Crítica Lupin | Temporada 3 mergulha na infância de Assane e brilha novamente
Por Diandra Guedes • Editado por Durval Ramos |
O ladrão de casaca está de volta à Netflix! A terceira temporada de Lupin, série de mistério do streaming, chegou no dia 5 de outubro e manteve a qualidade das anteriores, acertando ao se aprofundar na infância do protagonista e nos motivos que o levaram a se tornar um dos ladrões mais inteligentes de toda a França. Esse, inclusive, foi o principal diferencial dos novos capítulos, já que fizeram a série avançar no enredo e não ficar apenas repetindo a mesma história.
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Nesta nova temporada, Assane está tentando deixar a França com sua esposa, Claire (Ludivine Sagnier) e seu filho Raoul (Etan Simon), mas para isso precisa aplicar um último golpe. O que ele não imaginava, porém, era que sua mãe — que não o via há 25 anos — reaparecia como refém de um homem que fez parte do seu passado.
É claro que nem ele e nem o público ficam sabendo logo de cara do que se trata o sequestro e quem é a tal figura, pois isto faz parte do brilhantismo da série: ir revelando aos poucos as informações e fazer com que todos os detalhes se encaixem de maneira tão perfeita que parece que estamos montando um quebra-cabeças.
Além disso, a escolha dos roteirista de se aprofundarem na infância do personagem foi fundamental para dar mais ritmo à trama e para prender a atenção do público, que fica atento a cada capítulo tentando juntar os pedaços e entender como o abandono e o luto fizeram dele um dos maiores especialistas em roubo e também um dos homens mais cativantes de Paris.
Já a fórmula é repetida. Não dá para negar que os criadores lançaram mão novamente da mesma estratégia para desenhar os roubos do pseudo Lupin, sua relação de parceria com Ben e seu jogo de gato e rato com o detetive Youssef. Até aqui, a história não cansa, mas caso se estenda por mais temporadas, ficará massante.
Lupin agrada por ser inteligente
Assim como a saga Jogos Mortais, Lupin também conquista o público por ser uma produção inteligente e não entregar uma trama preguiçosa. Quem assiste à série percebe que ela gasta tempo relacionando o que acontece no enredo com as histórias dos livros de Arsène Lupin, e também que tenta entregar crimes sem furos. Apesar disso, é necessário fazer um pacto com a produção para conseguir curtir cada episódio da melhor maneira possível.
Isso porque, como já era esperado, alguns momentos fogem da lógica e ficam irreais. São cenas que você se pega pensando “Mentira! Isso nunca daria certo!”. Felizmente, elas são poucas, e a maioria das sequências só comprovam o brilhantismo do nosso anti-herói favorito.
Ainda falando do enredo, se nas duas primeiras temporadas vemos que Assane precisa de ajuda para realizar suas façanhas, nessa terceira ele prova que ninguém faz nada sozinho. Sua codependência de Ben fica ainda mais evidente e até o cachorro entra no esquema para ajudá-lo a sair de uma enrascada. Esse fato expõe sua fragilidade e o tira do lugar de herói intocável e superior. Ótima escolha dos roteiristas.
Deixando o texto um pouco de lado e focando no elenco, Omar Sy — que dá vida ao protagonista — agrada novamente. O ator vive vários personagens dentro de um só, já que Assane vive se disfarçando. Nessa temporada, o destaque fica para sua atuação de gângster e de milionário cafona que vai comprar um caixão de luxo para um “amigo”.
O restante do time também não decepciona, e a entrada de Naky Sy Savane como Mariama (assim, com m mesmo) é uma ótima adição à série. Ela encarna uma ladra do mesmo gabarito do filho e é uma delícia vê-los agindo juntos.
Laranja é o novo preto para Assane
Quem prestou atenção nas temporadas anteriores deve ter reparado que o título da série é escrito em laranja e que a cor também está presente em algumas peças de roupa do protagonista. Nos novos episódios, essa relação cor-personagem fica mais clara, e o tom é usado para identificá-lo. Tanto é assim que, quando Raoul usa um tênis branco com laranja para jogar basquete, somos remetidos imediatamente à figura de Assane e sua relação com o filho.
E, por falar em cor, tom e tudo mais, a Paris de Lupin é muito mais amarronzada e real do que a de Emily em Paris — série também da Netflix. Essa escolha de tons serve para dar mais verossimilhança à história, e também é uma boa escolha da produção.
Com excelente terceira temporada, Lupin deixa gancho para novos episódios
Com novos roubos bem articulados e um excelente texto cujo plot twist realmente surpreende, a terceira temporada de Lupin foi um deleite para aqueles que já acompanhavam a história. E, apesar da produção ter desperdiçado a chance de se encerrar com um bom final — ainda que controverso — o gancho para a quarta temporada mostra que Assane ainda tem contas a acertar.
Aos fãs resta torcer para que os novos capítulos sejam tão bons quantos os anteriores, mas enquanto a quarta parte não estreia, já é possível maratonar os sete episódios de Lupin: Terceira Temporada na Netflix.