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Opinião: a LG desistiu de concorrer com a Samsung

Por| 19 de Abril de 2016 às 15h05

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Rumores sobre uma possível versão "capada" do LG G5 no Brasil não datam de hoje. Aliás, não seria uma versão exclusiva do Brasil, mas sim algo geral para países em desenvolvimento (o Brasil incluso) para oferecer um aparelho mais acessível de seu mais novo top de linha.

Se, por um lado, entendemos que oferecer um modelo avançado em países como o Brasil por um preço competitivo é quase impossível, com empresas sendo obrigadas a lidar com regulamentações excessivas, impostos em cada ponto da cadeira produtiva, custo Brasil, causado por uma infraestrutura cara e deficiente, e burocracia de uma forma geral, por outro lado isso pode manchar a imagem da LG durante muito tempo. Vamos entender o motivo.

A escalada de preços

Antes de qualquer coisa, vale observar os preços de lançamentos das (até então) 3 grandes fabricantes Android no Brasil. Não podemos deixar de considerar a inflação, variação do dólar e condições econômicas do país, já que em 2015 a Lei do Bem foi encerrada e o dólar começou a aumentar quase diariamente:

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Samsung

  • Galaxy S3 (S1/2012): R$ 2100;
  • Galaxy S4 (S1/2013): R$ 2400 (versão Exynos); R$ 2500 (versão Snapdragon);
  • Galaxy S5 (S1/2014): R$ 2600;
  • Galaxy S6 (S1/2015): R$ 3300 (versão normal); R$ 3800 (versão Edge);
  • Galaxy S7 (S1/2016): R$ 3800 (versão normal); R$ 4300 (versão Edge)

LG

  • Optimus G (S1/2013): R$ 2000;
  • G2 (S1/2013): R$ 2000;
  • G3 (S1/2014): R$ 2300;
  • G4 (S1/2015): R$ 3000;
  • G5 SE (S1/2016): R$ 3800 (?);
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Sony

  • Xperia Z2 (S1/2014): R$ 2500;
  • Xperia Z3 (S2/2014): R$ 2700;
  • Xperia Z3+ (S1/Z4 internacional - 2015): R$ 3000;
  • Xperia Z5 (S2/2015): R$ 4300;
  • Xperia X Performance (S1/2016): não disponível no Brasil;

Uma segunda informação importante é a lenta transformação de uma concorrência entre 4 empresas (HTC, Sony, LG e Samsung) em 2012 para praticamente um duopólio em 2015. De 2012 para cá, a HTC saiu do Brasil e a Sony começou a lançar um aparelho por semestre, aumentando consideravelmente o preço entre uma versão e outra.

Até o primeiro semestre de 2015, a disputa estava mais ou menos equilibrada entre Samsung e LG, com a Sony ficando meio por fora tanto em timing quanto em preço. Já no primeiro semestre desse ano, a Samsung não perdeu tempo e trouxe o Galaxy S7 e Galaxy S7 Edge para cá o mais rápido possível, enquanto a LG segurou bastante o G5.

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Poxa, LG.

Como podemos ver pelos preços de lançamento, houve um degrau enorme de preços entre o fim de 2014 e o início de 2015, fácil de entender pela escalada (e variação diária enorme) do dólar. Mas, o fato é que até o começo de 2015, Samsung e LG mantinham um certo nível de competitividade, ainda que a LG tenha claramente atrasado o lançamento do G4 para ver a receptividade do Galaxy S6, mesmo que isso significasse uma perda considerável de aparelhos vendidos.

Em 2016, mesmo que ambas tenham anunciado seus tops de linha simultaneamente, a LG atrasou a chegada do G5 (o top de linha, não a versão capada) para venda em diversos países. Porém, ela criou uma versão "popular" de seu top de linha (em recurso, não em preço) para países em desenvolvimento, como o Brasil. Agora, mais de um mês após o início das vendas dos S7, a LG pode finalmente trazer seu concorrente para cá, só que não o concorrente direto, mas sim a versão capada. O que isso pode significar para a LG? Antes, é interessante entender o que é o LG G5 SE.

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Snapdragon 820 vs Snapdragon 652

Há duas versões do Galaxy S7 equivalentes em desempenho, uma com um chip fabricado pela própria Samsung, o Exynos 8890, e outra da Qualcomm, o Snapadragon 820. A LG está longe de ter o mesmo know-how em chips móveis como a Samsung, com sua linha Nuclun ainda voltada para smartphones básicos, ficando dependente da Qualcomm para fornecer seus processadores.

A única escolha para competir diretamente com o chip Exynos da Samsung é optar pelo Snapdragon 820, praticamente onipresente em todos os tops de linha de todas as marcas. Mesmo concorrentes como o Kirin 950/955 da Huawei e Helio X20 deca-core da MediaTek não possuem poder de fogo para competir com ambos.

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A diferença não fica apenas no desempenho.

Sem entrar em muitos detalhes sobre o funcionamento interno do Snapdragon 820, basta dizer que ele vem com a novíssima Adreno 530 como GPU, uma das mais poderosas do mercado, e quatro núcleos baseados nos cores Kryo exclusivos da empresa. Na prática, é o melhor que a Qualcomm tem a oferecer no primeiro semestre de 2016. E o Snapdragon 652? As especificações dele não denunciam sua inferioridade à primeira vista, sendo bastante apelativas na ficha técnica:

  • 4x cores Cortex-A72 rodando a 1,8 GHz;
  • 4x cores Cortex-A53 rodando a 1,4 GHz;
  • 3 GB de memória RAM LPDDR3 @ 933 MHz;
  • Adreno 510 rodando a 550 MHz;

Agora, o Snapdragon 820:

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  • 2x cores Kryo rodando a 2,2 GHz;
  • 2x cores Kryo rodando a 1,6 GHz;
  • 4 GB de memória RAM LPDDR4 @ 1866 MHz;
  • Adreno 530 rodando a 624 MHz;

O Snapdragon 652 tem o dobro de núcleos, quatro deles utilizando o Cortex-A72 (mais avançado da ARM até o momento), e outros 4 de economia de energia Cortex-A53. Os clocks são razoáveis, com 3 GB de memória RAM (ainda que tenha metade do desempenho da memória RAM do Snapdragon 820, impactando diretamente no desempenho da CPU e da GPU) e com uma aparente pequena diferença de GPUs. Agora, como essa diferença resulta em desempenho bruto, na prática? Vamos ao benchmarks:

Mesmo contando com a metade dos núcleos do Snapdragon 652, o Snapdragon 820 oferece cerca de 71,2% mais desempenho, isso graças a seus cores Kryo.

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A diferença de GPUs é ainda mais drástica: 217,3%. Consegue imaginar o que isso significa nos jogos?

Além disso, o Snapdragon 652 tem transistores com o dobro da litografia (32 nanômetros vs 14 nanômetros do Snapdragon 820), provavelmente para economizar na sua produção, um modem inferior (X8 cat. 7 contra o X12 cat. 12 e 13 do Snapdragon 820), não suporta carregamento sem fios e não possui o Spectra ISP. Ou seja, não tem 55098a mesma capacidade de renderização de imagens e pós-processamento de imagem do Snapdragon 652, possui velocidades máximas teóricas em redes 4G LTE inferiores, consome mais energia e gera mais calor (proporcionalmente).

Ao contrário do que acontece com computadores, onde a CPU pode ser isolada do resto, o chip determina de forma inequívoca qual é o segmento do smartphone. PCs pode ter um processador mais fraco com uma boa GPU, memória RAM de excelente qualidade e assim por diante. Smartphones, não. Independentemente da qualidade de tela do G5 SE, memória interna e etc, o fato de ele trazer o Snapdragon 652 faz dele um super intermediário. Então, é de se esperar que ele traga um preço extremamente competitivo, correto? Não? Por quê?

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R$ 3800???

Pois é. A LG tinha duas opções: trazer o G5 completo com um preço alto, concorrendo diretamente com o Galaxy S7, ou trazer a versão super intermediária dele, atacando pelo preço. Escolheu a terceira: trazer a versão capada e chutar o preço para o teto. O resultado seria (se confirmado) um smartphone com preço da Galaxy S7 mas claramente inferior, então por que dar atenção para o G5 SE? Ainda mais depois de ter sido anunciado em vários países antes de vir para cá, enquanto a Samsung anunciou o S7 quase simultaneamente em diversos países, inclusive o nosso.

Um curiosidade fica para os módulos. Quanto irão custar cada um?

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O seu maior diferencial, que é a sua característica modular, não está incluída no preço. Se a LG já vai trazer a pior versão de seu top de linha por um preço tão alto, quanto irá custar os acessórios? E por que a LG optaria por uma estratégia tão suicida quanto essa? E, novamente, por que alguém dedicaria atenção e dinheiro a um aparelho intermediário que custa quase o preço de um iPhone 6s? Vamos à conclusão.

Bandeira branca

Se há algo que não entendemos até hoje foi o posicionamento de mercado da LG. A empresa fica de olho no que a Samsung faz para depois ver como reagirá, ficando sempre à sombra de sua conterrânea. Basta lembrar do LG G3 e G4, anunciados semanas depois de observar o que a Samsung faria com seus "tops" de linha e em seguida ver o que precisava fazer para concorrer diretamente com ele. Enquanto a Samsung se arrisca, anuncia e vende, a LG observa, chegando atrasada com aparelhos cuja razão de existir é concorrer com ela.

Na MWC desse ano, ambas anunciaram seus "tops" de linha juntas, o que indicada uma possível mudança de postura da LG, tomando coragem para mostrar ao mundo que o seu produto era tão bom, ou mesmo melhor, do que o da concorrente. Mas não. Optou por anunciá-lo atrasado em diversos países, o nosso em especial, esperando que os usuários vissem valor nele, não comprassem o Galaxy S7 e aceitassem qualquer preço. Por quê? Por que foi a LG que produziu, com uma noção questionável de força de marca quando comparado à Samsung.

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Quer um top de linha? Compre Samsung. Segunda opção? Talvez da LG.

No Brasil em especial, onde algumas empresas realmente superestimam o apreço dos usuários e acreditam que possam colocar qualquer preço em seus produtos, anunciar o G5 SE por um preço tão alto é realmente pedir para que ele seja rejeitado, para não dizer um completo desrespeito ao consumidor brasileiro. O Galaxy S7 chegou antes, então ou a LG trazia a versão completa por um preço menor do que o Galaxy S7, ou usava o Snapdragon 652 e o vendia por menos de R$ 2000. A diferença de desempenho e recursos de ambos já seria suficiente para explicar essas duas escolhas, mas denuncia algo ainda mais grave: a empresa não considera o Brasil como um mercado digno o suficiente para anunciar a melhor versão de seu melhor aparelho.

Esse cenário é exclusivo do Brasil, como geralmente acontece, e indica algo que está implícito: a LG desistiu de concorrer com a Samsung por aqui. Levantou bandeira branca e assumiu para todos que top de linha Android é Samsung, enquanto a LG fica para aquele pequeno grupo de pessoas que faz questão de não comprar um produto da Samsung, tornado-a a segunda opção oficial, por assim dizer. Isso pode significar um futuro doloroso para nós, já que se a maior concorrente da Samsung simplesmente dá de ombros, a empresa tem carta branca para cobrar o preço que desejar. Consegue imaginar o preço do Galaxy S8, nesse cenário?

Posicionamento da LG

A fabricante sul-coreana se posicionou oficialmente sobre o assunto por meio de um comunicado enviado à imprensa. Confira na íntegra o texto da empresa:

“A LG oferece aos seus consumidores produtos de alta performance. A empresa une tecnologia de ponta, design sofisticado e prioriza produtos que ofereçam o melhor custo x benefício ao consumidor. O mais novo membro da família G de Smartphones chega ao mercado brasileiro com todas essas características e mais: é o primeiro aparelho modular da categoria do mundo.

O LG G5 é tão inovador que a expectativa de sua chegada às lojas está gerando uma série de especulações acerca das suas configurações. Dessa forma, a LG Electronics do Brasil esclarece que a opção de substituir o processador Snapdragon 820 pelo 652 não interfere na usabilidade do aparelho, visto que continua a ser um dos mais rápidos e modernos smartphones do mercado.

Ele garante navegação rápida, estabilidade do sistema e total fluidez, pois oferece recursos avançados com desempenho de 64 bits, menor consumo de energia com Hexagon™ DSP e modem LTE X8 integrado que suporta velocidades de download de até 300 Mbps e velocidades de uplink de até 100 Mbps.

Já a linha de acessórios, os Friends, devem chegar às lojas brasileiras de maneira gradual. Mais informações serão disponibilizadas a imprensa no lançamento oficial do LG G5 no Brasil, previsto para ser realizado ainda no primeiro semestre de 2016”.

Fonte: Tecmundo