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60 anos explorando Marte: um resumo das missões que estudaram o Planeta Vermelho

Por| 29 de Julho de 2020 às 14h10

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NASA
NASA

A relação da humanidade com Marte pode ser distante, mas vem de longa data. Podendo ser observado a olho nu no nosso céu noturno, o Planeta Vermelho faz parte de imaginário popular desde a antiguidade, sob os mais variados pontos de vista: desde a conexão com a mitologia greco-romana (de onde vem seu nome, por sinal) até obras de ficção científica repletas de invasores marcianos.

É a ciência, contudo, que trabalha para encurtar a distância que nos separa de nosso vizinho. A corrida espacial impulsionada pela Guerra Fria foi responsável pelas primeiras missões rumo a Marte, e agora chegamos ao marco de seis décadas de falhas e acertos nas tentativas de explorar o planeta, com algumas novas missões sendo lançadas neste mês de julho. A seguir, destacamos algumas das missões mais marcantes dos últimos 60 anos quando o assunto é a exploração de Marte.

1960 a 1964: as tentativas soviéticas

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Na acirrada competição promovida pela Guerra Fria, os soviéticos saíram na frente, fazendo os primeiros lançamentos de sondas espaciais já em 1960, apenas três anos depois de colocarem em órbita seu primeiro satélite artificial, o Sputnik-1.

A primeira missão soviética para Marte tinha como objetivo investigar o espaço entre a Terra e o Planeta Vermelho, estudando a superfície marciana por meio de imagens obtidas ao se sobrevoar o planeta. Esperava-se também estudar os efeitos de longas viagens espaciais sobre os instrumentos de bordo e ainda explorar comunicação via rádio a longas distâncias.

As sondas Marsnik 1 e 2, contudo, sequer conseguiram alcançar a órbita da Terra. Quatro anos mais tarde, a sonda Zond 2 foi a primeira a se aproximar de Marte, ainda que não tenha sido possível investigar o planeta.

1965: o primeiro contato

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Menos de um ano depois do lançamento de Zond-2 pela União Soviética, os Estados Unidos passaram à frente na corrida: em 15 de julho de 1965, a sonda Mariner 4, da NASA, conseguiu alcançar Marte, enviando de volta à Terra aproximadamente vinte imagens da superfície desértica do planeta, que hoje já nos é tão familiar.

Alguns anos mais tarde, as Mariner 6 e 7 repetiram o sucesso de sua antecessora, aumentando o acervo de fotografias de Marte.

1971: chegamos para ficar

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Depois das sondas na década anterior, Mariner 9 foi o primeiro satélite artificial a alcançar a órbita de Marte, no ano de 1971. Graças ao satélite, foi possível fazer um detalhado mapeamento fotográfico da superfície do planeta, registrando inclusive traços de atividade vulcânica e erosão fluvial.

Ainda neste mesmo ano, tivemos o primeiro pouso em Marte, desta vez feito pelos soviéticos: Mars-3 foi a primeira nave a aterrissar no planeta, mas infelizmente o contato se perdeu por completo cerca de vinte segundos depois.

1976: as primeiras missões completas

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Foram necessários mais cinco anos de preparativos e estudos para termos as primeiras missões de exploração da superfície de Marte plenamente bem sucedidas. Viking 1 e Viking 2, também da NASA, tinham objetivos que iam muito além de fotografar o território: foram conduzidas também experiências no campo da biologia, averiguando a possibilidade de sinais de vida extraterrestre.

Os experimentos verificaram atividades químicas inesperadas no solo marciano, mas não foi encontrada qualquer evidência conclusiva da presença de microorganismos no entorno das zonas de aterrissagem.

1997: a retomada

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Depois de um longo período sem novidades, os anos 1990 marcaram o retorno das atividades de exploração de Marte. Mas não foi fácil: sete sondas foram perdidas nas primeiras tentativas.

Quando a NASA finalmente teve sucesso, ele veio em dose dupla. O ano de 1997 foi marcado pela missão Pathfinder, que levou o rover Sojourner a Marte em segurança para uma exploração detalhada do território ao seu redor. Em paralelo, o satélite Surveyor se estabeleceu na órbita marciana, com a missão de estudar toda a superfície de Marte, bem como sua atmosfera e o interior do planeta.

2003: ESA se junta ao time

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A Agência Espacial Europeia (ESA) lança a sonda Mars Express, que permanece em atividade até hoje, circulando Marte. A missão, contudo, não foi de todo bem-sucedida: ela também incluía a sonda Beagle-2, que deveria explorar a superfície do planeta. Beagle-2 jamais enviou qualquer sinal de volta à Terra e sua situação permaneceu um mistério até 2015, quando enfim foi avistada.

2004: os rovers Spirit e Opportunity

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Os rovers Spirit e Opportunity foram levados a Marte pela NASA para conduzir observações de caráter geológico por períodos consideravelmente longos: os dois estiveram na ativa até 2010 e 2018, respectivamente.

O Opportunity, inclusive, tem até hoje o marco da mais longa distância percorrida em outro planeta: o rover cobriu 45 quilômetros, enviando de volta à Terra mais de 200 mil fotos. Ele também foi responsável pela descoberta de umidade na atmosfera marciana.

2012: rover Curiosity (e uma dose de Brasil em Marte)

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Também uma iniciativa da norte-americana NASA, o rover Curiosity aterrissou em Marte há oito anos, sendo o único veículo robótico operando atualmente na superfície do planeta. Ainda em plena atividade, o Curiosity revolucionou nosso conhecimento sobre o Planeta Vermelho, comprovando, por exemplo, que Marte teve condições de abrigar vida microbiana em seu passado remoto. Dados recentes indicam que o planeta pode já ter tido água o suficiente para dar origem à vida como a conhecemos.

Por sinal, Ivair Gontijo, físico brasileiro, faz parte da equipe da NASA e se dedica a projetos de exploração de Marte — incluindo o rover Curiosity. Há mais de dez anos, ele ajudou a construir os transmissores e receptores do radar utilizado para o pouso do rover na superfície marciana. Ele também tem envolvimento com o rover Perseverance, que faz parte da missão Mars 2020, chegando ao seu destino em fevereiro de 2021 para buscar por bioassinaturas.

2014: Índia chega com menos gastos e mais agilidade

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Primeiro país asiático a se juntar à exploração de Marte, a Índia tem uma sonda orbitando Marte desde setembro de 2014. A Mars Orbiter Mission, como é chamada, tem por objetivo medir a presença de metano na atmosfera do planeta, tendo sido produzida em velocidade recorde, com custos reduzidos.

2020: uma nova era na exploração de Marte

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A década de 2020 é promissora para a exploração de Marte. O cenário da pandemia de COVID-19, contudo, afetou o andamento de alguns projetos.

A nova fase da missão ExoMars, desenvolvida em uma parceria entre a ESA e a Agência Espacial Federal Russa, tem como principal objetivo averiguar se já houve vida no Planeta Vermelho com o rover Rosalind Franklin. Seu lançamento estava previsto para este ano, mas dificuldades técnicas e o atual cenário global fizeram com que a missão fosse adiada para 2022.

Ainda assim, três outras missões estão sendo lançadas em julho: os Emirados Árabes Unidos lançaram sua primeira sonda marciana com a missão Hope Mars, enquanto a China também teve sucesso ao lançar a sonda Tianwen-1, em uma missão envolta em mistérios. Enquanto isso, os Estados Unidos continuam trabalhando nos preparativos da missão Mars 2020, que, tal qual a ExoMars, tem por objetivo encontrar bioassinaturas na superfície de Marte. A missão partirá nesta quinta-feira (30) e levará ao Planeta Vermelho o rover Perseverance e um helicóptero chamado Ingenuity.

Fonte: Mars Daily; NASA (1), (2), ESA