Foguete que vai se chocar com a Lua pode ser da China, não da SpaceX
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
O estágio de um foguete que vai se chocar com a Lua no início de março pode não ser de um foguete Falcon 9, da SpaceX. Novos dados sugerem que, na verdade, o objeto pode ser um pedaço de um foguete Long March 3C, da China. Mas, independentemente de sua verdadeira natureza, as previsões da trajetória do objeto foram mantidas, e a colisão deverá ocorrer no lado afastado da Lua no dia 4 de março, por volta das 09h25 (horário de Brasília).
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No último mês, muito se falou sobre o que parecia ser um foguete Falcon 9 lançado em 2015, que estaria a caminho de colidir com a Lua. Agora, análises mais aprofundadas dos dados sugerem que o objeto em questão talvez não seja o estágio do antigo veículo lançador da SpaceX, mas sim do foguete chinês utilizado no lançamento da missão Chang’e 5, em 2014.
A identificação inicial foi feita pelo astrônomo Bill Gray, que rastreou o objeto através do software Project Pluto, e concluiu que se tratava de um foguete Falcon 9. Contudo, neste sábado (12), ele recebeu um e-mail de Jon Giorgini, do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, com alguns questionamentos relacionados à passagem próxima do objeto em relação à Lua em 2015, apenas dois dias após o lançamento da missão DSCOVR. Ao rever os cálculos, Gray percebeu que o objeto podia não ser um Falcon 9, no fim das contas.
De qualquer forma, as estimativas para a colisão foram mantidas. O objeto designado WE0913A deverá atingir nosso satélite natural durante a manhã do dia 4 de março, na região da cratera de Hertzsprung. Novas observações mostraram que o objeto não está seguindo totalmente a trajetória prevista, de modo que o impacto poderá acontecer a alguns quilômetros a leste da cratera, com alguns segundos de diferença.
Como o foguete que se chocar com a Lua foi identificado
O objeto WE0913A foi identificado em 2015, logo após o lançamento do satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR), com um foguete Falcon 9. Geralmente, os estágios dos foguetes lançadores são abandonados no espaço após entregarem suas cargas úteis e, eventualmente, deixam suas órbitas e reentram na atmosfera da Terra, onde são queimados. Quando foi observado em 2015, o WE0913A foi considerado, primeiro, um asteroide.
Gray identificou o objeto após descobrir que ele havia passado da Lua apenas dois dias após o lançamento da missão DSCOVR e, ao ligar os pontos, concluiu que só podia se tratar do estágio do foguete da SpaceX. Junto de dados obtidos por outros observadores, ele percebeu que, agora, o objeto está a caminho de colidir com a Lua — mas Jon Giorgini suspeitou algo estranho, porque a órbita do satélite DSCOVR não levaria o objeto para perto da Lua.
Então, ele começou a questionar o que teria aproximado o foguete do nosso satélite natural apenas dois dias depois do lançamento. “Seria um pouco estranho se o segundo estágio passasse direto pela Lua, sendo que o DSCOVR estava em outra parte do céu”, explicou ele, em uma publicação. Após o contato com Giorgini, Gray revisou os cálculos e concluiu que é pouco provável que o objeto fosse o foguete Falcon 9.
Ao reconstituir a análise para tentar identificar o que era, Gray chegou a um objeto designado 2014-065B, o propulsor de um foguete Long March 3C utilizado no lançamento da missão Chang'e 5-T1 à Lua em 2014. Após o lançamento, o estágio desapareceu, mas Gray calculou o sobrevoo lunar realizado depois e descobriu que o WE0913A teria sobrevoado a Lua no fim de outubro de 2014, a uma altitude esperada para uma transferência lunar.
Isso, portanto, corresponde à trajetória do foguete Long March 3C, e Gray considera que esta é uma evidência circunstancial da natureza do objeto. “Eu prefiro pensá-la como uma evidência ‘bastante convincente’”, disse. “Estou convencido de que o objeto a caminho de atingir a Lua em 4 de março é, na verdade, o estágio do foguete Chang'e 5-T1”, concluiu.
Fonte: Project Pluto, Virtual Telescope; Via: Science Alert