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What If...? | E se a Peggy Carter tomasse o soro do supersoldado?

Por| Editado por Jones Oliveira | 10 de Agosto de 2021 às 10h00

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Marvel Studios
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A proposta de What If…? sempre foi muito promissora. Assim como acontecia nos quadrinhos, a série se aproveita do recém-apresentado multiverso para contar histórias diferentes daquelas que a cronologia oficial nos mostrou até então. É um salvo-conduto para fazer qualquer loucura e seguir por caminhos completamente novos.

Só que o episódio de estreia da primeira da animação do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) aposta no seguro e parece ainda estar tateando as possibilidades que se abrem à sua frente. Assim, quando a série pergunta o que aconteceria se Peggy Carter tomasse o soro do supersoldado ao invés de Steve Rogers, a gente vê que a resposta não é muito diferente daquela que conhecemos.

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E essa previsibilidade não tem nada a ver com o fato de a Capitã Carter ser a personagem de What If…? que mais apareceu nos trailers e nos materiais promocionais liberados pelo Marvel Studios. O problema é que o fato de ela ter tomado o soro não muda em nada o rumo da história e, no fim, parece que estamos vendo apenas uma versão alternativa de Capitão América – O Primeiro Vingador, mas cujo roteiro é exatamente o mesmo.

Uma capitã de vanguarda

Isso não quer dizer, porém, que essa nova realidade é ruim. Na verdade, a Capitã Carter é muito melhor do que o próprio Steve Rogers conseguiu ser durante a Segunda Guerra Mundial, já que ela não precisou se submeter às ações de propaganda dos EUA e foi direto para a porradaria contra nazistas e agentes da Hidra. A grande questão é que o mundo à sua volta não sofre os impactos dessa mudança e tudo segue como a gente já conhece.

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Isso significa que, independentemente de ser Peggy Carter ou Steve Rogers, os eventos seguem sendo os mesmos: o Caveira Vermelha ainda vai atrás do Tesseract, os Aliados tentam impedir e o Capitão — ou, no caso, a Capitã — acaba fazendo o sacrifício supremo para salvar o mundo. O que muda são detalhes no meio do caminho.

Um exemplo disso é que, ao invés de virar o Capitão América, cabe a Steve Rogers assumir a armadura do Homem de Ferro, desta vez criada por Howard Stark para ajudar o soldado ferido no atentado terrorista da Hidra. Outro ponto importante de mudança é que, enquanto heroína, Peggy Carter evita a queda de Bucky na missão de infiltração a um trem da Hidra — ou seja, impedindo o surgimento do Soldado Invernal nesse universo.

Por outro lado, há um aspecto bem interessante que é pontuado no primeiro episódio de What If…?: o que aconteceria se uma mulher ocupasse essa posição de poder em plena década de 1940?

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Ainda que isso seja desenvolvido somente em alguns momentos mais pontuais da série, é curioso ver como os personagens se comportam quando veem uma mulher empunhando o escudo na linha de frente da guerra. Há sempre um comentário jocoso sobre uma possível fragilidade ou indicando que aquele não é o lugar dela — e que sempre é bem respondido com um soco ou um chute. Só é uma pena que essa questão não seja tão bem explorada e não traga consequências para o roteiro, limitando-se a uma provocação aqui e uma resposta atravessada acolá.

Uma Capitã muito mais porradeira

Provando que a vocação das Capitãs da Marvel é não economizar na porradaria, Peggy Carter é uma excelente heroína. Já em sua primeira missão de campo para resgatar Bucky e o Comando Selvagem dos nazistas, ela prova que sabe o que faz e entrega uma cena de ação capaz de fazer inveja aos marmanjos do MCU. É o tipo de sequência que seria histórica se tivesse acontecido em live action.

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Para dar conta disso tudo, Carter ganha seu próprio uniforme. E, por ser britânica, o traje e o escudo não têm nada de azul e estrelas brancas, carregando em seu lugar a Union Jack da bandeira da Grã-Bretanha. E talvez essa seja a grande referência que o Marvel Studios reservou para os fãs de quadrinhos nesse primeiro episódio de What If…?.

Embora Carter não seja chamada dessa forma em momento algum, não há como não fazer a relação entre a personagem e o Capitão Britânia, um herói da Marvel nos quadrinhos que nada mais é do que uma espécie de Capitão América inglês. Seus poderes incluem força e habilidades sobre-humanos — tal qual um supersoldado —, além da capacidade de voar que foram obtidos graças ao mago Merlin. Além disso, ele ainda luta usando uma espada ao invés do escudo de sua contraparte estadunidense. Na série, Peggy Carter mostra que o melhor é usar ambos.

E é realmente muito bom vê-la em ação, usando e abusando desses equipamentos. Por What If…? ser uma animação, o Marvel Studios teve um pouco mais de liberdade para criar movimentações exageradas e que deixam a heroína bem mais badass durante o combate. Ela arremessa carros com facilidade, dá pirueta, soca nazista com o escudo, derruba aviões e ainda encontra tempo para fatiar um monstro cósmico com sua espada.

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Sim, um monstro cósmico. Talvez essa seja a principal grande diferença do primeiro episódio da série em relação a Capitão América: O Primeiro Vingador em termos de eventos. Enquanto o Caveira Vermelha do filme queria o Tesseract para ter uma fonte de energia poderosa o suficiente para destruir Nova York, a sua variante de What If…? é ainda mais insana e usa o artefato para abrir um portal que invoca um ser cheio de tentáculos para consumir o mundo.

Há quem diga que esse monstro é ninguém menos do que Shuma-Gorath, uma entidade mística da Marvel que é basicamente um grande olho com infinitos tentáculos (um equivalente a Cthulhu, de H.P. Lovecraft) e, em termos de história, até faz sentido que possa ser ele. Contudo, o episódio não revela a identidade da criatura — e tampouco faz diferença, já isso não muda a história em nada e a lâmina de Capitã Carter segue implacável contra ela.

O que aconteceria se...

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O curioso aqui é ver como a invocação desse ser pela Hidra acaba substituindo o sacrifício de Steve Rogers no primeiro Capitão América. Enquanto o filme colocou o herói dando a sua vida para impedir que o avião com o Tesseract chegasse aos Estados Unidos, Peggy Carter entra para essa dimensão desconhecida para impedir que o monstro invada o seu mundo. Assim, ao invés de ficar congelada, ela passou 70 anos lutando contra alguma entidade em outro plano de existência. Novamente, muito mais badass.

E provando de uma vez por todas que o fluxo da história não mudou em nada com a transformação de Carter na supersoldada, ela retorna em 2012 após Nick Fury usar o artefato — espelhando a volta de Steve Rogers na cena que antecede o primeiro Vingadores. Dessa forma, a série dá a entender que a iniciativa de Fury vai seguir de forma parecida com aquela que a gente conhece, desta vez sob a liderança da Capitã Carter.

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A diferença fica em torno dos eventos futuros, já que não teremos o surgimento do Soldado Invernal e é isso que muda tudo dentro dessa realidade. Sem Bucky sendo controlado mentalmente para se tornar um assassino, Howard Stark não é assassinado e não há nem mesmo a Guerra Civil. Isso também pode impactar na construção da persona de Tony Stark, implicando inclusive em ele não se tornar o Homem de Ferro — lembrando que a primeira versão da armadura aparece ainda durante a guerra. E aí pode ser que não tenhamos um Ultron e, por consequência, não há o Tratado de Sokovia e muito menos um Visão, ou seja, pode esquecer WandaVision.

Em outras palavras, esse universo em que Peggy Carter usa o soro do supersoldado tem potencial para ser totalmente diferente, só que a Marvel optou por não mostrar nada disso. São as histórias que acontecem após o término do episódio que contêm o espírito das histórias de "o que aconteceria se", mas o estúdio achou melhor reprisar o roteiro de Capitão América: O Primeiro Vingador. E é curioso como isso vai na contramão do próprio discurso vanguardista que o capítulo insinua em alguns momentos: é como se o Marvel Studios não acreditasse no potecial da heroína e preferisse que ela seguisse o caminho já trilhado pelo Capitão América, ignorando do que a personagem é capaz.

É claro que isso pode ser continuado em algum episódio no futuro, mas não há como negar que o primeiro episódio de What If...? deixa um amargo gostinho de "Só isso?". Talvez em outro multiverso o estúdio tenha sido mais corajoso. Sorte das nossas variantes que vivem lá.