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Coronavírus | Operadoras cancelam a franquia de dados em alguns países

Por| 14 de Março de 2020 às 11h00

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O vírus COVID-2019 está fazendo bem mais do que cancelar eventos globais — e nem tudo pode ser necessariamente ruim. Segundo informa o Techcrunch, algumas operadoras no mundo estão deixando de limitar o consumo de dados de seus consumidores (a popular “franquia de internet”), a fim de permitir que seus assinantes tenham conexões ininterruptas em momentos de emergência.

A mais notável é a americana AT&T, que fez justamente o que o enunciado rege, mas há outros exemplos: a Verizon adicionou um investimento de US$ 500 milhões (quase R$ 2,4 bilhões) na disponibilização de seus planos 5G; e a Comcast ampliou o período de avaliação gratuita do seu plano para a população carente, intitulado “Internet Essentials”, para 60 dias; além de aumentar a sua velocidade de 15 para 25 Mbps.

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Enquanto isso, na Índia, a ACT Fibernet não fechou a franquia, mas ampliou o consumo com adicionais 300 Mbps sem nenhum custo adicional. Na Europa, especialistas ingleses estão questionando a estrutura técnica do país sobre a sua capacidade de aguentar o aumento do volume de consumo de informações pela internet.

A razão para isso é bem óbvia: ao redor do mundo, empresas de enorme porte estão pedindo que seus funcionários passem a trabalhar de casa, devido aos riscos posicionados pela epidemia do coronavírus. Isso inevitavelmente leva a um aumento considerável no consumo de dados por parte do consumidor comum — e não há como saber se todas as ISPs (“Internet Service Providers”, as operadoras e concessionárias de internet) terão estrutura para comportar isso.

Voltando aos EUA, a entidade sem fins governamentais “Free Press” (“Imprensa Livre”, na tradução literal) emitiu comunicado pedindo que as ISPs não apenas deixassem de limitar o consumo de dados durante a pandemia do COVID-2019, mas que também flexibilizasse a elegibilidade de pessoas de baixa renda para os seus planos mais baratos, permitindo uma penetração maior de mercado das empresas, para um público que necessita. Não podemos afirmar que a ação teve resultados, mas os recentes anúncios da AT&T, Comcast e Verizon parecem ter sido um reflexo disso.

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“Especialmente durante uma crise, a internet e o acesso a telefones deveriam ser considerados serviços públicos de fácil acesso, como eletricidade ou água. Os provedores de banda larga do país precisam fazer a sua parte para o benefício do público”, disse a diretora da Free Press, Candace Clement. “A fim de minimizar disrupções na educação, economia e vida pública — e também para assegurar comunicações da saúde pública sejam acessíveis a todos — essas empresas devem reduzir os custos de conectividade para aqueles que lutam para ficar online ou então ampliar a robustez de conexões para aqueles que precisam trabalhar em casa”.

O Techcrunch argumenta que as limitações de dados são completamente desnecessárias em primeiro lugar, sendo nada mais que um mecanismo para cobrar mais dinheiro do consumidor: “Pense um pouco: se o provedor de internet pode, mesmo temporariamente, desistir do limite de dados, então com certeza já existe como a rede ser usada sem limitação. Se existe a capacidade, então por que existem os limites?” — argumenta um texto opinativo assinado pelo jornalista Devin Coldewey.

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E, convenhamos, nenhuma empresa quer repetir o fiasco trazido pelo episódio da Verizon nos EUA: em 2018, durante o ponto alto dos incêndios naturais da Califórnia, a operadora fez o chamado traffic shaping, ou seja, reduziu artificialmente o consumo e velocidade de dados dos bombeiros e bombeiras combatentes do fogo quando o uso excedeu o limite, mesmo que estes ainda estivessem fazendo isso em benefício público. A empresa pediu inúmeras desculpas dias depois, mas a situação foi marcante no público e no mercado.

Com empresas como Twitter, Google, Microsoft e Amazon implementando um regime “forçado” de home office para seus funcionários, certamente o assunto rende um bom debate.

E no Brasil?

Pelas terras tupiniquins, o assunto pode render futuras discussões, mas nada para esse momento. O Canaltech buscou as principais empresas que fornecem acesso à internet no país, e recebemos, posteriormente, os seguintes posicionamentos:

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Vivo

A operadora Vivo anunciou medidas para seus clientes durante a epidemia da COVID-19. Entre as iniciativas estão a liberação de sinal de mais de 100 canais para clientes com o serviço de TV por assinatura, liberação da franquia de dados para empresas nos serviços Microsoft Teams e Cisco Webex e navegação gratuita no aplicativo Coronavírus SUS.

Além das ações para clientes, a operadora anunciou, como parte do seu programa “Digitalizar para Aproximar”, medidas internas para os funcionários, incluindo a ampliação do trabalho remoto, atendimento virtual para os trabalhadores e dependentes com o plano de saúde, além de orientações para home-office para quem chega do exterior.

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Claro

Em comunicado à imprensa, a operadora diz que vai conceder a partir deste sábado (14), uma série de iniciativas que incluem clientes e até quem não tem serviços contratados, no intuito de manter as pessoas conectadas e informadas durante todo o período de combate ao vírus.

De acordo com o comunicado, a operadora aumentará gradativamente a velocidade para todos os assinantes da Banda Larga fixa. Isso significa que, além da normalmente contratada, a ampliação será concedida sem custo extra aos clientes. É importante dizer, no entanto, que as medidas serão implantadas aos poucos. Além disso, a demanda adicional virá em período diurno, quando a rede costuma operar abaixo da capacidade, já que as pessoas estariam trabalhando ou na escola. Com isso, a operadora espera que as velocidades médias aumentem durante a manhã.

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Já para a rede móvel, a Claro avisa que adotará a concessão gradativa de bônus de Internet para quem possui o plano pós-pagos. Os clientes pré-pagos que consumirem toda a franquia poderão ganhar um bônus diário de 100MB para continuar navegando. Para isso, deverão assistir à campanha de conscientização produzida pelo Ministério da Saúde sobre o coronavírus.

Os clientes dos planos pré-pagos semanais e mensais também receberão bônus que permitam expandir sua conectividade no período da oferta.]Além disso, todos os assinantes da operadora também poderão acessar de forma ilimitada, sem qualquer custo ou desconto na franquia de Internet do plano, ao aplicativo Coronavirus SUS, desenvolvido pelo Ministério da Saúde

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Oi

Diferente das concorrentes, a Oi ainda analisa o aumento da franquia de dados móveis e banda larga, principalmente em relação ao acesso de URLs que forneçam informações úteis sobre o Coronavírus, como a página do Ministério da Saúde, por exemplo. Por outro lado, a companhoa ampliou o acesso a serviços digitais como segunda via de conta e solicitação de serviços e reparos para que os usuários não precisem ir até postos de atendimento ou serem prejudicados caso haja algum problema com as postagens.

Vale ressaltar que a companhia disponibilizará de forma gratuita o envio de mensagens de texto com informações oficiais para sua base de usuários e ampliou o acesso a serviços digitais, como segunda via de conta e solicitação de serviços e reparos, para que os usuários não precisem ir até postos de atendimento ou sejam prejudicados caso haja algum problema com as postagens. Além disso, a operadora anunciou no domingo (15) a liberação do sinal de 14 canais (Nick, Nick Jr, E!, AXN, A&E, H2, Lifetime, Cinemax, Sony, os canais Telecine, Comedy Central, VH1 Megahits e Paramount) para todos os seus clientes de TV por assinatura, satélite e IPTV. Essa medida é válida até o dia 28 de março

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TIM

A operadora TIM anunciou suas medidas para ajudar na prevenção e combate ao novo coronavírus. Entre as iniciativas adotadas estão a liberação de SMS ilimitados, bônus de dados para planos de celular, franquia de dados livre para aplicativos de trabalho e, em breve, acesso liberado ao aplicativo de utilidade pública “Coronavírus - SUS”.

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As medidas fazem parte do pacote de ações da empresa para ajudar os clientes a evitarem contatos, deslocamentos e aglomerações, conforme as orientações da Organização Mundial de Saúde e algumas autoridades no Brasil.

Nos planos pós-pagos e controle, a TIM anunciou um bônus de dados, que estará disponível no aplicativo Meu TIM. Já para os clientes com pacotes pré-pago, o bônus será de 100 MB adicionais por dia, mas atrelados a um vídeo educativo sobre a COVID-19.

Além do bônus de dados, os planos terão SMS ilimitados. Para clientes com pacotes de roaming internacional, a empresa anunciou a liberação do dobro de franquia de dados na Europa e Estados Unidos.

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Há que se ressaltar: existe hoje um debate bem quente nas redes sociais, com algumas pessoas entendendo que a situação do coronavírus no Brasil ainda não chegou nos níveis alarmantes de, digamos, Itália ou China e, por isso, avalia-se a necessidade de tais benefícios. Embora haja mérito nessa argumentação (ainda não estamos impedindo voos internacionais e apenas alguns eventos sinalizaram ou foram efetivamente cancelados aqui), é importante ressaltar que a capacidade de viralização do COVID-19 por aqui se mostra bem alta: ontem (12), o Ministério da Saúde emitiu um boletim de atualização que já contava com 98 casos confirmados de infecções do vírus no Brasil.

Talvez seja a hora do Brasil começar a conversar sobre o assunto.

Atualizado dia 18 de março, às 18h4 - o artigo original foi editado a fim de incluir o posicionamento das operadoras brasileiras, que nos foram enviados posteriormente à publicação desta nota. Até o momento, Claro, Vivo, Oi e TIM anunciaram medidas específicas de combate ao coronavírus.

Fonte: Techcrunch; Express and Star; Engadget