Mesmo sem Huawei, TSMC diz que pode suprir lacuna na venda de chips
Por Rui Maciel | 09 de Junho de 2020 às 14h15
A Taiwan Semiconductor Manufacturing ou, simplesmente, TSMC, afirmou nesta terça-feira (09) que é capaz de compensar rapidamente a ausência de pedidos de chips da Huawei, causadas pelas restrições norte-americanas contra a fabricante chinesa.
A Huawei, através da sua divisão de chips, a HiSilicon, é a segunda maior cliente da TSMC. No entanto, a série de proibições e restrições impostas pelo governo norte-americano junto à fabricante chinesa, por questões de segurança e disputas comerciais com a China, deixou a companhia taiwanesa exposta. A situação torna-se ainda mais complicada, uma vez que a TSMC divulgou no mês passado os planos para construir uma fábrica de US$ 12 bilhões nos EUA.
E tal divulgação ocorreu poucas horas antes do Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciar uma nova medida que limitaria ainda mais o fornecimento global de chips a Huawei - e que também restringe as vendas da TSMC para um de seus principais clientes. O novo bloqueio acompanha uma série de regras, voltadas para, segundo o governo, reduzir o impacto sobre a cadeia global de suprimentos. Chips já em produção ainda poderão ser exportados para a Huawei desde que o processo de fabricação seja iniciado até 15 de maio, com um prazo máximo de 120 dias para envio dos componentes à empresa chinesa. Depois disso, as remessas ficam bloqueadas indefinidamente.
A ideia, de acordo com o Departamento de Comércio, é impedir que a Huawei receba componentes que contenham “produtos diretos de certos softwares e tecnologias americanas”. A alegação feita pelos EUA é, mais uma vez, a preocupação com a segurança nacional e supostas relações entre a fabricante e o governo da China, sempre refutadas pela companhia.
Em regime de espera
Durante a sua assembleia geral anual, a TSMC foi questionada se poderia preencher a lacuna de pedidos que seria deixada pela HiSilicon, caso as medidas restritivas dos EUA entrassem em vigor. A resposta de Mark Liu, presidente da empresa, inicialmente, foi objetiva: "Esperamos que isso não aconteça. Mas, se acontecer, vamos substituí-lo em um curto espaço de tempo".
No entanto, Liu afirmou que "é difícil para mim prever o quão rápido [essa lacuna de pedidos] pode ser preenchido imediatamente." O executivo afirmou que a TSMC está observando como as regras [de restrição dos EUA junto a Huawei] serão implementadas e "ainda está estudando o que elas significam para a empresa". Ele disse que a TSMC não descarta a possibilidade de solicitar uma isenção das medidas.
Liu também estava otimista com a demanda geral de tecnologia, mesmo com o surto de coronavírus devastado a economia global. "Todos podem ver que as vendas do iPhone ainda são muito boas.". Hoje, o smartphone da Apple é o principal cliente da TSMC.
Além disso, uma das possibilidade para preencher a lacuna de pedidos causada pela HiSilicon é a nova geração de videogames, no caso o PlayStation 5, da Sony, e o Xbox Series X, da Microsoft. Os chips que vão compor ambos os consoles pertencem à AMD, cuja arquitetura é a mesma da linha Ryzen, atualmente fabricada pela TSMC.
Dependência do mercado norte-americano
A dependência da TSMC junto ao mercado norte-americano, no entanto, pode fazer a empresa pender para o lado de Donald Trump. Analistas estimam que 60% da receita da fabricante taiwanesa venha dos Estados Unidos e 20% da China.
No entanto, ainda segundo Liu, a TSMC não é a única empresa afetada pela tensão entre EUA e China. Mas, na tentativa de acalmar os mercados e dos acionistas da companhia, ele afirmou: “Por favor, fiquem tranquilos. Encontraremos uma solução. Vamos superar os desafios um por um".
A TSMC ainda está conversando com o governo dos EUA sobre subsídios para sua nova fábrica para compensar as diferenças de custo entre Taiwan e os Estados Unidos. Embora a unidade não tenha relações diretas com os militares, alguns clientes podem ser fornecedores desse setor, disse Liu. O CEO afirmou também que o plano de investimento da TSMC nos EUA está "definitivamente alinhado" com os interesses da empresa e a ajudará a ganhar a confiança dos clientes e aumentar seu pool de talentos.
Fonte: Reuters