Descubra R136a1: a estrela mais massiva conhecida
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper | •
Os astrônomos já descobriram estrelas com massas que chegam a algumas centenas de vezes a do Sol e são milhões de vezes mais brilhantes que nosso astro. Em meio a estas “gigantes cósmicas” está a estrela RMC 136a1 (ou apenas “R136a1”) que, além de ser uma das estrelas mais massivas que conhecemos, tem quase 10 milhões de vezes o brilho do Sol.
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Esta estrela fica a cerca de 150 mil anos-luz da Terra no interior de um grande aglomerado estelar, no coração da Nebulosa da Tarântula. Esta nebulosa é uma nuvem de gás formador de estrelas localizada na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia que, junto da Pequena Nuvem de Magalhães, forma uma dupla de galáxias-satélite da Via Láctea.
O aglomerado que abriga R136a1 já foi observado diversas vezes pelo telescópio espacial Hubble e por vários observatórios em solo, mas estes telescópios não tinham nitidez o suficiente para diferenciar todos os membros do aglomerado estelar. Até então, as observações a colocavam com massa estimada de até 300 massas solares (nome dado à massa do Sol).
R136a1 é a estrela mais brilhante da Grande Nuvem de Magalhães?
Durante a década de 1960, uma equipe de astrônomos estava trabalhando no observatório Radcliffe, na África do Sul, e identificou o aglomerado estelar que abriga a estrela. Na época, eles o catalogaram como “RMC 136”. Depois, observações do telescópio espacial Hubble mostraram que ali estavam algumas estrelas bem brilhantes, e que a mais massiva delas era a RMC 136a1. Apesar disso, a R136a1 não é a estrela mais brilhante desta galáxia: o título vai para S Doradus, uma hipergigante que, dada sua distância, fica invisível a olho nu para nós.
Quando nasceu, a estrela R136a1 já tinha cerca algumas centenas de massas solares, que foram reduzidas com os ventos solares poderosos produzidos por ela. Até então, os estudos da estrela R136a1 colocaram a massa dela em algum ponto entre 250 a 320 massas solares, mas os novos dados indicam um número menor.
É possível que esta estrela tenha entre 170 a 230 vezes a massa do Sol, o que ainda é perfeitamente suficiente para manter o título de estrela mais massiva que conhecemos. Já a maior estrela conhecida é UY Scuti, com raio 1.700 vezes maior que o do Sol. A estrela R136a1 é do tipo Wolf-Rayet e, além de ser massiva, está em uma etapa avançada do processo de evolução estelar que faz com que ela perca massa em um ritmo rápido.
A maioria das estrelas do tipo são objetos raros e brilhantes, com temperatura que pode passar dos 24.700 ºC. Se a R136a1 substituísse o Sol no Sistema Solar, ela iria facilmente ofuscar a estrela mais próxima do nosso planeta, e sua radiação provavelmente iria esterilizar a Terra. Com ela, nossos anos teriam durariam apenas algumas semanas.
O futuro da estrela mais massiva conhecida
Há diferentes tipos de estrelas: algumas delas não têm mais que uma pequena fração da massa do Sol, e outras são massivas a ponto de “dar inveja” em nosso astro. Os astrônomos estudam atentamente as estrelas gigantes para que assim compreendam como elas se formam e, claro, como morrem.
As estrelas Wolf-Rayet, como a R136a1 e outras, têm vidas bem mais breves que as estrelas menos massivas — enquanto o Sol já chega a mais de 4 bilhões de anos, estas estrelas duram cerca de 5 milhões de anos. Hoje, há pouco mais de 200 estrelas do tipo conhecidas em nossa galáxia, mas é provável que milhares delas existam escondidas por poeira.
Quando chegam ao fim de suas vidas, estas estrelas podem explodir em supernovas, colapsando depois em estrelas de nêutrons. Além disso, as novas medidas da massa de R136a1 podem ajudar na compreensão da formação e presença dos elementos mais pesados que hélio. Eles nascem da morte de estrelas com massa superior a 150 massas solares, que explodem em supernovas com instabilidade de pares.
Se a R136a1 realmente for menos massiva do que se pensava, isso pode se aplicar também para outras estrelas parecidas, o que sugere que as supernovas deste tipo podem ser mais raras do que o esperado. Os resultados trazem implicações importantes para a quantidade de elementos pesados no universo, já que a abundância e distribuição deles depende bastante da massa das estrelas.
Fonte: Bad Astronomy, NOIRLab, Space.com, Universe Today