Rover marciano da ESA homenageia Rosalind Franklin, a "mãe" do DNA
A agência espacial europeia (ESA), junto com a Roscosmos (agência espacial da Rússia), vem desenvolvendo o projeto ExoMars, que enviará um rover à superfície de Marte em 2020 com o objetivo principal de buscar por assinaturas de vida. Agora, o rover foi batizado com o nome de Rosalind Franklin, a injustiçada "mãe" do DNA.
O veículo de seis rodas está sendo montado pela Airbus no Reino Unido, equipado com instrumentos científicos diversos e uma broca para perfurar o solo em busca de bioassinaturas. Sendo assim, dar ao rover o nome de uma cientista que desempenhou papel essencial na descoberta da estrutura do ácido desoxirribonucleico faz todo sentido.
A previsão de finalização da construção do robô é para o final de julho, quando a máquina será transportada a um centro de testes da Airbus na França. Então, o rover Franklin será integrado à sua cápsula de transporte, ficando pronto para que os russos façam o lançamento. O robô será enviado, de acordo com a programação oficial, entre os dias 25 de julho e 13 de agosto do ano que vem, chegando a Marte em março de 2021.
Sobre Rosalind Franklin

A cientista conseguiu registrar duas imagens de raios-X com a estrutura do ácido desoxirribonucleico, permitindo que James Watson e Francis Crick decifrassem a forma de dupla hélice do DNA. Ou seja: a dupla, que ganhou os méritos e reconhecimento quanto à descoberta do DNA, não teria conseguido fazer nada disso se não fosse a descoberta inicial de Franklin, que morreu prematuramente em decorrência de um câncer de ovário (em 1958, aos 37 anos) e, portanto, sem o devido reconhecimento.
Rosalind, em 1952, investigava o arranjo atômico do DNA usando suas habilidades na manipulação de raios-X para criar imagens a serem analisadas. Uma de suas fotos foi usada pela dupla Crick e Watson para a construção do primeiro modelo tridimensional da macromolécula de dois filamentos, o que permitiu a compreensão de com o DNA armazena, copia e transmite o chamado "código genético da vida". A dupla recebeu o Prêmio Nobel em 1962, e Franklin não foi mencionada pois Nobels não são concedidos postumamente.
E, ainda que tenha se dedicado à ciência no campo da biologia, Rosalind Franklin também era empolgada com os avanços da ciência espacial de sua época. Sua irmã, Jenifer Glynn, contou à BBC que em uma visita feita a Rosalind no hospital, já em seu último ano de vida, "ela estava animada com a notícia do satélite soviético Sputnik, o início da exploração espacial". Mas o que "ela nunca poderia imaginar é que, mais de 60 anos depois, haveria um rover enviado a Marte com seu nome, e de alguma forma isso torna esse projeto ainda mais especial", finaliza a irmã da cientista que, apesar das injustiças, tem seu nome marcado na história da ciência.
Gostou dessa matéria?
Inscreva seu email no Canaltech para receber atualizações diárias com as últimas notícias do mundo da tecnologia.