Review PlayStation VR2 | A melhor experiência VR
Por Diego Sousa • Editado por Léo Müller |
A realidade virtual (VR) já passou por muitas fases, e confesso que a mais atual — bem ou mal representada pelo metaverso do Facebook (Meta) — não é das mais agradáveis. Mas a Sony mostra que ainda há esperanças para a tecnologia no futuro, e o Playstation VR2 é o primeiro passo para experiências virtuais bem mais imersivas.
A Sony gentilmente nos cedeu uma unidade do PlayStation VR2 para testes, e eu conto como foi mergulhar em outras dimensões nos próximos parágrafos. Antes de começarmos, vale mencionar que o novo headset de realidade virtual da Sony está disponível no Brasil, e você pode conferir suas melhores ofertas nos links abaixo.
Construção e design
Estrutural e visualmente, o PS VR2 não mudou muito em relação ao primeiro PS VR. O novo headset mantém o design da geração passada, trazendo duas peças (um visor e um suporte) presas por um mecanismo. Difere completamente de outros óculos de realidade virtual disponíveis no mercado, me lembrando mais um boné — inclusive, o modo de colocar o headset é semelhante.
Sim, é um dispositivo bem grande e pode até assustar num primeiro momento, afinal, ele pesa cerca de meio quilo. Mas, surpreendentemente, é bem confortável e firme, até mesmo se você usar óculos — inclusive, é uma recomendação se você tiver algum grau de comprometimento na visão.
Tanto o suporte quando o visor do PS VR2 têm botões de ajuste muito fáceis de manusear. Basta apertar o botão na parte de trás do suporte para mover a peça para trás e para frente, e depois girar a trava para prender.
O ajuste do visor é igualmente simples, bastando apertar o botão até ouvir um clique. Você saberá que o óculos está bem posicionado quando não conseguir enxergar nenhuma luz. A borracha que fica ao redor de cada olho é grande e não aperta, mas faz com que você transpire mais devido à proximidade com a pele.
Isso nos leva a um problema comum, porém irritante: lentes constantemente embaçadas. É normal ter que tirar o dispositivo frequentemente para limpar o visor para não perder a nitidez. Para limpar o óculos, use um paninho de microfibras para não arranhá-lo.
Infelizmente, um problema que não foi totalmente resolvido nesta nova geração foi a quantidade de cabos. Diminuiu consideravelmente em relação ao primeiro modelo, mas você ainda precisará conectá-lo à entrada USB-C do seu PlayStation 5. Por um lado não vejo muito problema nisso, pois imagino que deve ser difícil transferir tantos dados com tecnologias sem fio.
Mas não dá para deixar de pensar que, por ser um dispositivo vestível com o qual jogador normalmente precisará se mexer para vários lados, possa haver acidentes não só com o usuário, como também com o PlayStation 5. Embora o fio seja bem grande, eu tomaria cuidado ou preferiria jogar sentado, dependendo do jogo.
Controle PlayStation VR2 Sense
O novo controle do PlayStation VR2 é nada mais que o Dual Sense em outro formato. Ele tem todas as características do controle original do PlayStation 5, como a resposta tátil e os efeitos de gatilho adaptáveis, e adiciona um recurso que detecta a posição dos dedos sem tocar em nada.
Primeiramente, o design esférico do controle pode estranhar, ainda mais se você tiver apenas o PS Move como referência — como eu. Mas esse novo formato, combinado com aos sensores que detectam o dedo, faz com que realizemos movimentos mais naturais no jogo e realmente nos sintamos dentro do game.
A melhor experiência que tive com o novo controle do PS VR2 foi com a demo Resident Evil Village. Eu realmente me senti na pele do protagonista Ethan Winters durante o tutorial, passando pelos corredores, sacando a faca do braço, empunhando a pistola e andando pelas cabanas com a lanterna acessa.
Em Horizon Call Of The Mountain, jogo cedido pela Sony para a análise do PS VR2, também exemplifica perfeitamente a evolução do dispositivo. Logo na primeira cena, você é colocado num barco descendo o rio, e é possível tocar na água cristalina com os dedos — e você sentirá uma leve vibração como se a água tivesse passando pelos seus dedos.
Tecnologias e recursos
Agora que comentamos de todo o hardware, falemos do software, que também traz novidades muito bem-vindas. Eu alertei mais acima sobre a insegurança de jogar em pé pelo fio ser um pequeno problema, mas a Sony fez um ótimo trabalho para garantir que o usuário tenha uma jogatina segura.
Obviamente, o dispositivo avisa ser altamente recomendado haver um espaço amplo onde você possa jogar em pé sem bater nas coisas. Daí, utilizando-se dos quatro sensores presentes na parte frontal do produto, é possível fazer um escaneamento do ambiente para delimitar a área segura do jogo.
Essa foi uma das minhas partes favoritas durante os testes porque me fez sentir dentro de Jogador Nº 1, filme de ficção científica de 2018. Conforme marcava o território com movimentos, a sala do escritório ganhava contornos poligonais na cor azul que me faziam dar risadas de nervoso e emoção — sem brincadeira, eu parecia criança quando ganhava brinquedo novo.
O interessante do escaneamento de ambiente é ele ser inteligente o suficiente para reconhecer apenas paredes, pisos e outras superfícies sólidas mais altas. Se preferir, após definir a área, é possível passar um “pente fino” na região apontando para alguma área e limitando-a com a ajuda do controle.
Essa câmera externa que mencionei também é muito legal porque permite enxergar o “mundo real” sem precisar tirar os óculos, o que é ótimo. Há um botão na parte inferior do headset que ativa a funcionalidade instantaneamente.
Outro recurso incrível do PS VR2 é o eye tracking. Como o nome na entrega, a função basicamente utiliza os movimentos dos olhos para interagir com o sistema. Ele exclui quase completamente a necessidade do controle para navegar pela interface, já que ainda precisa apertar os botões para confirmar.
Assim como já acontece no PlayStation 5, você pode compartilhar sua gameplay com o PlayStation VR2 na Twitch ou YouTube, além de capturar telas para postar nas redes sociais. Também há o modo cinematográfico, o qual você utiliza o dispositivo como uma tela para jogar outros títulos sem ser de realidade virtual, além de assistir a filmes e séries.
Experiência com o PlayStation VR2
O PlayStation VR2 tem duas telas OLED que exibem o mesmo conteúdo em 4K (2.000 x 2.040 pixels), quatro vezes mais definido que o PlayStation VR original, que exibia conteúdos a, no máximo, Full HD. O dispositivo ainda apresenta imagens com HDR em até 120 quadros por segundo (fps) dependendo do conteúdo.
O campo de visão do visor é de 110º, o que é menor que os cerca de 150º do ser humano, mas ainda assim proporciona um realismo impressionante nos jogos. Nas primeiras jogatinas, confesso que meu cérebro “bugou” em algumas situações — a mais comum foi em mudanças de cenário ou olhando para baixo a partir de um lugar alto.
Se isso acontecer com você, não se preocupe, pois é mais comum do que parece — afinal, o cérebro tenta “desmentir” o que os olhos estão te dizendo. Pelo menos nos títulos que testei, houve uma redução no campo de visão em algumas partes, justamente para não causar esse estranhamento frequentemente.
O PS VR2 vem com fones de ouvido que se conectam ao suporte do headset. Ele parece simples, mas tem um som de qualidade e adaptável conforme à sua posição e aos movimentos da cabeça.
Quanto à qualidade, nem preciso dizer que é simplesmente incrível. A noção de espaço dos games é ideal para que você se sinta no ambiente demonstrado, e a definição é impecável. Não notei pixels, serrilhados, nem nada do tipo, o que já era de se esperar, vindo da alta resolução do visor e do hardware do PS5.
Biblioteca de jogos
Um dos principais problemas do primeiro PlayStation VR foram os poucos jogos de realidade virtual disponíveis para jogar. Para a nova geração, ainda não há muitas opções, mas, desta vez, tenho esperanças de que haverá mais jogos.
Atualmente, Horizon Call Of The Mountain é pedida obrigatória para quem considera comprar o PlayStation VR2. Infelizmente não tive tempo para zerá-lo, mas o pouco que joguei foi suficiente para aproveitar todo o potencial do equipamento. Outro título que recomendo é Resident Evil Village — mas eu provavelmente não seria corajoso o suficiente para terminá-lo.
A biblioteca de jogos atual ainda inclui grandes nomes como Star Wars: Tales From The Galaxy’s Edge, Gran Turismo 7, No Man’s Sky, Jurassic World Aftermath Collection, Moss & Moss: Book II, entre outros.
A pior perda do novo dispositivo, no entanto, é a compatibilidade com jogos do primeiro PS VR. Ele não é compatível com nenhum título da primeira geração, o que me deixaria extremamente frustrado se já tivesse o primeiro modelo com muitos jogos — Beat Saber, por exemplo, um dos jogos de VR mais populares, ainda não está disponível.
Concorrentes diretos
Ainda não há concorrentes diretos para o PlayStation VR2 porque ele é um dispositivo de realidade virtual para console. Entretanto, há vários óculos VR disponíveis no mercado, sendo o Meta Quest 2 um dos mais populares do momento.
Diferentemente do PS VR2, que precisa do PS5 para funcionar, o Meta Quest 2 tem funcionamento independente, acessando a internet usando Wi-Fi e executando aplicativos e jogos diretamente do seu hardware dedicado.
Testamos o óculos de realidade virtual da Meta (Facebook) e gostamos bastante da experiência. Oferece som e imagem de qualidade, ótima imersão, conexão sem fio e controles fáceis de usar. Infelizmente não é vendido oficialmente no Brasil, embora possa ser encontrado por aqui sem garantia por cerca de R$ 3.000.
Vale a pena comprar o PlayStation VR2?
É difícil dizer se o PlayStation VR2 vale a pena. É um equipamento auxiliar do PlayStation 5, mas foi lançado no Brasil por quase o mesmo preço do console principal, R$ 4.499,90. Ainda é inacessível para grande parte da população brasileira.
Com o hardware, no entanto, o PlayStation VR2 entrega tudo o que promete: é a melhor experiência de realidade virtual disponível no mercado e uma evolução significativa em imersão em relação à primeira versão. Além disso, a princípio a oferta de jogos é pequena, embora tenha alguns nomes de peso.
Talvez o principal ponto negativo do dispositivo, fora o preço, seja a incompatibilidade com jogos VR do primeiro PS VR, o que pode frustrar quem considera realizar o upgrade porque provavelmente perderá toda a biblioteca de jogos.
Entretanto, quem acredita no conceito e no potencial da realidade virtual nos jogos, e tem dinheiro de um novo PlayStation 5 sobrando, certamente não se arrependerá.