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Oppenheimer | Como Nolan recriou a explosão da bomba atômica?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Julho de 2023 às 21h30

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Universal Pictures
Universal Pictures

O diretor Christopher Nolan queria que Oppenheimer, seu novo filme sobre o pai da bomba atômica, exibisse nas telonas o efeito da explosão de uma bomba nuclear sem o uso de CGI. E ele conseguiu este feito graças a uma equipe brilhante, a muitos experimentos e a um velho truque do cinema.

Nolan é conhecido por exigir rigor quase científico para obter realismo em algumas de suas cenas. Vimos o melhor exemplo disso em Interestelar, obra que incluiu uma simulação de um buraco negro supermassivo que seguiu com exatidão os modelos matemáticos e as orientações de cientistas.

Quando o diretor revelou que não usaria CGI para a explosão nuclear de seu novo filme, algumas pessoas brincaram na internet com a ideia de Nolan explodir uma bomba real. Bem, de certa forma, isso até aconteceu: a equipe de produção usou mesmo algumas bombas, mas nada que pudesse representar riscos a qualquer ser vivo.

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Como Nolan criou a bomba nuclear em Oppenheimer?

Para recriar o Teste Trinity — a primeira vez que uma arma nuclear foi detonada —, a equipe utilizou uma técnica clássica chamada perspectiva forçada, popularmente conhecida como truque de câmera. Ela consiste em fazer coisas pequenas parecerem grandes perto de outros objetos e vice-versa.

Essa técnica, embora muito antiga, ainda é usada nos dias de hoje quando os diretores não querem recorrer à computação gráfica. Como exemplo, pense no interior das casinhas dos hobbits, nos filmes da saga O Senhor dos Anéis. Ali, tudo foi construído em dois tamanhos diferentes: um pequeno, para Gandalf parecer grande, e outro grande, para os hobbits parecerem pequenos.

No caso da bomba de Oppenheimer, Nolan e sua equipe criaram uma explosão real em miniatura, com alguns elementos que simularam os efeitos do brilho ofuscante e da nuvem de cogumelo típica das bombas nucleares. Ao filmá-la bem de perto, criou-se uma ilusão óptica bem convincente para os espectadores.

O que é CGI e por que Nolan não usou?

Também conhecido como efeitos visuais, CGI ("Computer Graphic Imagery") é toda e qualquer técnica para produzir imagens por computador. São os famosos efeitos especiais que podem adicionar desde pequenos detalhes a uma cena, até compor filmes completos.

Hoje, os grandes estúdios de computação gráfica conseguem produzir todo tipo de efeito visual, e certamente poderiam criar uma explosão atômica bastante realista. Mesmo assim, Nolan preferiu algo menos "perfeitinho". É que, para ele, explosões reais são mais caóticas e confusas do que os computadores poderiam gerar.

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Em uma entrevista à revista Empire, Nolan disse que “a coisa mais óbvia a fazer seria criar todas [as explosões] com computação gráfica, mas eu sabia que isso não alcançaria o tipo de natureza tátil, irregular e real do que eu queria”.

Ao The Hollywood Reporter, ele explicou: “CGI é inerentemente bastante confortável de se olhar. É seguro, anódino. E o que eu disse a Andrew [Jackson, o supervisor de efeitos visuais do filme] em Oppenheimer foi 'isso não pode ser seguro. Não deve ser confortável olhar para isso. Tem que ter mordida. Tem que ser bonito e ameaçador em igual medida’”.

Para isso, eles decidiram criar o incêndio com uma combinação de gasolina, propano e pó de alumínio, enquanto o magnésio foi usado para criar um flash ofuscante. “Nós realmente queríamos que todos falassem sobre aquele flash, aquele brilho. Então tentamos replicar isso o máximo que pudemos”, disse outro supervisor de efeitos especiais, Scott R. Fisher.

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Antes de chegar a um resultado satisfatório, eles usaram vários experimentos, “alguns em escala gigante, usando explosivos e sinalizadores de magnésio, e grandes explosões de pólvora negra de gasolina”, disse Fisher, ao SyFy. “E alguns [experimentos] absolutamente minúsculos, usando interações de diferentes partículas, diferentes óleos, diferentes líquidos”.

Explosão nuclear vs explosão no cinema

Claro, nada produzido por Nolan e sua equipe se compara à bomba real usada no Teste Trinity pelo Projeto Manhattan, sob a direção de Julius Robert Oppenheimer. A explosão ocorrida em 1945 gerou energia equivalente a 24,8 quilotons de TNT e derreteu areia do deserto onde o teste ocorreu, transformando-a em um vidro verde radioativo.

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Além disso, a explosão criou uma onda de choque sentida a 160 km de distância e uma nuvem em formato de cogumelo com 12,1 km de altura. Após a poeira abaixar, foi revelada uma cratera de 80 m de largura.

Nolan não revelou a fórmula usada para gerar a explosão realista de Oppenheimer, mas parece que seu objetivo foi alcançado — e você pode conferir o resultado por conta própria, pois o filme está em exibição nos cinemas desde 21 de julho.

Fonte: The Hollywood Reporter, SYFYBusiness Insider