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Fóssil de criatura bizarra de três olhos mostra em detalhes evolução dos insetos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Julho de 2022 às 12h27

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Jean-Bernard Caron/Royal Ontario Museum
Jean-Bernard Caron/Royal Ontario Museum

Os radiodontes, artrópodes do período Cambriano que foram os primeiros grandes predadores conhecidos pela ciência, são uma ordem extinta há milhões de anos. Os cientistas, no entanto, continuam aprendendo com seus fósseis, especialmente os encontrados no Folhelho Burgess, um sítio fossilífero das montanhas do Canadá que já esteve no fundo do mar.

Há 508 milhões de anos, milhares de criaturas pré-históricas foram soterradas por uma avalanche de lama submarina que se tornou o sítio paleontológico canadense, preservando os radiodontes da metade do Cambriano, ancestrais dos insetos, aracnídeos e crustáceos dos dias de hoje. Após duas décadas de estudos, descobrimos coisas surpreendentes sobre algumas de suas espécies mais preservadas.

Estamos falando, especificamente, do Stanleycaris hirpex, que teve 268 dos seus exemplares estudados, todos guardados na coleção do Royal Ontario Museum, alguns preservados em sua integridade. Muito pequenos, os Stanleycaris tinham de 10 a 83 milímetros de comprimento, mas isso não impediu que conseguíssemos vislumbrar o funcionamento de seu cérebro com detalhes impressionantes.

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Cérebros preservados

Analisando 84 espécimes com cérebros incrivelmente preservados, foi possível observar detalhes como os centros de processamento visual, que serviam aos grandes olhos dos bichos, e até traços dos nervos que se ligavam aos globos oculares.

Duas áreas cerebrais foram identificadas: um protocérebro, ligado aos olhos compostos dos artrópodes modernos, e um deutocérebro, que controla os nervos das antenas e ajuda com o sentido do olfato dos artrópodes. No Stanleycaris, esses segmentos são conectados aos olhos e patas frontais (respectivamente). Os cientistas acreditam estar olhando para evidências da primeira diferenciação entre tronco e cabeça nos artrópodes.

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A conclusão dos pesquisadores é que cérebro e cabeça segmentados em duas partes tem raízes profundas na linhagem artrópode, precedendo a evolução do cérebro em três partes: o tritocérebro, que geralmente é associado à boca, parte da frente e sistema digestivo dos artrópodes, estava ausente no Stanleycaris.

Mas não é só isso — um inesperado terceiro olho, no centro da cabeça do animal, foi encontrado pelos cientistas. A descoberta até mesmo levou os pesquisadores a olhar para outros pan-artrópodes do Cambriano procurando por essa característica, nunca antes notada nos animais, mas também vista em outros agora.

Os cientistas também notaram o surgimento de barbatanas, para ajudar a nadar, ao mesmo tempo em que os olhos complexos surgiram nos radiodontes. A teoria é que essas características tenham ajudado com o estilo de vida mais ativo dos predadores. Os pesquisadores reforçam a posição única dos radiodontes na evolução, nos mostrando como os artrópodes se diferenciaram de outros animais, como os tardígrados e os vermes aveludados.

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"Esses fósseis são como uma Pedra de Roseta" — conclui Joseph Moysiuk, autor principal do estudo, publicado na revista científica Current Biology —, "que nos ajuda a ligar traços dos radiodontes aos de outros fósseis de artrópodes ancestrais com suas contrapartes nos grupos que sobreviveram até hoje".

Fonte: Current Biology