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Qual espécie animal está viva há mais tempo na Terra?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Dezembro de 2022 às 15h00

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Fernando Losada Rodríguez/CC-BY-S.A-4.0
Fernando Losada Rodríguez/CC-BY-S.A-4.0

Ao observar crocodilos, crustáceos ou mesmo insetos que existiam há milhões de anos, você já deve ter se perguntado: qual espécie de animal está na terra há mais tempo? Entre fósseis vivos e parentes próximos de criaturas extintas, é difícil gerar uma resposta satisfatória, mas a ciência conhece alguns animais que não mudaram tanto ao longo das eras, como o camarão-girino (Triops cancriformis), eleito pelo Guinness World Records, em 2010, como criatura viva há mais tempo no planeta.

A questão é que o mundo está constantemente em mudança, desde o nível de oxigênio atmosférico à temperatura dos mares, e até mesmo na passagem do tempo. Isso gera uma adaptação constante das espécies que vivem nos mais diversos ambientes, tanto para melhor suportar o clima da região quanto para escapar de predadores ou capturar suas próprias presas com mais eficiência.

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O atual pioneiro: mudou ou não mudou?

O notostraca, ou camarão-girino, é uma criatura que ostenta uma carapaça crustácea cujos primeiros fósseis remontam ao período Triássico, de 251,9 milhões a 201,3 milhões de anos atrás. Seu corpo tem o formato de pá e, curiosamente, é perfeito para cavar o fundo das piscinas oceânicas temporárias onde habitam. Olhando de fora, realmente nos parece que o animal não mudou em nada por milhões de anos.

Estudos realizados desde 2010, no entanto, mostram que os T. cancriformis continuaram mudando por baixo da casca, divergindo de formas imperceptíveis ao olho humano e detectáveis apenas por exames de DNA. A espécie em específico que vemos habitando os mares atualmente são apenas descendentes dos camarões-girinos do passado, mantendo a mesma forma por, no máximo, 25 milhões de anos — pesquisas mais conservadoras os colocam em meros 2,6 milhões de anos atrás.

Outros famosos fósseis vivos, você pode pensar, podem competir com os notostraca, não é? Para quem tem interesse no assunto, é fácil lembrar do celacanto, uma espécie de peixe que se pensava estar extinta desde o Cretáceo (há 66 milhões de anos) quando seus fósseis foram achados, em 1800. Em 1938, um celacanto vivo foi pescado na costa da África do Sul, parecidíssimo com seus ancestrais, de 400 milhões de anos atrás.

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Bem, os celacantos se extinguiram de fato, na verdade, ou ao menos o fizeram os antigos, de centenas de milhões de anos. As espécies vivas atuais têm apenas de 20 a 30 milhões de anos, assim como outro competidor, o caranguejo-ferradura, espécie de 480 milhões de anos. Os mais antigos vivos atualmente (Tachypleus) têm, na verdade, 25 milhões de anos.

Como definir um fóssil vivo?

A grande problemática é definir exatamente onde poderia ser traçada a linha de mudança de espécie, já que mutações definidoras podem ser passadas de uma geração a outra sem maiores diferenças por muito tempo, o que é complicado — ainda mais quando espécies geneticamente semelhantes acasalam, gerando animais híbridos. Com base em estudos fósseis, cientistas estimam que uma espécie pode durar entre 500.000 anos e 3 milhões de anos antes de ser substituída por um descendente com adaptações diferentes ou se extinguir.

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Além da competição entre espécies que consomem o mesmo tipo de alimento em um espaço compartilhado e a necessidade de escapar de predadores, espécies em evolução também estão à mercê do próprio ambiente. Quando seu habitat vê uma mudança súbita e considerável de temperatura ou de ecossistema, a espécie é forçada a migrar para um local semelhante ou se adaptar: do contrário, irá perecer, indo à extinção rapidamente.

Essa constante mudança na dinâmica das espécies torna difícil poder considerar um animal específico um "fóssil vivo" ou espécie viva há muitos milhões de anos, já que implica na ideia de que ele parou de evoluir, o que nunca é realmente verdade. A saída? Mudar as definições do termo, como o biólogo evolucionário Africa Gómez propõe. É melhor usar "fóssil vivo" como um termo para definir espécies com características específicas, com taxas de evolução mais lentas e alguns traços evolutivos constantes.

Fonte: PEERJ, PLoS One, M.P. Evolution, American Scientist via Live Science