Fósseis de artrópodes gigantes de 470 milhões de anos são achados em Marrocos
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Escavações em sítio arqueológico prolífico no Marrocos podem mudar o que conhecíamos sobre os mares de 470 milhões de anos atrás. É a descoberta de artrópodes gigantes, ancestrais das aranhas, insetos e camarões, que passaram a aparecer em profusão em alguns locais de Taichoute, atualmente um lugar desértico que já integrou o fundo do mar há centenas de milhões de anos.
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Embora ainda seja necessário fazer mais análises sobre as antigas criaturas marinhas, já sabemos que elas podiam chegar a ter até 2 metros de comprimento, dominando os mares ancestrais. O Folhelho de Fezouata, sítio com depósitos de rochas sedimentares em Marrocos, já vinha trazendo diversos fósseis à arqueologia, mas bem diferentes da descoberta recente: um dos principais locais de escavação fica a 80 km de Taichoute, por exemplo.
Marrocos e sua importância arqueológica
O local, ainda assim, faz parte da chamada Biota de Fezouata, que já rendeu muitos conhecimentos ecológicos e paleontológicos. Na nova localização, a sedimentologia, paleontologia e até mesmo o estado de preservação dos fósseis é bem diferente, enriquecendo ainda mais a importância do folhelho. Há espécies encontradas em Taichoute que podem ser as mesmas de sítios anteriores da Biota de Fezouata, segundo os cientistas, mas sem identificação formal, pode ser que estejamos falando de criaturas completamente novas.
O Folhelho de Fezouata entrou, recentemente, para a lista dos 100 sítios arqueológicos mais importantes do mundo, já que nos proporcionou grande parte do que conhecemos sobre o início do período Ordoviciano, de 470 milhões de anos atrás, e a evolução das espécies da época. No local, conseguimos encontrar principalmente rochas com restos mineralizados de animais, ou seja, conchas, mas também alguns espécimes incrivelmente preservados, com restos de partes moles como os órgãos internos, nos permitindo conhecer a anatomia de criaturas antigas.
Novos ou antigos, os fósseis encontrados em Taichoute nos dão um pouco mais de conhecimento paleontológico, sugerindo que os grandes animais tinham um papel único no seu ecossistema. Eles eram nectônicos, ou nadadores ativos, que conseguem vencer a coluna de água para se movimentar pelo mar. Mesmo assim, eles continuam sendo uma parte pequena do Biota de Fezouata.
Mais e mais ciência
Os sedimentos do sítio arqueológico mais recente são também mais novos em termos geológicos, ou seja, são de alguns milhões de anos depois dos outros locais de Zagora. Os restos dos artrópodes teriam sido transportados nas profundezas do mar por deslizamentos de solo oceânico, diferente das carcaças de locais mais rasos, que foram enterradas por depósitos de tempestades.
Alguns fósseis de braquiópodes ainda foram encontrados cravados em restos de artrópodes, sugerindo que as carapaças acabaram agindo como depósitos de nutrientes para os habitantes das profundezas do mar após sua morte e queda até o fundo. Segundo os cientistas, a importância de Taichoute não fica por aí: até mesmo espécies novas de trilobitas, anteriormente desconhecidas até mesmo da Biota de Fezouata, foram achadas no local.
Mesmo após trabalhar por duas décadas em Fezouata, Betrand Lefebvre, professor da Universidade de Lyon e principal autor do estudo que explora Taichoute, publicado nesta terça-feira (13), declarou que a Biota segue surpreendendo com novas descobertas inesperadas. Ao que tudo indica, Marrocos continuará providenciando incríveis momentos para os cientistas através de seus sítios pelos anos que virão.
Fonte: Scientific Reports