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Redmi Note 9 vs. Galaxy A71 mostra lógica do custo-benefício invertida no Brasil

Por| 04 de Junho de 2020 às 18h00

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Montagem/Canaltech
Montagem/Canaltech

A Xiaomi completou a família Redmi Note 9 no Brasil na quarta-feira (3) ao apresentar mais dois modelos que se juntam ao Note 9s no catálogo nacional da empresa. Uma coisa, porém, chama bastante a atenção: o preço. E não é de maneira positiva, como se esperava antes do retorno da fabricante chinesa ao país, mas pelo exagero nos valores cobrados.

O Redmi Note 9 Pro, por exemplo, foi anunciado por R$ 4.200 nos canais oficiais da marca. Um valor bem mais alto, por exemplo, do que a Samsung vende o Galaxy A71, que tem uma ficha técnica um pouco mais interessante e por ser encontrado na casa dos R$ 3.000.

É verdade que a sul-coreana tem fabricação nacional, contra a importação do produto manufaturado feito pela Xiaomi, mas mesmo assim as contas não fecham. O Note 9 Pro de 128 GB, versão a ser vendida oficialmente no Brasil, tem preço de varejo de US$ 270, que não vamos converter para reais ainda para não atrapalhar. O Galaxy A71 é vendido lá fora por US$ 365, quase US$ 100 mais caro.

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Fazendo um cálculo um pouco grosseiro, dá para ver que qualquer importador que quiser vender o Note 9 Pro de 128 GB aqui no Brasil conseguiria valor bem mais interessante que o cobrado pela Xiaomi. Adicionando um frete de R$ 130 (que é o cobrado pela Banggood no envio deste exato modelo) e mais 60% de taxa de importação, além de 60% de lucro sobre este total, poderia vender o aparelho por R$ 3.900.

Observe que já está adicionada uma boa margem de lucro, e que o cálculo parte do preço de varejo do aparelho, com um frete por unidade bem alto, e eomprar em grandes quantidades costuma reduzir esse custo por aparelho. Como a Xiaomi chegou aos R$ 4.200, se a empresa paga à matriz um valor próximo ao dos varejistas, ou seja, mais ou menos o preço que a Banggood paga por aparelho?

Na apresentação feita pela Xiaomi nesta semana, o chefe da operação da marca no Brasil Luciano Barbosa citou o dólar, que subiu bastante nas últimas semanas, e impostos para justificar o valor alto cobrado pelos aparelhos. Ora, tanto o dólar quanto os impostos são iguais para a Xiaomi, Samsung, Motorola, LG e qualquer outra empresa que atue aqui. Sim, é verdade que fabricar em solo nacional ajuda a abater parte dos custos, mas a Lei de Informática mudou no final de 2019 e já não é deixou de tornar a fabricação nacional tão vantajosa assim em comparação com a importação.

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De qualquer forma, a Samsung não é nem de longe conhecida por entregar um fator custo/benefício como a Xiaomi, mas conseguiu trazer um aparelho mais caro lá fora do que o Redmi Note 9 Pro a um valor que representa menos de 71% do total pedido pela chinesa em seu celular, que lá fora custa cerca de 74% do preço do concorrente aqui citado.

Diferenças técnicas

E a vantagem do Galaxy A71 nacional não para por aí. Quando observamos as fichas técnicas, o modelo da Samsung tem mais algumas pequenas vitórias sobre o rival.

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Ambos trazem 6 GB de memória RAM e 128 GB de armazenamento, tela em tamanho parecido, beirando as 6,7 polegadas, mas a Samsung usou um painel Super AMOLED, enquanto a Xiaomi ainda aposta na tecnologia IPS LCD, considerada mais fiel às cores, mas sem o preto real alcançado pela tela do A71, além de o brilho ser mais baixo. Por outro lado, o Redmi Note 9 Pro tem vidro Gorilla Glass 5, contra o GG3 do A71.

Em questão de hardware, a Xiaomi colocou o Snapdragon 720G em seu modelo, enquanto a Samsung utilizou o Snapdragon 730. Ao ver a velocidade dos núcleos, pode parecer que o Note 9 Pro é mais veloz, mas a arquitetura usada no processador do A71 é mais avançada. A diferença é pequena, mas o Snapdragon 730 é superior ao 720G.

Com relação às câmeras, ambos os conjuntos traseiros são quádruplos, com uma wide de 64 MP, uma ultra-wide, uma macro e um sensor de profundidade. O A71 tem mais resolução na grande-angular, 12 MP contra 8 MP, e na câmera de auxílio do desfoque, 5 MP contra 2 MP. Na selfie, de novo resolução maior no modelo da Samsung, de 32 contra 16 MP. Além disso, a frontal do A71 grava vídeos em 4K, contra apenas Full HD do Note 9 Pro. No entanto, este último faz slow-motion com 960 fps, contra 240 fps no modelo sul-coreano.

Ao menos uma vantagem clara do Redmi Note 9 Pro: bateria de 5.020 mAh contra 4.500 mAh do Galaxy A71. A recarga também é mais potente, de 30 W no modelo da Xiaomi contra 25 W no da Samsung. Para fechar, o último tem leitor de impressão digital sob a tela, enquanto o dispositivo chinês traz esse sensor na lateral, junto ao botão de energia.

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Galaxy A71 entrega mais por menos

Considerando os preços oficiais das empresas nos modelos nacionais, portanto, é a Samsung quem oferece mais a um valor mais baixo, invertendo aquilo que se tornou comum ouvir de fãs da Xiaomi sobre ser “melhor pela metade do preço”. As vantagens do Galaxy A71 são pequenas, mas na soma geral, é um aparelho consideravelmente superior — no papel, ao menos.

A distância de preços só aumenta quando consideramos o varejo — mas ainda pensando apenas em alternativas oficiais, de unidades devidamente certificadas pela Anatel. O Galaxy A71 já pode ser encontrado na internet por R$ 2.000, enquanto o Redmi Note 9 Pro só tem a oferta de lançamento, por R$ 3.700 — ou seja, quase o dobro. Mas, claro, devemos lembrar que o celular da Samsung já está no mercado há alguns meses.

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Dá para achar o celular da Xiaomi por valor próximo ao da Samsung internet afora, mas aí é preciso se aventurar com importadores, que trazem o aparelho global de varejistas chineses e revendem aqui, normalmente com garantia máxima de três meses — quando ela existe. Ainda assim, parece mais vantajoso partir para o modelo da Samsung, que tem assistência e suporte fáceis por aqui.

No final das contas, a operação da Xiaomi no Brasil não consegue fazer jus ao famoso “melhor pela metade do preço”, entregando aparelhos a valores bem mais elevados do que a Samsung, já conhecida por lançar celulares caros. A comparação toma mais ou menos o mesmo caminho se você pegar o Redmi Note 9 e o Moto G8.