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Novo dinossauro semiaquático parecido com um pato é achado: conheça Natovenator

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Lee et al./Yusik Choi/Communications Biology
Lee et al./Yusik Choi/Communications Biology

Paleontólogos descreveram uma nova espécie de dinossauro da família dos raptores com uma característica raríssima — o animal era semi-aquático, ou seja, era muito bem adaptado para caçar em grandes corpos de água. Chamado Natovenator polydontus, o antigo réptil lembra bastante os atuais cormorões, ou corvos-marinhos, pássaros que mergulham profundamente em busca de presas. "Nato" é latim para nadar, e "venator", para caçador, enquanto "polys" significa muito ou muitos, e "odous", dentes.

Assim como seus colegas do clado dos dinossauros, o N. polydontus era não-aviano, ou seja, não era relacionado às aves, e tinha o tamanho aproximado de um pato moderno. O fóssil que baseou a descrição científica foi encontrado no Deserto de Gobi, no sul da Mongólia, e apresentava um bico achatado com dentes, além de patas semelhantes às de uma galinha, eficientes para movimentação aquática.

Ele não é o único que podia nadar e caçar embaixo d'água: já provamos que Espinossauros faziam o mesmo, o que o deixa no páreo duro de quem seria o primeiro dinossauro realmente semiaquático já descoberto. Resta aos cientistas debater e trazer o ganhador à tona no futuro.

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O dinossauro "pato" e seu habitat

De pescoço longo e bem posicionado para caçar, o Natovenator tinha um corpo bastante hidrodinâmico, ou seja, reto, simplificado e otimizado para o mergulho sem muita resistência. Ele teria vivido há cerca de 77 milhões de anos, mas os pesquisadores ainda não puderam cravar uma data exata, com a estimativa o colocando no final do Período Cretáceo. Ele teria convivido com criaturas como o Alectrosaurus, um carnívoro semelhante a um tiranossauro, e o Nemegtosaurus, um enorme herbívoro parecido com um brontossauro.

Atualmente, a região de Gobi é um deserto, o que torna estranha a presença de um animal semi-aquático no local, certo? Bem, há dezenas de milhares de anos, o habitat seria cheio de água doce, sazonalmente árido, mas abrigo para diversas espécies aquáticas, como artrópodes, já encontrados nos mesmos sedimentos compartilhados pelo Natovenator.

Com inúmeros dentes no bico, a criatura poderia segurar presas com facilidade, não importa o quão escorregadias: é provável que o dino se alimentasse principalmente de peixes, mas não há como cravar a hipótese. Poucos espécimes similares foram encontrados até hoje, o que também dificulta saber como o N. polydontus se extinguiu, já que não há ligações óbvias entre grandes eventos e a espécie. É quase certo, no entanto, que ele não tenha sobrevivido para ver a queda do asteroide de Chicxulub, há 66 milhões de anos, que extinguiu todos os seus primos.

Além de representar um grande achado ao revelar uma nova espécie, o Natovenator também representa um marco ao reforçar a possibilidade da adaptação semi-aquática de alguns dinossauros não-avianos — antigamente, se acreditava que eles poderiam ser apenas terrestres. Com ele, sabemos um pouco mais do pequeno grupo de raptores chamados Halszkaptores. Havia, anteriormente, dúvidas sobre a veracidade de restos já encontrados da espécie, já que haviam sido adquiridos de colecionadores, e, portanto, sujeitos a fraude.

Neste caso, o fóssil foi encontrado e descrito pelo mesmo cientista, o que garante maior veracidade e rigor científico. É o primeiro raptor que mostrou uma adaptação mais parecida com a de um pato — inclusive no formato de torpedo — do que a de um leopardo, tanto fisiologicamente quanto comportamentalmente, pelo que se pôde aferir pelos restos, que incluíam uma caixa torácica completa. É um ótimo respiro de diversidade a animais que pensamos já conhecer tão bem.

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Fonte: Communications Biology