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Prévia Xógum: A Gloriosa Saga do Japão | A densidade do momento de virada

Por| Editado por Durval Ramos | 26 de Fevereiro de 2024 às 19h23

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Divulgação/FX Networks
Divulgação/FX Networks

Os bastidores de uma guerra civil que moldaria o futuro do Japão Feudal são o tema de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão. Na minissérie que estreia nesta terça, 27 de fevereiro, no Star+ e Disney+, acompanhamos de perto a história que levou ao primeiro xogunato e ao isolamento do país por quase dois séculos.

Encabeçada por Hiroyuki Sanada (Trem Bala), a minissérie em 10 partes estreia com uma dupla de capítulos nesta semana. Depois, recebe um episódio por semana até seu final, em meados de abril, concluindo a história que adapta o livro de mesmo nome, lançado em 1975 pelo autor e cineasta britânico James Clavell.

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Apesar de ter personagens e eventos fictícios, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão é baseado em fatos reais. O personagem principal, Yoshii Toranaga (Sanada) é uma representação de Tokugawa Ieyasu, o primeiro xogum. No caminho até o poder, ele se aliou a John Blackthorne (Cosmo Jarvis), um marinheiro inglês que representa a figura real de Williams Adams, o primeiro britânico a chegar ao Japão.

É um momento em que a presença estrangeira no país não é nenhuma novidade, ao mesmo tempo em que o Japão mantém seus costumes firmes. É pelo olhar de Blackthorne que Xógum: A Gloriosa Saga do Japão nos apresenta uma visão direta dos costumes da época, além de um momento histórico em que o interesse econômico e a busca por poder parecia estar acima, até mesmo, das tradições.

Na beira do isolamento

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Para uma série que traz a “glória” em seu subtítulo, há pouco desse aspecto em seus dois primeiros capítulos, aos quais o Canaltech teve acesso antecipado. Pelo contrário, o que vemos é um período de silenciosa agitação política, no qual as tramas dos bastidores dominam um cenário em que há um vazio na liderança, após a morte do daimiô Nakamura, o senhor das terras da região de Kwanto, onde a história se situa.

O filho dele é jovem demais para assumir a liderança, o que acabou levando à criação do Conselho dos Regentes, com Toranaga entre eles e nenhuma intenção de garantir que o poder siga sua rota usual. O grupo, aliás, se posiciona firmemente contra o personagem de Sanada, o considerando uma ameaça.

A chegada de Blackthorne, piloto de uma embarcação inglesa que se perdeu após atravessar o Estreito de Magalhães, chega para trazer ares mais complexos a essa disputa. O personagem interpretado por Jarvis (Peaky Blinders) apresenta a Toranaga um novo mundo e, também, as disputas pelas potências europeias pela conquista dos países asiáticos; um processo que já foi iniciado pelos portugueses no Japão, ainda que os líderes do país não tenham conhecimento disso.

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Uma descoberta aterradora, mas também altamente interessante para o futuro xógum, que vê na chegada inesperada de Blackthorne uma chance de não somente salvar o próprio pescoço, mas ascender ao poder. Sabendo que as ameaças estão por todos os lados e o fio da espada é cortante, ele conta com poucos aliados, incluindo a sagaz Toda Mariko (Anna Awai), principal ponte entre ele e o inglês.

Política e traição afiadas

O que parece ser um tempo de paz, sem ameaças externas aparentes, faz com que as tensões internas floresçam, principalmente em uma cultura que preza a lealdade e considera a morte como um final honroso. Logo percebemos, porém, que nenhum destes aspectos são levados às últimas consequências quando poder e dinheiro estão em jogo, assim como as influências externas de nações que, à época, achavam ser mais desenvolvidas que o restante do mundo.

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Xógum: A Gloriosa Saga do Japão nos apresenta um mergulho na cultura e tradição japonesa, com cenas violentas e chocantes tratadas com a placidez com que eram vistas na época. A produção é americana e, com isso, temos um olhar que pende para este lado do mundo, o que faz com que o foco nas cabeças cortadas, execuções arbitrárias e matança sem motivo lancem um olhar duro sobre o país em seu período feudal.

Com isso, ainda que esta seja uma história sobre o início do xogunato de Toranaga, é Blackthorne quem parece assumir o papel principal, justamente por representar o olhar do espectador ocidental sobre os acontecimentos. É também a forma como o próprio Clavell apresentou sua obra nos anos 1970, com seu olhar sobre a cultura da Ásia sendo fortemente influenciado pelos tempos que passou como prisioneiro na Indonésia.

É a partir dessa experiência e o que está relatado nas páginas — e agora, na tela — que vem o principal fator de choque de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão. Essa visão ocidentalizada gera momentos curiosos para os espectadores brasileiros, como os personagens falando em inglês, mas se referindo à língua como português, em um aspecto totalmente esperável de uma produção americana.

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A trama, aliás, passa bem perto da história do nosso país, não em termos diretos, mas também por apresentar um olhar sobre um outro aspecto da colonização mundial que moldou a nossa nação. No caso do Japão, sabemos que houve uma tentativa, mas os anseios dos invasores são bem parecidos, o que traz um aspecto adicional de envolvimento a uma série que, por sua trama densa e altamente política, vem arrebatando elogios da imprensa internacional.

Vale a pena ver Xógum: A Gloriosa Saga do Japão?

Os dois primeiros capítulos da minissérie que vai ao ar no Star+ e Disney+ mostram que sim. Esta não é uma saga leve ou fantasiosa, pelo contrário, é uma imersão na cultura do Japão Feudal, ainda que por um olhar enviesado, e uma trama cheia de violência e reviravoltas políticas.

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Apesar de o centro da história, pelo menos em seu início, ser Blackthorne, é o gênio estratégico de Toranaga que leva a trama adiante. A postura impassível do futuro xógum, a partir da grande interpretação de Sanada, e a forma como ele parece ter tudo sob controle mesmo nos momentos mais críticos conquista o espectador e faz desejar ver quais serão os próximos passos do protagonista rumo ao poder.

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão estreia em 27 de fevereiro no Star+ e Disney+. A produção original do canal americano FX traz Hiroyuki Sanada (John Wick 4: Baba Yaga), Cosmo Jarvis (Raised by Wolves), Anna Sawai (Velozes & Furiosos 9) e Tadanobu Asano (Mortal Kombat). A produção é de Rachel Kondo (Girl of Few Seasons) e Justin Marks (Mogli: O Menino Lobo).