Pequena Nuvem de Magalhães revela formação de estrelas no passado
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Uma equipe de astrônomos liderada por Elena Sabbi, membro do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, e Peter Zeidler, da Agência Espacial Europeia (ESA), descobriu um grupo de estrelas jovens viajando em direção ao centro de NGC 346, um grande aglomerado estelar na galáxia Pequena Nuvem de Magalhães. A região pode estar alimentando a formação de estrelas, através de um movimento de gás e estrelas seguindo uma curiosa trajetória espiral.
A Pequena Nuvem de Magalhães tem composição química mais simples que a da Via Láctea; portanto, entender como as estrelas nascem ali é forma de entender também a tempestade de novas estrelas nascendo no início do universo, cerca de três bilhões de anos após o Big Bang.
É nesta galáxia que "mora" o aglomerado estelar NGC 346, com 150 anos-luz de diâmetro e 50 mil massas solares. Com o telescópio espacial Hubble e o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul, a equipe de Sabbi investigou o comportamento deste berçário estelar: primeiro, eles mediram as mudanças nas posições das estrelas ao longo de 11 anos, e descobriram que elas se moveram por 320 milhões de quilômetros naquele intervalo.
Com o instrumento Multi Unit Spectroscopic Explorer (MUSE), do VLT, uma equipe liderada por Zeidler mediu a velocidade radial das estrelas, para descobrir se estavam se aproximando ou afastando do observador. “O que foi realmente incrível é que usamos dois métodos completamente diferentes em instalações diferentes e, basicamente, chegamos à mesma conclusão independentemente”, disse ele.
Zeidler explica que o Hubble mostrou as estrelas, e o MUSE, o movimento gasoso delas, seguindo uma trajetória espiral. “A espiral é o caminho realmente bom e natural para alimentar a formação estelar do meio externo, para o centro de um aglomerado”, disse. “É a forma mais eficiente para que estrelas e gás alimentando a formação estelar se movam para o centro”, finalizou.
Futuras observações com o telescópio espacial James Webb podem revelar estrelas menos massivas do aglomerado, permitindo que os astrônomos o observem de forma mais completa. Com o Webb, será possível medir o movimento destas estrelas, que poderá ser comparado àquele das mais massivas para que, assim, os astrônomos entendam melhor a dinâmica do berçário estelar.
Os artigos com os resultados dos estudos foram publicados na revista The Astrophysical Journal.