Publicidade

A Grande Entrevista | Qual é a história real por trás do novo filme da Netflix?

Por  • Editado por Durval Ramos |  • 

Compartilhe:
Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix
Tudo sobre Netflix

Um escândalo no coração da família real britânica é o tema de A Grande Entrevista, uma das principais estreias da Netflix em abril de 2024. Com lançamento marcado para a próxima sexta-feira (5), o longa estrelado por Gillian Anderson (Arquivo X) mergulha nos bastidores da conversa entre a apresentadora da BBC Emily Maitlis e o Príncipe Andrew após o monarca se envolver em um escândalo sexual internacional.

No longa, o Duque de York e já conhecido de quem assiste The Crown é interpretado pelo ator Rufus Sewell (Caleidoscópio). É por meio dele, também, que o que deveria ser um esclarecimento sobre suas relações com o abusador condenado Jeffrey Epstein se torna uma bomba sobre a realeza britânica. 

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

O foco, porém, parece estar mais sobre os bastidores da cobertura da BBC e os eventos que levaram à entrevista do que sobre a fala de Andrew em si. A tensão que antecipou toda a cobertura é transformada em filme pelo olhar da produtora Sam McAlister (Billie Piper), parte de um grupo de mulheres que capitaneou o trabalho e escandalizou a coroa.

A Grande Entrevista é baseado em fatos reais

Toda a trama de A Grande Entrevista gira em torno da cobertura de um caso real envolvendo o Príncipe Andrew após ter sido descoberta uma conexão sua com magnata americano Jeffey Epstein, condenado por diferentes crimes sexuais, que iam de abuso de menores de idade a tráfico de pessoas. Mais do que isso, o milionário — morto em 2019 após se enforcar na prisão — mantinha contato com várias celebridades e pessoas do alto círculo de poder, como o príncipe britânico.

É a partir dessa relação entre os dois que o filme da Netflix se desenvolve, mostrando como uma equipe de jornalista da BBC conseguiu conversar com Andrew depois de muita luta. Foram nove anos de cobertura e tentativas com uma realeza sempre arredia. A saga, que começa em 2011 com a publicação de fotos de Epstein e Andrew caminhando pelo Central Park, em Nova York, escalou para a remoção do príncipe dos cargos oficiais que ocupava. @

Afinal de contas, estamos falando do irmão do Rei Charles III, atual soberano do Reino Unido. À época, ele era o oitavo na linha de sucessão ao trono e atuava há 10 anos como representante especial do território para comércio internacional e investimento. Em 2007, aliás, ele chegou a visitar o Brasil oficialmente para assinar acordos de cooperação científica com o nosso país.

Enquanto isso, se desenrolava na imprensa britânica uma cobertura que esquentava e esfriava com o passar do tempo. As reportagens publicadas durante o período envolveram um auxílio financeiro de Andrew a Epstein no valor de 15 mil libras, em 2011, e citações oficiais em inquéritos do FBI sobre os abusos que eram praticados na ilha que pertencia ao milionário.

O príncipe, aliás, foi citado como um dos homens a manterem relações sexuais com Virginia Giuffre, uma das vítimas do esquema de Epstein, enquanto ela ainda era uma menor de idade. O abuso teria acontecido em múltiplas ocasiões que envolviam viagens de avião particular e transferências de US$ 15 mil; em uma das imagens que constam no processo e foram divulgadas pela imprensa à época, inclusive, os dois aparecem abraçados. @

Continua após a publicidade

Enquanto ela era uma das testemunhas principais da justiça americana desde 2006, a família real britânica negava o envolvimento do Príncipe Andrew, chegando a afirmar que a imagem era forjada. Giuffre, inclusive, chegou a alegar que os abusos aconteceram sob coerção, com Epstein e sua então esposa, Ghislaine Maxwell, afirmando que ela seria morta violentamente se “ousasse” se negar ao ato.

As tentativas mal-sucedidas de McAlister e sua equipe de conseguir uma fala oficial de Andrew mudaram de curso na medida em que o FBI se aproximava do príncipe. Quando se aproxima a possibilidade de uma batida policial na residência de Epstein, que inevitavelmente revelaria as relações entre eles, a realeza acaba concordando com a entrevista para contar seu lado da história.

Continua após a publicidade

Na vida real, A Grande Entrevista foi exibida em 2019

A conversa que dá título ao novo filme da Netflix aconteceu em 14 de novembro de 2019 e foi exibida dois dias depois pelo Newsnight, da BBC britânica — hoje, ela está disponível na íntegra no YouTube. O que deveria servir como uma tentativa de limpar a barra do Príncipe Andrew acabou saindo pela culatra quando ele se contradiz diversas vezes.

Entre outras trapalhadas, ele negou ter mantido relações com Giuffre e disse nem mesmo se lembrar dela. Por outro lado, o príncipe confirmou que foi hospedado por Epstein diversas vezes e, inclusive, disse não se arrepender da amizade com o abusador, afirmando que as pessoas que conheceu por intermédio dele abriram oportunidades que foram muito úteis.

Continua após a publicidade

O resultado foi um escândalo considerado como o maior desde a morte da Princesa Diana, em 1997. Nos dias e semanas após a transmissão da entrevista, assessores e secretários ligados ao príncipe anunciaram suas saídas do cargo, enquanto o Parlamento se posicionava para pedir sua renúncia.

Quatro dias depois, o Palácio de Buckingham anunciou a suspensão de Andrew de suas funções públicas, com uma remoção completa destas tarefas sendo confirmada em maio de 2020. A repercussão também atingiu o posto ocupado por ele na Universidade de Huddersfield, onde era chanceler, uma copa de golpe em seu nome voltada à descoberta de jovens talentos e contratos de patrocínio a instituições em prol do empreendedorismo lideradas pelo monarca.

Agora, os bastidores dessa história ganham nova luz pelas mãos da Netflix. A Grande Entrevista estreia no serviço nesta sexta, 5 de abril, com direção de Philip Martin (The Crown) e roteiro de Peter Moffat (Silk) e Geoff Bussetil (Skins). No elenco, também estão Keeley Hawes (Orphan Black), Romola Garai (Vigil) e Aoife Hinds (Hellraiser: Renascido do Inferno).