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Enorme lampreia do Jurássico com 160 milhões de anos é achada na China

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Outubro de 2023 às 19h34

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Heming Zhang
Heming Zhang

Duas espécies de lampreia com 160 milhões de anos, do Período Jurássico, foram descobertas por paleontólogos, que puderam, com os restos preservados, descobrir como foi o início da evolução desse antigo grupo animal, mais velho do que as árvores. As primeiras evidências da criatura datam de 360 milhões de anos atrás, logrando o apelido de “fósseis vivos”, já que pouco mudaram desde então.

Algumas mudanças, no entanto, ocorreram nas espécies de lampreia. Elas começaram pequenas, com poucos centímetros de comprimento durante o Paleozoico, e hoje chegam a ter até um metro. Entre as novas espécies encontradas, a maior é chamada Yanliaomyzon occisor, com um pouco mais de 64 centímetros de comprimento. A grande novidade é que esse tamanho é bastante surpreendente para a época, mostrando que as espécies já chegavam a ter 10 vezes o tamanho de suas ancestrais.

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Como o nome indica, as grandes lampreias do passado foram encontradas na Biota Yanliao, do norte da China, em um sítio arqueológico terrestre. O local é considerado um Lagerstätte, ou seja, suas condições são ótimas para a preservação de fósseis, deixando os restos em um estado muito cobiçado para estudos científicos. Os fósseis em questão foram escaneados com tomografia micro-computadorizada de raios X, para visualização em 3D.

Ancestralidade das lampreias

Junto aos peixes-bruxa (ou mixinas), as lampreias são os únicos vertebrados sem mandíbula vivos atualmente. Ambos se assemelham a enguias, que são, na verdade, muito mais recentes, trazendo ossos e mandíbulas, ao contrário de seus antigos parentes cartilaginosos. As lampreias estão entre os primeiros vertebrados, mas, ao invés de uma boca capaz de morder, elas trazem uma ventosa cheia de dentes de cartilagem usada para sugar o sangue de outros peixes e mamíferos aquáticos.

O problema, para a ciência, é que há poucos fósseis do animal, o que complica os estudos de sua história evolucionária. Não se sabe quando o grupo evoluiu dentes complexos para a alimentação. As do Paleozoico, por exemplo, tinham uma estrutura bucal fraca demais para predação, e não passavam pelo primeiro estágio do ciclo moderno de vida das lampreias — o larval, quando os ovos dão origem a pequenos vermes cegos que se enterram no lodo.

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Pelo tamanho dos fósseis de 160 milhões de anos, acredita-se que eles já haviam evoluído até um ponto em que passavam pelos três estágios de vida. Durante este período, o Jurássico, as espécies já estavam maiores, tinham métodos melhores para se alimentar e haviam se tornado predadores. Segundo os cientistas, os restos mostram ter a estrutura de mordida mais forte de todos os fósseis de lampreia, indicação quente de que Y. occisor já era carnívoro.

O tamanho adulto também importa, já que está ligado a características importantes: as espécies maiores conseguem migrar para mais longe e se espalhar para mais áreas, botar mais ovos e aguentar melhor a água salgada. Além dos seus restos, também foram encontrados ossos, mandíbulas e até crânios de peixes no trato intestinal de ambas as espécies fósseis encontradas.

Isso faz do achado o registro mais antigo de lampreias com a alimentação específica que traz até hoje, ou seja, com comportamento carnívoro. Os pesquisadores acreditam que, ao invés de serem predadores, as lampreias mais antigas e menores usavam sua anatomia bucal para raspar o tapete de algas que se prendia a outros animais aquáticos. Isso as teria ajudado a sobreviver e encontrar um nicho nutricional à época, quando havia uma abundância de peixes sem mandíbula.

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Desde suas origens, as lampreias mudaram bastante a estrutura bucal e hábitos, e os cientistas acreditam ter preenchido muitas lacunas em sua evolução com os fósseis novos, além de mudar um pouco as noções das origens desses animais. O estudo determinou que o Hemisfério Sul é a ponto geográfico e biológico mais provável de ter originado as lampreias modernas.

Fonte: Nature Communications, Paleobiology