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Clássicos do cinema: 10 dos melhores filmes dos anos 1970

Por  • Editado por Jones Oliveira |  • 

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Como sabemos da diversidade do nosso público, pensamos nesse resgate de clássicos do cinema. Muitos deles, claro, não precisam ser exatamente resgatados — afinal, permanecem presentes no imaginário de quem os assistiu ou, ainda, fazendo parte de nossas formações. Acontece que, nos streamings mais populares, proporcionalmente, pouco há do catálogo de antes da década de 1990.

Agora vamos aos anos 1970, década das mais prolíficas da história do cinema. Foi nesse período que o mundo viu surgir a Nova Hollywood. E era uma turma de peso: Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, George Lucas, Brian De Palma, Peter Bogdanovich, Michael Cimino, Paul Schrader...

Embora o movimento, para muitos teóricos, tenha iniciado em 1967, com o clássico Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (de Arthur Penn), seu firmamento e auge foi em 1972, com a chegada de O Poderoso Chefão (de Coppola) e Essa Pequena é uma Parada (de Bogdanovich). A Nova Hollywood criou um novo modelo de cinema, com filmes que retratam uma realidade mais crua, sendo influenciados pela arte independente de John Cassavetes e pelos trabalhos de Robert Mulligan, Penn, Robert Aldrich, Sam Peckinpah, Don Siegel, entre outros.

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É verdade, de todo jeito, que a nossa lista poderia ser bem maior, pois sabemos que deixamos de fora alguns filmes muito queridos e gigantescos para o cinema. É impossível escolher apenas 10 de uma década inteira. Mesmo assim, nas redes sociais, toda indicação será bem-vinda!

Vamos, então, à mais uma lista do Canaltech de clássicos do cinema, com 10 dos melhores filmes dos anos 1970:

10. O Império dos Sentidos

Escrito e dirigido por Nagisa Ôshima, o filme é das experiências eróticas mais bem construídas do cinema. É uma narrativa apaixonada de uma mulher cujo caso com seu mestre levou a uma relação sexual obsessiva e destrutiva. Ôshima conduz o filme com paixão e, assim sendo, só agiganta o que se passa. Ele retrata tudo com detalhes extraordinariamente vívidos, sempre com muita beleza.

É verdade que a repetição — necessária para o efeito — pode chocar alguns e entediar outros, mas há tanto para além da superfície de O Império dos Sentidos que fica impossível desconsiderar sua potência. Ainda existe o subtexto de crítica à sociedade japonesa, que acompanha cada momento do filme — ela (essa crítica) é sutil, mas não menos poderosa que o conjunto da obra.

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9. Alien, O Oitavo Passageiro

Depois que uma nave mercante espacial recebe uma transmissão desconhecida como um pedido de socorro, um dos tripulantes é atacado por uma forma de vida misteriosa e eles logo percebem que seu ciclo de vida apenas começou. Esse mote dá vida a um dos filmes mais emblemáticos e referenciados da história. O terror espacial de Ridley Scott vive no imaginário, tomou conta de gerações e permanece ativo com sequências que parecem não dar conta da potência do filme de 1979.

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8. Inverno de Sangue em Veneza

Um casal de luto pela morte recente de sua filha está em Veneza quando encontra duas irmãs idosas, uma das quais é vidente e traz um aviso do além. O diretor Nicolas Roeg é um gênio em preencher a tela com formas ameaçadoras. Suas composições imagéticas vão muito além da beleza; cada quadro tem a intenção de causar sensações.

A cidade de Veneza, aqui, é utilizada como nunca. O fim do outono, o início do inverno... tudo beira a perfeição em um filme íntimo e, simultaneamente, intimidador.

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7. Laranja Mecânica

Stanley Kubrick é um dos maiores de todos os tempos e um dos reis das décadas de 1960 e 1970. Aqui em nossa lista, portanto, poderia estar, além de Laranja Mecânica, a obra-prima Barry Lyndon. Por outro lado, nosso escolhido é dos filmes mais populares e comentados do perfeccionista diretor nova-iorquino.

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Na história, o líder sádico de uma gangue é preso e se voluntaria para um experimento de aversão à conduta, mas não sai como planejado. Isso é só a superfície de um filme que comenta sobre opressão, revolução, degradação humana... É uma distopia futurística, escrita pelo próprio Kubrick — adaptada do romance de Anthony Burgess — que, pouco a pouco, prova-se como uma realidade assustadora.

6. O Exorcista

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É verdade que, ano após ano, o público vai se afastando desse que é um dos mais cultuados filmes de terror da história do cinema. Muito provavelmente, o medo que ele causou décadas atrás foi sendo pulverizado e os efeitos práticos foram ficando um tanto quanto datados. Mas o poder de O Exorcista não está aí; está na direção potente de William Friedkin.

Ele construiu um filme de gênero liderado por um drama religioso e familiar. Existe empatia para com a pequena Regan (Linda Blair), para com sua família e para com os padres. Em resumo, é um dos maiores exemplares da história da luta do bem contra o mal, que é fadada por um sacrifício.

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5. Stalker

Um dos maiores cineastas que já passaram pela terra foi bem prolífico na década de 1970. Andrei Tarkovsky poderia ter, além de Stalker, Solaris (1972), O Espelho (1975) e Pervyy den (1979) em nossa lista. Acontece que o nosso escolhido continua sendo uma das produções mais conhecidas e reverenciadas do gênio soviético. Não é, de forma alguma, um filme fácil: com seu ritmo sonâmbulo sendo uma desvantagem significativa em relação a outros da lista.

Ainda assim, o tempo proposto pela direção é necessário para o desenvolvimento da história; nunca é um fetiche, mas uma forma de alcançar a experiência plena. Ainda, o filme tem qualidades que o tornam difícil de esquecer e, seguindo um guia que conduz dois homens por uma área conhecida como Zona para encontrar uma sala que conceda desejos, o trabalho de Tarkovsky fecha-se em uma unidade monumental.

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4. Taxi Driver: Motorista de Táxi

Essa obra-prima de Martin Scorsese é tida como um dos melhores e mais completos estudos de personagem já realizados. Tudo aqui é único e pensado no limite da perfeição.

A começar pela fotografia de Michael Chapman, por exemplo, que traduz a ideia da direção deixando Nova York esverdeada ao trabalhar com a iluminação pública (dos postes mesmo) nessa direção. Não deixou o filme com uma beleza convencional, deixou sujo como a mente contorcida do protagonista (Travis Bickle — interpretado por Robert De Niro), criando, assim, uma unidade muito coesa. Um filmaço.

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3. Noite de Estreia

Uma Mulher Sob Influência (1974) seria mais óbvio ao escolher um filme do mago do cinema independente dos EUA — e do mundo. Por outro lado, Noite de Estreia vai além dos universos de sua protagonista. O texto e a direção de John Cassavetes — que também atua aqui — não só conseguem construir um legado sólido sobre a consumação da vida pelo tempo, um estudo de personagem extremamente rico e psicologicamente destruidor, como retroalimenta a significação do que é viver sob o que se ama.

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Por mais que vejamos uma mulher doente em uma luta versus ela mesma, há uma digladiação que transcende o próprio filme. Na história, uma atriz renomada interpretada por Gena Rowlands — em uma das maiores atuações da história do cinema — oscila à beira de um colapso enquanto conta os dias para uma grande estreia na Broadway.

2. Tubarão

Tubarão é um clássico que parece sempre atual. Sendo um dos primeiros trabalhos de Steven Spielberg, o filme já trazia todo o estilo entertainer do diretor que, aliado aos seus sempre sugestivos comentários sociais e à sua competência artística, acabou criando ou redefinindo o conceito de blockbuster.

Além disso, a composição de John Williams para a trilha sonora é das mais emblemáticas da história: um intervalo simples, entre duas notas, substitui a aparição do tubarão durante mais de dois terços das pouco mais de duas horas de duração. Sabemos que o bicho está presente e quem indica isso é a música. Um clássico, um trabalho que moldou o cinema em mais de uma camada.

1. O Poderoso Chefão

Francis Ford Coppola está em sua década perfeita: ele começa com O Poderoso Chefão (1972), dois anos depois lança A Conversação e O Poderoso Chefão II e, finalizando, traz para o público aquele que talvez seja o filme de guerra mais completo e complexo já realizado: Apocalypse Now (1979). Foram quatro obras-primas em sete anos.

Assim, pode ser muito clichê posicionar na primeira posição a primeira delas. Por outro lado, é quase impossível não o fazer, visto que ele estaria nas primeiras posições de uma lista que unisse todas as décadas. Há muito o que explorar no efeito causado pela decupagem de Coppola, pelos planos utilizados, pela direção de arte que faz cada figurino ser um conceito simbólico a léguas da estética pela estética, pelas atuações, pela composição autoplagiada de Nino Rota...

Há, em O Poderoso Chefão, uma aura de perfeição quem nem mesmo as cenas de ação ainda em desenvolvimento na década de 1970 — definidas ou redefinidas pela ascensão da franquia 007 e potencializadas nos anos 1980 —, claramente dubladas, podem esconder. O filme de Coppola pode ser visto como o cinema em sua mais perfeita harmonia. Uma obra-prima das maiores de todos os tempos.

Bônus: Star Wars: Episódio 4 — Uma Nova Esperança

Entre as dezenas de bônus possíveis, escolhemos este que é, de longe, o mais popular da década de 1970 e que permanece vivo até hoje, sendo a semente de culto — de religião mesmo.

Com o termo blockbuster sedimentado por Tubarão, o primeiro filme da franquia Star Wars não criou somente uma mitologia, mas, na prática, fundou o que viria a ser chamado de filme-evento (termo explorado pelo Universo Cinematográfico Marvel — MCU). A produção de George Lucas renderia, a partir do seu lançamento, um universo expansível e criativo sem precedentes na história do cinema.