Publicidade

Ecossistema marinho é descoberto por cientistas em rio sob o gelo da Antártida

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Junho de 2022 às 11h44

Link copiado!

Niwa/Craig Stevens
Niwa/Craig Stevens

Cientistas da Nova Zelândia descobriram um ecossistema marinho vivendo 500 metros abaixo do gelo na Antártida, a centenas de quilômetros da plataforma de gelo de Ross. É a primeira vez que organismos do tipo são encontrados no ambiente aquático abaixo das calotas geladas do continente, cuja existência era, até então, apenas teorizada.

Parte do continente antártico é reclamada pela Nova Zelândia, que gerencia esforços através do instituto nacional Antarctica New Zealand — e financiou pesquisadores de universidades de Wellington, Auckland, e Otago e do Instituto Nacional de Água e Atmosfera (Niwa, na sigla em inglês) e Ciências Geológicas e Nucleares para o estudo do estuário sob o gelo, bem como as consequências de seu derretimento pelo aquecimento global.

Continua após a publicidade

Descoberta gelada

Huw Morgan, a líder do projeto antártico, observava imagens de satélite da plataforma de Ross quando identificou um possível estuário numa ranhura do gelo local. Para o estudo da calota, a equipe perfurou meio quilômetro de gelo até atingir o rio: foi quando a câmera do equipamento foi surpreendida por anfípodes, crustáceos parentes das lagostas, caranguejos e ácaros.

Acreditando ter algo errado com a câmera, os cientistas esperaram que ela focasse melhor, e quando isso aconteceu, foi notado um enxame de artrópodes com cerca de 5 milímetros de comprimento. Segundo os pesquisadores, alguns experimentos já haviam sido feitos em outras partes do gelo e eles acreditavam entender bem o ecossistema local, mas foram pegos de surpresa pela descoberta.

Felizes com a descoberta, os neozelandeses relatam ter pulado de alegria, já que ter tantos animais nadando em volta do equipamento submerso significa que, claramente, há um ecossistema importante no local. A rede de rios e lagos de água doce escondida sob o gelo já era conhecida por especialistas, mas nunca havia sido estudada diretamente. O sentimento da equipe é de pioneirismo em um novo mundo.

Continua após a publicidade

Os instrumentos foram deixados no rio para estudar o comportamento do ecossistema local, enquanto a água é estudada em laboratório. Outros achados locais abrangem outras áreas da ciência: o equipamento foi instalado dias antes da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'pai, na ilha de Tonga, e detectou uma mudança de pressão significativa quando o tsunami passou pela cavidade.

Segundo os cientistas, os efeitos da erupção são um lembrete de como o planeta é conectado: em um lugar esquecido do mundo, ver influências em tempo real de eventos a mundos de distância é nada menos do que incrível.

Fonte: The Guardian