Review Fiat Mobi Trekking | Espírito de Fiat 147 em roupagem aventureira
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
O Fiat Mobi foi lançado em 2016 no Brasil para explorar um novo segmento dentro do mercado nacional: o de subcompactos. Carros essencialmente urbanos, econômicos e bem básicos, mas que cumprem o que prometem dentro da proposta de serem meios de transporte.
A receita para modelos de entrada sempre foi um dos pontos fortes da Fiat, desde o Fiat 147 e o Fiat Uno Mille, que revolucionaram o mercado. O Mobi não teve o mesmo impacto desses modelos, mas foi um tiro certo para ajudar a marca a ter mais volume de vendas e reformular sua linha a partir dali.
Passados 7 anos do seu lançamento, o Fiat Mobi segue como um carro essencial e útil, mas começa a sentir o peso da idade do projeto. O que nos sugere que, muito em breve, a montadora possa lançar uma nova geração ou efetuar uma atualização profunda.
O Canaltech finalmente teve a chance de experimentar o Fiat Mobi, em sua versão de topo, a Trekking, e vai contar como foi a experiência.
Conectividade e Segurança
Como citamos, o Fiat Mobi é de 2016 e, passados 7 anos, o projeto começa a dar sinais de que precisa ser atualizado. Isso pode ser justificado principalmente pela segurança, que é um ponto de atenção no subcompacto italiano.
O Fiat Mobi Trekking até tem recursos como controle de estabilidade e tração, mas outras versões do carro não dispõem disso. Os airbags são somente os obrigatórios por lei, ou seja, nada de bolsas laterais ou de cortina. Com um pacote adicional, há o assistente de partida em rampa, disponível somente no modelo topo de gama.
Por mais que seja bem construído e passe certa segurança, a Fiat poderia já ter adicionado, pelo menos, os airbags laterais. Isso sem falar nos demais assistentes eletrônicos, presentes, por exemplo, no seu rival mais direto, o Renault Kwid.
Já no quesito conectividade, considerando que se trata de um subcompacto, o Fiat Mobi Trekking está muito bem servido. O hatch é equipado com a centra multimídia uConnect de última geração, a mesma presente na Fiat Strada e outros modelos do grupo Stellantis.
A tela é de 7 polegadas e a resolução é ótima, bem como a interface, intuitiva e rápida. O espelhamento com Android Auto e Apple CarPlay pode ser feito sem fio, mas não espere carregamento rápido ou por indução, somente o básico. Também não há 4G e o concierge Fiat Connect Me, mas é o esperado dentro da proposta do veículo.
A expectativa nunca foi de que o Fiat Mobi Trekking fosse tecnológico, mas há pontos interessantes que foram bem trabalhados pela Fiat e outros nem tanto. A montadora, que prepara um novo carro compacto, já deveria ter realizado um upgrade nos equipamentos de segurança. Se não fez até agora, é possível que a vida do Mobi já esteja para acabar, ou uma nova geração deve estar a caminho.
Experiência de Uso e Conforto
O Fiat Mobi Trekking compartilha de muitas coisas das demais versões, com exceção à suspensão e adereços estéticos e de acabamento. A experiência, porém, é idêntica em todas as variantes da linha.
O hatch é equipado com o motor 1.0 Fire EVO de 74cv e 9,7 kgf/m de torque, uma versão melhorada do que equipava o Palio nos anos 2000. Se não dá emoção, esse propulsor, ao menos, se mostrou bem suficiente para o Mobi, independentemente da situação.
Claro, a vocação urbana do carro mostra que esse conjunto, que tem câmbio manual de cinco marchas, foi feito justamente para o uso na cidade, mas, se bem tratado, o Mobi pode te dar uma viagem agradável na estrada, desde que não seja muito exigido.
O consumo também agradou. Em nossos testes, sempre com etanol, marcamos médias superiores a 12 km/l no ambiente rodoviário. Na cidade, chegamos a fazer algo na casa dos 8,5 km/l.
Se o motor é um ponto positivo, o comportamento dinâmico merece algumas ressalvas — e até críticas. É gostoso rodar com o Mobi Trekking, sobretudo porque sua suspensão é bem acertada para as nossas ruas e o vão-livre do solo, de 17cm, é excelente. A direção, porém, é hidráulica, o que nos remete justamente aos seus irmãos mais antigos 147 e Uno Mille.
Como estamos acostumados com a direção elétrica na esmagadora maioria dos carros avaliados, ir para um modelo com a assistência hidráulica incomoda bastante, mesmo ela não sendo tão pesada assim. Com o carro em movimento, ela até ajuda, mas, nas manobras, é ruim.
Falando do espaço e do conforto, ou melhor, da falta dele, temos que ser justos: a proposta do Mobi não é de ser confortável, como um carro de família. Apesar de ter a versão Trekking, que agrada no aspecto visual e também como um carro de passeio para um casal, aqui não temos muito o que dizer. As medidas não são convidativas.
O Fiat Mobi tem módicos 3,56m de comprimento, 1,66m de largura, 1,55m de altura e distância entre-eixos de 2,30m, números que já indicam que a vida de quem for nos bancos de trás será bem apertada. De positivo, é a largura, superior a do Kwid e que dá uma sensação menor de “caixa de fósforo”.
Para o uso diário, o Mobi se mostrou muito competente e escancara, a todo momento, sua vocação de carro urbano. Como é de praxe, sempre acabamos tendo outros carros para testar ao mesmo tempo e, nos trajetos curtos, sempre optei pelo subcompacto italiano, justamente por sua praticidade. O problema foi colocar uma pessoa a mais nos bancos de trás e encher o diminuto porta-malas de 235 litros.
Os itens de conforto e comodidade do Fiat Mobi Trekking incluem o ar-condicionado, vidros e travas elétricas e banco traseiro rebatível.
Design e Acabamento
O design do Fiat Mobi Trekking nos agradou, apesar de estar um pouco datado. Há certa harmonia no formato do carro, que lembra um pouco o recém-aposentado Uno. Há, também, o charme da porta de vidro do porta-malas. Essa variante, aliás, é adesivada de modo a passar algum espírito aventureiro, assim como acontece com o Argo Trekking.
Já no interior, não nos sentimos tão incomodados com a abundância de plástico, já que estamos falando de um carro de entrada. Tudo é bem encaixado e há certo capricho nos bancos, que são bonitos e confortáveis. A bola fora pode ser a baixa oferta de porta-trecos.
Concorrentes
O único concorrente do Fiat Mobi é o Renault Kwid, que parte de R$ 68 mil. Entretanto, com o valor cobrado na versão Trekking, outros modelos podem ser observados, como o VW Polo Track e a versão básica do Fiat Argo.
Fiat Mobi Trekking: Vale a pena?
Se você busca um primeiro carro, que seja fácil de manter, tenha um bom design, motor competente e consumo de combustível baixo, o Fiat Mobi Trekking, apesar de suas ressalvas, vale a pena.
Mas temos que destacar que está na hora desse hatch subcompacto passar por uma profunda transformação e ficar mais alinhado com o que o mercado exige. A Fiat, certamente, está de olho.
O Fiat Mobi Trekking pode ser comprado por a partir de R$ 73 mil.
No Canaltech, o Fiat Mobi Trekking foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Stellantis.