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Última refeição de dinossauro herbívoro é identificada em estômago fossilizado

Por| 08 de Junho de 2020 às 18h25

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Ilustração: Julius Csotonyi
Ilustração: Julius Csotonyi

Cientistas acabam de compartilhar uma nova descoberta, feita com um dinossauro encontrado em 2011, que revelou os hábitos alimentares da criatura que viveu na Terra há 110 milhões de anos, no período Cretáceo Inferior. O fóssil foi descoberto em Alberta, província do Canadá, e passou a ser considerado um dos dinossauros mais preservados do mundo.

A criatura em questão é um nodossauro, espécie de anquilossauro do gênero borealopelta e herbívoro, que de tão preservado foi possível conferir em seu fóssil detalhes sobre o conteúdo do seu sistema digestivo. Os pesquisadores conseguiram observar a rara existência de pele, escama e chifre intactos, características difíceis de serem encontradas em fósseis com "armadura".

A descoberta, de acordo com Jelle Wiersma, geocientista da Universidade James Cook, na Austrália, e que não está envolvido com a pesquisa, pode trazer novas visões sobre a dieta dos dinossauros. O cientista diz ainda que este estudo é crucial porque, em geral, ainda é baixo o conhecimento sobre o que exatamente os dinossauros comiam além de plantas ou carne

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"O que ou quem os dinossauros comiam é regularmente sugerido com base em fósseis de plantas e animais que conviviam juntos nos mesmos lugares e períodos, e que estão preservados nos registros geológicos. Este tipo de evidência é indireta, e paleontólogos podem, com frequência, apenas deduzir o que estava no cardápio dos dinossauros com base nessas associações de fósseis", completa o especialista.

O fóssil do dinossauro foi encontrado em 2011 e, de acordo com os paleontólogos, a sua ótima preservação surgiu devido a uma série de eventos naturais que, felizmente, para nós, permitiu que isso acontecesse. Enquanto explorava e fazia buscas por alimento, o que é chamado de forrageamento, a criatura acabou morrendo perto da costa e o seu corpo de cerca de 1.300 quilos foi levado pelo mar, permanecendo no seu fundo. Lá, o dinossauro ficou preservado na lama onde hoje é conhecida como a Formação de Clearwater.

Analisando a cavidade abdominal do nodossauro, que possui o tamanho semelhante a uma bola de basquete, os pesquisadores chegaram até o conteúdo fossilizado existente no estômago, o que é chamado de cololito, e fizeram vários cortes finos para a observação no microscópio. "Ficamos chocados em ver o quão lindamente preservado e conservado estava o material vegetal", disse David Greenwood, co-autor do estudo e biólogo da Universidade de Brandon, contando ainda que rochas marinhas raramente apresentam uma "excelente preservação de folhas".

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O cololito fossilizado consistia, principalmente, de folhas mastigadas e evidências de galhos e caules. Os microfósseis encontrados no conteúdo abdominal do dinossauro também foram comparados com plantas que existiram na região há 100 milhões de anos. Os pesquisadores identificaram, no total, 48 microfósseis distintos do que pode ser samambaias, musgos, coníferas e plantas com flores.

Wiersmadiz, que já analisou o esqueleto de outro tipo de anquilossauro em 2018, o akainacephalus, está bastante empolgado com a raridade da descoberta. O cientista conta que esses dinossauros tinham dentes pequenos e afiados, e que por causa disso não eram capazes de processar muito bem plantas fibrosas, passando a consumir variedades mais macias.

"Estudos recentes analisaram seus dentes mais de perto e sugerem que esses animais, na verdade, podiam comer plantas mais firmes do que se acreditava. Os dados desse estudo, inegavelmente, confirmam isso e mostram visualmente que dinossauros com armadura realmente consumiam uma variedade bastante diversa de plantas, inclusive as mais duras", diz.

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Os estudos do fóssil identificaram ainda a presença de gastrólitos, pedras que costumam ficar nas moelas dos animais, uma vez que alguns herbívoros de antigamente e atuais engolem pedras para ajudar na digestão dos alimentos. Foi encontrado ainda, no sistema digestivo do dinossauro, vestígios de carvão que podem ter se originado de fragmentos de plantas queimadas. Essa descoberta aponta para a busca pela alimentação em áreas de incêndios florestais.

O dinossauro pode ter morrido logo após a sua última refeição, segundo os cientistas, com base nas condições em que as plantas consumidas estavam, e isso deve ter acontecido entre o final da primavera e metade do verão. A descoberta, no entanto, não deve ser um indicativo de que todos os dinossauros do gênero tenham as mesmas características. A próxima etapa de análise do fóssil será para tentar identificar órgãos internos, o que vai ajudar a definir a composição das florestas do período Cretáceo Inferior.

Fonte: Gizmodo