", disse o colega de Brant, Thomas Orlando.

Se você estiver se perguntando quanto gelo foi criado em Mercúrio com esse processo, a equipe de Brant chegou a uma conclusão. Eles entenderam que a quantidade total dessa água que se tornaria gelo é de incríveis 10 trilhões de quilogramas durante um período de cerca de 3 milhões de anos. "O processo pode facilmente representar até 10% do gelo total de Mercúrio".

Fonte: Universe Today