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Entendendo a explicação da LG sobre o preço do G5 SE

Por| 06 de Junho de 2016 às 12h30

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Conforme os rumores previram, o G5 chegou ao Brasil com um preço bem maior do que o esperado, assim como trazendo um chip inferior. Não chega a ser um chip ruim, já que o Snapdragon 652 dificilmente pode ser considerado fraco, mas realmente não corresponde ao preço. O preço, aliás, é menor do que o previsto, mas acreditamos que os R$ 200 a menos do que o esperado não deixou os usuários muito satisfeitos, por assim dizer, mas pelo menos a LG se posicionou a respeito, explicando os motivos por trás da escolha, certo? Sim? Não? Meio a meio?

Pensando nisso, vamos explorar os argumentos utilizados pela empresa, analisando até onde eles fazem sentido — e, claro, onde eles são apenas desculpas.

"Usamos um processador inferior para tornar o preço mais competitivo"

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Aqui seria bastante simples dizer que essa afirmação não faz o menor sentido sem precisar explicar o motivo, mas temos dois fortes argumentos para provar o nosso ponto. O primeiro deles é o mais óbvio: desde a última vez que checamos, R$ 3.499 não é um preço considerado acessível para o público brasileiro para um smartphone. Podemos estar enganados, mas realmente parece bem alto, isso sem considerar o corolário de que isso implica em assumir que modelos tops de linha se preocupam em serem "competitivos". A estratégia é oferecer o melhor produto possível por um preço alto por definição.

O que nos leva ao segundo argumento. "Competitivo" é uma forma educada de dizer "capaz de competir com o top de linha da Samsung", o Galaxy S7, no caso. Há anos, a LG mira incansavelmente na Samsung como se a empresa fosse a única concorrente no mercado, criando um produto pensado desde o início para competir somente com ela. A prova disso é que o preço do top de linha da LG é sempre pouca coisa menor do que o da Samsung, como uma espécie de hesitação em cobrar o mesmo valor (o que significa posicioná-lo como um concorrente válido) ou maior (implicando que se trata de um produto superior).

Desde de quando R$ 3500 é um preço competitivo para um smartphone?

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Essa preocupação excessiva com a Samsung é uma das causas do uso do processador inferior para deixar o preço menor. É difícil imaginar quanto o G5 custaria com o Snapdragon 820 e 4 GB de memória RAM, mas, independentemente do valor, a LG julgou que não seria um produto superior ao Galaxy S7.

"Os impostos acabaram prejudicando a competitividade do G5"

Sim, de fato. Dizer que os impostos do Brasil são altos demais para que qualquer empresa seja realmente competitiva é algo tão patente como afirmar que 100% das pessoas que tiveram qualquer tipo de doença bebeu água em algum momento da vida. Só que há um detalhe importantíssimo: os impostos são altos, complexos e perniciosos, o custo Brasil é alto e a burocracia exagerada envenena o ambiente de negócios. A LG está certa, mas o mesmo vale para a Samsung, então ambas partiram exatamente do mesmo ponto de partida.

Não vamos ser desonestos: pode sim haver algum imposto especial para produtos modulares, ou mesmo alguma interpretação de alguma lei que permita uma cobrança extra para o G5. Se for o caso, seria uma postura admirável da LG se pronunciar a respeito, já nos deixando avisados para o que esperar de um possível smartphone modular no futuro. Se o G5 já custa caro, imaginem um modelo do projeto ARA. De qualquer forma, a LG anunciou o G5 bem atrasado, meses depois de a Samsung ter feito a festa com o único top de linha Android de 2016.

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Os impostos e a burocracia atrapalharam o G5, assim como a própria LG.

Pior, deu tempo para que a Samsung abaixasse o preço do S7 em diversas lojas. Quando o G5 chegou por R$ 3.499, mirando no preço de lançamento do S7, já era possível encontrá-lo por um preço muito menor, tornando o G5 ainda menos interessante. E outra: smartphones tops de linha são reconhecidos pelas altas margens de lucro que eles rendem para os fabricantes. Não raro, chegam a custar pouca coisa a mais do que US$ 200 para serem fabricados, mas são vendidos por valores 2 ou 3 vezes maiores, algo que nem o custo de montagem, pesquisa e transporte consegue justificar.

Se a LG quisesse realmente trazer o G5 com chip inferior por um preço realmente competitivo, acreditem: seria perfeitamente possível.

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"O Snapdragon 652 não oferece uma experiência de uso inferior"

Sim, oferece. É claro que oferece. Chega a ser quase uma ofensa esperar que o consumidor aceite esse tipo de afirmação e não questione por um minuto o motivo por trás disso. Consegue imaginar países como o Estados Unidos ou qualquer um pertencente à zona do Euro aceitando esse tipo de explicação? Então por que ela faria sentido no Brasil? Faria mais sentido assumir que se trata de um processador inferior, que o G5 SE é uma versão criada para países burocráticos demais (como o nosso), posicionamentos extremamente válidos que mostrariam uma transparência, até uma certa humildade, da empresa.

Mas não: a opção foi tentar convencer que o usuário não seria prejudicado, mesmo sendo algo impossível de defender. Isso piora a situação da LG, aliás, já que implica em uma rejeição pelos usuários que estavam pensando em comprá-lo apesar do chip inferior, mas entendem de smartphones o suficiente para ver que estão sendo enganados.

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No melhor dos cenários para a LG, o usuário que está disposto a pagar mais de R$ 8.000 pelo kit completo continuará com um processador inferior, mostrando que a empresa não fez o seu melhor para conquistar o consumidor. Não é o tipo de tratamento que geralmente fideliza o cliente.

Não se trata de comparações de desempenho entre o Snapdragon 652 e o 820. É bastante capaz que um usuário médio não conseguisse dizer qual das duas versões tem em mãos, já que é difícil (diríamos até impossível) encontrar um app que gargale o Snapdragon 652, que dirá o Snapdragon 820. Mas não é o caso. Se você quer cobrar pelo melhor, deve oferecer o melhor. Já imaginou montadoras tentando vender carros de luxo com motores 1.0 com o argumento "a estrada mais rápida do Brasil tem um limite de 120 km/h. Você não vai perceber a diferença. Mas o preço continua alto, viu?". Só faltava completar com "nos outros países o motor é turbo, mas é que lá eles reparam a diferença".

Conclusão

O G5 SE não é um smartphone ruim. Muito longe disso,aliás, mas o posicionamento da LG foi quase de autossabotagem. Em primeiro lugar, chegou atrasado demais. Segundo, chegou caro demais. Terceiro, as justificativas da LG mais atrapalharam do que ajudaram, já que a Samsung provavelmente passou pelos mesmos problemas ao trazer o Galaxy S7 e S7 Edge para o Brasil. Aliás, trouxe o mais cedo possível. Aliás, não deu desculpa nenhuma para o preço alto. Aliás (o último, prometemos), trouxe sem qualquer limitação em relação às versões internacionais. Entendem a diferença aqui?

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Para entender o motivo dos smartphones estarem tão caros, não deixe de conferir os links abaixo:

Para completar o conjunto, a LG mostra que ainda vive à sombra da Samsung, acompanhando os movimentos da empresa antes de tomar qualquer decisão, além de considerar o posicionamento do portfólio de produtos dela para estabelecer o preço (e o segmento de mercado) de seus próprios modelos. O resultado é que irá acontecer o que vem acontecendo há anos: quem realmente estiver afim do G5 SE esperará calmamente que o seu preço chegue a patamares razoáveis, e até que isso aconteça, o modelo mais interessante da LG será, infelizmente, e como sempre, será o da geração anterior.