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Crítica | Mortal Kombat diverte com boas lutas e referências aos games, mas só

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Maio de 2021 às 21h00

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Warner Bros.
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Devemos sempre tomar cuidado ao avaliar filmes derivados de jogos de videogame. Por serem essencialmente adaptações, o trabalho dos diretores e produção é redobrado, já que, dependendo do tipo de título, tudo fica bem complicado, a ponto de causar traumas em fãs mais exigentes e cinéfilos compulsivos.

Em Mortal Kombat, nova tentativa da Warner Bros em adaptar o famoso jogo de luta para as telonas, o conflito entre o que é realmente "bom" e o que "funciona", está latente, escancarado em nossos olhos. À sua maneira, o diretor Simon McQuoid tentou, ao mesmo tempo, descolar do primeiro filme, lá de 1995, e inserir referências dos jogos para criar algo homogêneo e divertido.

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Críticos mais severos certamente acharão Mortal Kombat um filme pobre e ruim, mas os fãs certamente vão se deliciar com os combates magníficos, personagens bem feitos e as inúmeras referências aos jogos, incluindo fatalities clássicos e recentes.

O Canaltech teve acesso ao filme e vai te contar um pouco sobre o novo Mortal Kombat sem spoilers.

Dispensa apresentações

Um ponto em que Simon McQuoid acerta em cheio na construção do enredo de Mortal Kombat é a apresentação dos personagens. De modo bem discreto, o diretor apenas tratou de posicionar fãs menos fanáticos a nomes pouco citados nos jogos e outras adaptações, como Hanzo Hasashi (Hiroyuki Sanada), há décadas conhecido como Scorpion, ou Bi Han (Joe Taslim), o famoso Sub-Zero.

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Entretanto, na tentativa de fazer algo "novo", o enredo e a narrativa de Mortal Kombat trazem pouco peso e densidade, algo bem característico da franquia dentro dos jogos, o que chamo maldosamente de "efeito Vingadores", quando o diretor quer atrair público tornando as coisas meio bobas e desnecessariamente leves. Para quem ama, de fato, Mortal Kombat, isso soa como um insulto.

Com isso em mente, logo somos apresentados a Cole Young (Lewis Tan), o protagonista do filme. Jovem lutador de Chicago, Young tem uma carreira amadora no mundo das artes marciais mistas (MMA, na sigla em inglês), mas é "perseguido" por uma marca de nascença, um dragão misterioso que ele nunca soube muito bem como explicar. E para explicar a ele o que é essa imagem, não espere ver Raiden (Tadanobu Asano) fazendo isso — e aqui começam algumas semelhanças com os jogos mais recentes da franquia.

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Isso acontece porque, tal qual como o cocriador da franquia, Ed Boon, optou por fazer em games como Mortal Kombat 9, Mortal Kombat X e Mortal Kombat 11, quem acaba se tornando o centro das movimentações para proteger o Plano Terreno das ameaças da Exoterra são as Forças Especiais; lideradas por Jax Briggs (Mehcad Brooks) e Sonya Blade (Jessica McNamee), que terão em Cole seu principal aliado para o andamento da história.

Raiden, o Deus do Trovão, assim como Liu Kang (Ludi Lin) e até Kung Lao (Max Huang), aparecem depois, mas como meros coadjuvantes dentro do universo de Mortal Kombat, algo que deve ser mais explorado com a continuação da franquia.

Pelo lado dos malvados, devemos destacar, claro, a presença de Sub-Zero. Sabe aquele tipo de vilão que, quando aparece, você logo percebe que todos estão enrascados? Pois bem. Esse tipo de sentimento é extremamente valioso e foi muito bem executado pelo ninja de gelo, que, ao menos nesse arco de Mortal Kombat, foi bem traduzido na imagem de Bi Han, antigo membro dos clã Lin Kuei.

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Por outro lado, Shang Tsung (Chin Han), talvez o principal personagem em toda a história de Mortal Kombat nos games, foi pouco explorado, mas com a clara sensação de que, tal qual outros nomes, possivelmente terá sua imagem bem mais utilizada em um segundo filme.

De modo resumido, Mortal Kombat não perde tempo apresentando seus personagens, mas não aproveita isso para dar mais densidade à história e aos detalhes que esse rico ecossistema oferece. Com isso, surgem buracos no roteiro, um bom humor desnecessário e algumas coligações que não fazem o menor sentido para fãs mais veteranos.

Inúmeras referências

Se Mortal Kombat escorrega no enredo, em outros pontos brilha do jeitinho que queríamos. O principal deles é em como a produção do filme conseguiu inserir referências aos jogos, sejam eles mais recentes ou antigos. Mesmo sem acontecer (por enquanto) o torneio clássico como no filme de 1995, há muitas oportunidades para nos esbaldarmos com lutas excepcionais e fatalities sangrentos e ultrarrealistas.

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Além disso, os personagens, de modo geral, foram bem representados, com McQuoid encontrando soluções criativas para adaptá-los para a realidade atual. Entretanto, nem tudo são flores. A forma como o diretor resolveu explicar como os lutadores adquirem seus poderes especiais é um tanto quanto bizarra, destoando totalmente do que vemos nos games.

Tecnicamente aceitável

Os efeitos especiais e sonoros de Mortal Kombat são bons, mas poderiam ser melhores. Por mais que não seja considerada uma super produção, essa película merecia um pouco mais de esmero em alguns momentos, sobretudo nos personagens renderizados, como o príncipe Goro. Já os golpes especiais, que aparecem com relativa abundância no filme, deixam tudo com o tom lúdico que esperamos de Mortal Kombat nesse aspecto, principalmente por estarem bem parecidos com os games.

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E por mais que a direção atual tenta tentado, ao máximo, se descolar do filme de 1995, houve uma tentativa de puxar um pouco para o saudosismo ao incluir músicas eletrônicas durante todas as lutas. O problema, porém, é que elas foram mal escolhidas, tornando a trilha sonora da película de 2021 bem inferior à antiga. Uma pena.

Já a caracterização dos personagens, ponto crucial em uma adaptação de jogo, deixou todos bem inseridos dentro do contexto de Mortal Kombat, que consegue mesclar o oriental com o ocidental de modo bem único e competente.

Vale a pena?

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Mortal Kombat acerta ao buscar agradar os fãs com várias referências aos games e lutas bem coreografadas e frenéticas. Os poderes especiais, bom entrosamento dos personagens e sentimento de nostalgia estão presentes com brilho, mas não ajudam a consertar um roteiro vazio e com muitas pontas soltas, que devem ser corrigidas em um próximo filme.

Se o seu objetivo é passar um tempo descompromissado e curtir um bom combate, Mortal Kombat vai te satisfazer. O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de maio.