Conheça 5 mulheres que marcaram a ciência
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela | •
A história da ciência é marcada por mulheres que fizeram grandes contribuições, como Marie Curie, Ada Lovelace e outras. Mas, muitas vezes, suas descobertas ficam esquecidas por motivos diversos, muito relacionados à época em que a exclusão as impedia de estudarem ou seguir carreiras nestas áreas.
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Além da exclusão, houve também casos em que aquelas que fizeram descobertas e invenções significativas não foram reconhecidas — e, para completar, seus trabalhos acabaram creditados a homens.
Pensando nisso, o Canaltech destacou a história de algumas destas pioneiras, que fizeram grandes contribuições para as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
5 mulheres que fizeram história na ciência
Abaixo, saiba mais sobre o trabalho de Ada Lovelace, Marie Curie e outras pioneiras da ciência:
1. Hipácia de Alexandria
Nada mais justo do que começar esta publicação destacando as contribuições daquela que se tornou a primeira mulher cientista da história. Estamos falando de Hipácia (ou Hipátia) de Alexandria, neoplatonista grega e filósofa do Egito Romano. Ela viveu entre 355 e 415 d.C. e foi chefe da escola platônica de Alexandria, onde ensinou filosofia e astronomia.
Além disso, Hipácia escreveu vários textos sobre geometria e álgebra. Enquanto lecionou na Academia de Alexandria, ela ficou conhecida por suas habilidades de solução de problemas matemáticos — Hipácia se envolveu tanto com sua área de atuação que, quando questionada sobre o porquê de nunca ter se casado com um homem, dizia que era “casada com a verdade”.
Quer mais? Pois saiba que ela está por trás de diversas invenções, como o hidrômetro (medidor volumétrico da água) aprimorado e do astrolábio (instrumento que media a altura dos astros em relação ao horizonte). Ah, ela também escreveu muitas das obras que estiveram na Bibioteca de Alexandria, a mais célebre biblioteca da história da humanidade.
2. Ada Lovelace
Ada Lovelace entrou para a história por ter sido a primeira programadora (da história!) bem antes de os computadores pessoais terem sido inventados: foi ela quem escreveu o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina. O feito é fruto de sua educação desde cedo.
Na verdade, ela nasceu com Augusta Ada Byron, sendo a única fiha legítima do poeta romântico Lord Byron. Sua mãe fez questão de desenvolver na filha o interesse pela lógica e pela matemática — para isso, Ada foi mentorada durante a juventude por Augustus De Morgan, o primeiro professor de matemática da Universidade de Londres.
Depois, Lovelace trabalhou com o matemático e engenheiro Charles Babbage. Ela traduziu um artigo em italiano sobre o mecanismo analítico de Babbage e acrescentou suas considerações sobre o funcionamento da Máquina Analítica de Babbage.
No fim das contas, sua tradução e anotações se tornaram um algoritmo que poderia ser processado por máquinas, ou seja, surgiu ali o primeiro programa de computador.
3. Marie Curie
É impossível falar sobre mulheres pioneiras na ciência sem destacar Marie Curie e suas descobertas sobre a radioatividade. Nascida em 1867 em Varsóvia, a iniciação científica da polonesa Marie Skłodowska Curie começou na Universidade de Sorbonne, em sua cidade natal, quando tinha apenas 24 anos — ela não pôde frequentar a Universidade de Varsóvia, como seu irmão, porque a instituição proibia o ingresso de mulheres.
Já em 1886, ela passou a estudar as radiações emitidas por sais de urânio. Junto de Pierre, seu marido, Marie estudou também materiais que produziam radiação — foi assim que ela descobriu novos elementos, como o polônio. As pesquisas de Curie sobre o fenômeno da radiação lhe renderam o Prêmio Nobel de Física em 1903. A Academia francesa propôs que Pierre e Henri Becquerel recebessem o prêmio, mas seu marido fez questão de que ela pudesse compartilhar a honra.
Depois, em 1911, o isolamento do elemento rádio rendeu a Marie o Prêmio Nobel de Química, tornando-a a primeira mulher a receber dois prêmios Nobel. Curie morreu em 1934 aos 66 anos, devido a uma leucemia causada pela exposição à radiação sem proteções adequadas.
4. Margaret Hamilton
Foi em 1969 que os primeiros humanos foram à Lua com a missão Apollo 11. Muito da vitória dos norte-americanos sobre os rivais da União Soviética na corrida espacial se deve ao trabalho da equipe da cientista da computação e engenheira de software Margaret Hamilton, que criou o programa de voo da missão.
Hamilton e seus colegas foram responsáveis pela criação de manutenção do software de bordo, necessário para evitar que a espaçonave viajasse ao redor da Lua e, claro, garantir que conseguisse pousar. O software era tão robusto que permitiu o sucesso da missão em um momento crítico: quando faltavam só três minutos para o pouso, os alarmes do módulo lunar soaram.
Naquele momento, as atividades do radar de aproximação sobrecarregaram o computador de bordo. Felizmente, o software criado por Hamilton fez o sistema priorizar as atividades essenciais e interromper as de menor importância, de modo que continuou funcionando.
5. Rosalind Franklin
A bioquímica britânica Rosalind Franklin foi pioneira em pesquisas de biologia molecular. Ela nasceu em 1920 e, desde jovem, se destacou nas aulas de ciências; aos 15 anos, decidiu que se tornaria cientista, apesar da oposição dos seus pais. Deu certo: em 1939, ela ingressou no Newham College, da Universidade de Cambridge, e se graduou em físico-química em 1941.
No ano seguinte, ela passou a atuar como pesquisadora e dedicou seus estudos à análise da estrutura física de materiais carbonizados com raios X. Alguns anos depois, seus conhecimentos de difração do raio X permitiram determinar a estrutura da molécula de DNA.
É aqui que entra um capítulo incômodo, para dizer o mínimo, da história de Franklin. Com as observações dela, o biólogo molecular Maurice Wilkins e os bioquímicos James Dewey Watson e Francis Crick confirmaram que a molécula tinha estrutura dupla, e ganharam o Nobel de Fisiologia em 1962.
Apesar de os estudos de Rosalind terem permitido a observação do formato de hélice na molécula de DNA, ela não levou os créditos pela descoberta e morreu aos 37 anos devido a um câncer. Watson sugeriu que Rosalind recebesse o Nobel de Química, mas o comitê do prêmio recusou a proposta por não aceitar nomeações póstumas.