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Lampreia: peixe de 450 milhões de anos é mais antigo que as árvores

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Setembro de 2023 às 17h25

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Tiit Hunt/CC-BY-3.0
Tiit Hunt/CC-BY-3.0

Olhando para as lampreias, parasitas esguios e sem mandíbula, você não adivinharia sua idade — elas não são só mais velhas do que os dinossauros, mas também precedem as árvores na história da evolução. Habitando as águas do planeta desde o período Ordoviciano — de 488 milhões a 443 milhões de anos atrás —, esses bichos, praticamente fósseis vivos, são conhecidos por diversas características únicas.

As lampreias são um tipo de peixe com sua própria ordem (Petromyzontiformes) e adaptações únicas. Seu esqueleto cartilaginoso dispensa ossos, e suas espécies consistem são os únicos vertebrados com quatro olhos ainda vivos, mesmo que vejam pouca coisa além de luz. Algumas delas, como a lampreia-do-pacífico (Entosphenus tridentatus), nascem na água doce dos rios e córregos e migram para o Oceano Pacífico.

A longa jornada das lampreias

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Para as lampreias-do-pacífico, a vida não é só ir da água doce para a salgada — quando chegam à maturidade, esses milenares peixes têm de voltar ao mesmo ambiente fluvial onde nasceram. Ir de uma criatura de água salgada para uma de água doce não é nada fácil, no entanto, sendo necessárias diversas modificações na aparência e fisiologia para que seja possível sobreviver à mudança dramática na salinidade.

Seu retorno à água doce não é aleatório, percebendo dicas químicas deixadas pelas larvas de lampreias migrantes para voltar aos rios. É possível que elas voltem para o mesmo local de onde vieram, mas, diferente dos salmões do pacífico, essa precisão não é sempre garantida. Para essa transformação e mapeamento fluvial, no entanto, é necessária muita energia, e os bichos se voltam à parasitagem para sobreviver.

A espécie se utiliza da sucção pela boca esférica e sem mandíbula, criando um vácuo onde suas protuberâncias pontudas ajudam a morder e prender o corpo em peixes e mamíferos aquáticos para a alimentação. Com isso, sugam sangue e fluidos corporais, deixando uma ferida esférica, mas sem matar o hospedeiro — eles precisam de alguém vivo para parasitar, afinal.

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Segundo estudos, a natação das lampreias está entre as mais eficientes do mundo, já que seus movimentos geram zonas de baixa pressão ao redor do corpo, puxando seu corpo pela água ao invés de empurrar. Além da lampreia-do-pacífico, há cerca de 40 espécies de lampreia vindas de seus ancestrais peixes do Ordoviciano, sobrevivendo a pelo menos quatro extinções em massa ao longo das centenas de milhares de anos de evolução.

Seu papel no ecossistema marinho é vital, se alimentando de pássaros, mamíferos e outros peixes e guardando muitas calorias — sua gordura contém quatro vezes mais ácidos graxos ômega-3 do que o salmão, por exemplo. Só não exagere: a facilidade de comer lampreias causou a morte do monarca medieval Henrique I, mesmo após o médico ordenar que evitasse excessos.

Fonte: Native Fish Society, Nature Communications