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Novo dinossauro pescoçudo e anão é encontrado no interior de São Paulo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Setembro de 2022 às 12h38

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Reprodução: Dariusz Sankowski/Pixabay
Reprodução: Dariusz Sankowski/Pixabay

Em ocorrência inédita no continente americano, paleontólogos encontraram e classificaram um saurópode anão, um "pescoçudo nanico" do clado dos titanossauros que media apenas entre 5 e 6 metros de comprimento. Nomeado Ibirania parva, a nova espécie ficou, por muito tempo, creditada como uma forma juvenil de algum dino maior, mas análises mais profundas confirmaram o tamanho adulto reduzido.

A descoberta foi o que gerou a necessidade de um nome científico novo: Ibirania é herança do município de Ibirá, a 420 km da cidade de São Paulo, na região de São José do Rio Preto, onde o primeiro fóssil do saurópode foi encontrado. Já parva vem da palavra em latim que significa "pequeno".

O primeiro achado da espécie aconteceu na década de 2000, sendo trabalhado e descrito pela paleontóloga brasileira Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), co-autora do artigo que descreve a agora nova espécie, publicado no periódico científico Ameghiniana.

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Medindo ossos do pequeno pescoçudo

A pesquisa sobre o dinossauro seguiu com o encontro de outros ossos fossilizados, e sua descrição contou com vértebras variadas, rádio e ulna — ossos das patas dianteiras que, nos humanos, correspondem à parte do braço em que se ligam as mãos — e alguns ossos traseiros. Estima-se que os I. parva tenham vivido há cerca de 80 milhões de anos, 20 milhões de anos antes da extinção de todos os dinos.

Alguns sinais, segundo os pesquisadores, ajudam a saber a idade do espécime: à medida que crescem, as vértebras dos dinossauros passavam por uma fusão de suturas, isto é, as articulações entre os ossos vão perdendo cartilagem e elas começam a se unir. Esse processo varia de espécie para espécie, e, nos saurópodes, costuma começar no pescoço e seguir até a cauda.

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As estruturas celulares dos ossos de I. parva foram analisadas por tomografia computadorizada, mostrando que a estrutura óssea do dino já era adulta, mostrando que ele era naturalmente pequeno — como outras espécies anãs ao redor do mundo. Os parentes do mesmo clado, no Brasil, já não eram tão grandes, chegando aos 10 m, diferente dos titanossauros argentinos, com mais de 30 m em algumas espécies.

Por que o dinossauro ficou nanico?

Anteriormente, só havíamos encontrado saurópodes anões na Europa, em regiões que, durante a Pangeia, eram arquipélagos. A hipótese mais aceita é que o nanismo insular tenha ocorrido, ou seja, a competição por recursos em um ambiente reduzido favoreceu os pescoçudos menores e levou a uma diminuição da espécie. Na última Era do Gelo, isso levou ao surgimento de elefantes anões nas ilhas mediterrâneas.

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Ibirá, no entanto, não fazia parte de um sistema de ilhas na época do I. parva — mas era um ambiente semidesértico, pobre em recursos naturais em estações secas e cercava-se de montanhas, que dificultavam a passagem dos animais locais para outras áreas. A teoria é de que essa condição isolada e pouco convidativa possa ter "rebaixado" os saurópodes e gerado o nanismo.

Fonte: Ameghiana