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Moto G4 Play: o que ele quer ser, mas não é

Por| 12 de Agosto de 2016 às 14h12

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Moto G4 Play: o que ele quer ser, mas não é
Moto G4 Play: o que ele quer ser, mas não é

Oficialmente, o Moto G4 Play foi anunciado junto com seus dois irmãos maiores e mais honestos (Moto G4 e G4 Plus), mas chegou ao mercado somente em Agosto deste ano, quase três meses depois de ambos. Algo realmente interessante, já que não há nada (repetindo: nada) que justifique o seu atraso, já que ele é tudo, menos um smartphone novo. Pior: é um smartphone velho com um leve "facelift" vendido como seu fosse novo e tem um preço alto pelo o que oferece. Por que acreditamos que o Moto G4 Play é um tiro no pé? Explicamos.

O nome

A política de nomes nonsense começou desde que a Lenovo assumiu as operações da Motorola. Em 2014 tínhamos Moto E, Moto G, Moto X e Moto Maxx (Droid Turbo internacional). Era isso: cada produto tinha seu preço, segmento e posicionamento fixo, e o usuário sabia o que iria comprar olhando apenas o nome. Em 2015, tivemos um novo Moto E, diversos Moto G (o que não chega a ser de todo ruim pelas customizações, mas sim pela configuração dos modelos mais baratos), e nada menos do que três Moto X (Play, Style e Force). O nome "Moto X" perdeu o sentido, indo desde o intermediário Play até o caríssimo Force, trazendo diferenças abissais de preços.

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Antes representantes únicos e facilmente identificáveis, agora a linha Moto conta com uma própria segmentação interna.

Por que isso é ruim? Pois a Lenovo simplesmente destruiu o significado dos nomes dos aparelhos. Um Moto G pode significar tanto aquele modelo inútil com 8 GB de memória interna e 1 GB de memória RAM quanto o mais avançado com 16 GB de armazenamento e 2 GB de RAM, além de alguns extras como fone de ouvido Bluetooth e HDTV. Assim como o Moto X, o Moto G deixou de existir sem exigir maiores explicações. Da mesma forma, a Lenovo criou esse termo "Play" que, assim como acontece com o Moto G4, serve unicamente para descrever o pior entre todos os aparelhos dessa linha.

Esse Moto G4 Play não tem nada de "G" e nada de "4". É apenas um modelo que tenta parecer mais básico e acessível, mas, novamente, não é nenhum dos dois. Vamos às especificações.

As especificações

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O chip Snapdragon 410 é, basicamente, a adaptação do Snapdragon 400 para suportar instruções de 64 bits. Troca-se os 4 núcleos baseados no Cortex-A7 pelos quatro núcleos baseados no Cortex-A53, que possui um desempenho bem similar. O mesmo vale para a GPU, que é tecnicamente a mesma, mas suporta algumas APIs extras, como OpenGL 3.0. Essencialmente, é o mesmo chip, e ainda que ele fizesse sentido em 2013 no Moto G de primeira geração como um modelo de alto custo-benefício, hoje ele nada mais é do que um chip básico. Isso na melhor das hipóteses.

Na prática, o Moto G4 Play não tem tanto desempenho extra em relação ao Moto G de primeira geração. Isso depois de 3 gerações.

Bacana a Lenovo colocar 2 GB de memória RAM por padrão, mas isso não altera o fato de que é um chip básico. Na prática, isso significa que o único upgrade significativo de configuração para o usuário é que a memória RAM dobrou. A tela? Exatamente a mesma do Moto G de segunda geração, só que o aparelho parece diferente por ter sofrido um "facelift" para se parecer com os modelos de quarta geração. A câmera traseira? Basicamente a mesma do Moto G de segunda geração. A câmera frontal? A mesma do Moto G de terceira geração.

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É uma questão de coerência. Da mesma forma como criticamos o iPhone SE por ser uma obra de Victor Frankenstein, que unia componentes de diversas gerações, o mesmo vale para o Moto G4 Play. Ainda mais pelo preço.

O preço

Aqui entre nós: R$ 900 por um smartphone novo por fora e velho por dentro é demais, em especial quando consideramos que é possível encontrar o Moto G de terceira geração por menos R$ 800 em algumas lojas. Focando apenas no hardware, as duas gerações são idênticas. Mas, um deles oferece uma câmera de 13 megapixels e resistência contra água, dois diferenciais interessantes. Qual deles? O Moto G3, é claro.

O que ele realmente é

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O Moto G4 Play é um aparelho que mais reaproveita um estoque de componentes encostados do que um produto realmente pensado para ser competitivo, uma forma que a Lenovo encontrou de anunciar um produto que parece barato pelo que oferece, mas não é. Quer dizer, ele parece barato se pararmos para considerar que o Moto G4 chega a R$ 1.500 na versão Plus, mas apenas por uma questão de referência, não de valores absolutos.

Sendo bastante sinceros, o Moto G4 Play nada mais é do que um verdadeiro Moto E 2016. Há algumas especificações vazadas do que o Moto E 2016 poderia trazer, que, na prática, é um smartphone pior do que Moto E 2015 versão LTE. Aliás, seria muito curioso se isso realmente acontecer, já que aí realmente teríamos um aparelho que não teria a menor razão de existir. Ainda mais que o Moto G4 Play.

Ah, claro: nada de várias cores. Somente preto e branco.

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O "pulo do gato" aqui é que a Lenovo quer aproveitar a ainda boa (mas decadente) fama da linha Moto G para tentar empurrar um aparelho inferior como se fosse novo. O Moto E 2015 já chegou recheado de críticas pelo preço de R$ 699 na versão LTE, então vamos tentar entender isso aqui: a Lenovo lança um aparelho com o nome Moto G com pequenas melhorias em relação ao Moto E do ano passado, e o Moto E desse ano seria ainda pior do que o seu antecessor? É isso?

A bateria é, talvez, a única coisa que faça sentido no Moto G4 Play.

É exatamente por isso que começamos este artigo com a confusão de nomes. Na prática, o que parece é que a Lenovo está tentando lucrar em cima da estratégia de segmentação de aparelhos criada pela Motorola. Algo como "esse Moto G4 Play está meio esquisito. Mas é um Moto G, então deve ser bom como foram os primeiros modelos". Se essa é a intenção da Lenovo ou não, o fato é que a boa fama dos aparelhos da Motorola, quando esta ainda era independente, dificilmente continuará a ter a mesma força de marca daqui para frente. O Moto G chegando a R$ 1.500 foi um dos primeiros sinais, ainda que a "culpa" não seja exclusivamente da Lenovo, como você pode conferir nos links abaixo.

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Para não sermos exclusivamente críticos, não podemos deixar de dizer que o único ponto positivo do Moto G4 Play é a sua bateria. 2800 mAh é sim um valor considerável para esse segmento, ainda mais quando consideramos que é a mesma capacidade do LG G5, um top de linha, e vem com carregamento rápido. Ainda assim, é difícil entender a proposta desse aparelho, já que ele está longe de justificar a numeração superior em relação ao Moto G do ano passado.