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Crítica Ahsoka | Quando Star Wars é bom, é bom demais

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Reprodução/Lucasfilm
Reprodução/Lucasfilm

Quando fez sua primeira participação em uma produção live action, Ahsoka Tano se tornou peça importante para o futuro das séries de Star Wars. A personagem já era uma das favoritas dos fãs, mas a sua estreia em carne e osso deu nova importância à heroína e mostrou o quanto ela seria vital para a saga — algo que o anúncio de sua série própria, produzida pelo seu criador, Dave Filoni, apenas confirmou. E, agora que Ahsoka finalmente está entre nós, isso está ainda mais evidente.

Só que a série não é só esse aceno para o futuro, mas também uma grande conexão com o passado da franquia e com os demais trabalhos do próprio Filoni, principalmente as animações Clone Wars e Star Wars Rebels. Ao final dos seus oito episódios, a série estrelada por Rosario Dawson (O Balconista 3) foi basicamente uma imensa sequência da animação dos rebeldes, ajudou a preparar o cenário para futuras histórias de Star Wars e, o mais importante, finalmente abraçou o lado de fantasia da saga e explorou mais a sua mitologia.

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Rebeldes até o fim

Star Wars Rebels foi uma animação bem aceita pelos fãs exatamente por introduzir algumas ideias à mitologia de Star Wars que abraçavam mais a ideia de fantasia. Ao chegar à sua conclusão, a animação deixou algumas pontas soltas que, até então, não tinham sido exploradas por nenhuma outra produção da Lucasfilm.

Dave Filoni, responsável pelo desenho e por séries como The Mandalorian, ao lado de Jon Favreau, assumiu a produção de Ahsoka e fez dela uma sequência direta dos acontecimentos de Rebels, entregando muito do seu clima, além de reutilizar personagens, agora em versão live-action.

Natasha Liu Bordizzo como Sabine Wren, Mary Elizabeth Winstead como Hera Syndulla e Eman Esfandi como Ezra Bridger funcionam muito bem nos seus papéis, entregando ótimas continuações de suas versões animadas. Rosario Dawson brilha novamente no papel de Ahsoka Tano, se firmando como uma das figuras mais importantes da saga Star Wars.

Talvez por conta disso, muitos fãs se viram um pouco perdidos em alguns momentos da série, já que vários acontecimentos referenciados em Ahsoka haviam sido explorados em Rebels. Ainda que consiga se manter como uma obra independente na sua primeira metade, ter assistido à animação torna a experiência dos quatro últimos episódios ser bem mais proveitosa.

Star Wars é realmente mágico

Ahsoka não teve vergonha alguma em explorar os cantos mais místicos da galáxia de Star Wars (e até um pouco além dessa galáxia). Desde os primeiros episódios, a série trouxe elementos como Mundo Entre Mundos, dimensões criadas pela Força, a ideia de Bokken Jedi, bruxas e profecias.

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Se Andor mostrou o lado mais pé no chão de Star Wars — e foi excelente por conta disso —, Ahsoka é o outro lado da moeda, se destacando exatamente por abraçar a fantasia que faz da saga algo tão mágico. Até o momento, muito pouco havia sido explorado sobre os caminhos da Força, como ela é tratada por diferentes povos e profecias antigas sobre deuses e figuras tão significativas em produções live action.

Os filmes da trilogia mais recente buscaram apenas continuar com a história dos Skywalker, sendo que o único longa que tentou levar a franquia para um lugar novo e empolgante foi bastante criticado por uma parcela barulhenta dos fãs, fazendo com que a Lucasfilm voltasse a fazer o "mais do mesmo".

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Enquanto isso, as séries de Star Wars parecem ter mais liberdade para tentar. Se não todas que acertam ou ousam o suficiente, pelo menos Dave Filoni mostra que tem o que é necessário para liderar criativamente esse universo, atuando como verdadeiro herdeiro de George Lucas.

Um Mestre e seu Padawan

Além de ser uma grande forma de explorar o universo da saga, Ahsoka serve como uma ótima história sobre mestres e aprendizes. Ahsoka toma Sabine como sua Padawan, mesmo a mandaloriana não se encaixando nas ideias do que a Ordem Jedi aceitaria para ensinar os caminhos da Força.

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Ao longo dos episódios, o relacionamento das duas é desenvolvido em paralelo com ideias que Ahsoka aprendeu de seu antigo mestre, Anakin Skywalker. O retorno de Hayden Christensen ao papel, após sua participação em Obi-Wan Kenobi, traz uma espécie de redenção para o personagem e para o próprio ator, que finalmente foi recebido de braços abertos pelos fãs depois de passar duas décadas sendo esculhambado por esse mesmo pessoal.

Essa ideia de mestre e aprendiz também é explorada do lado inimigo, com Baylan Skoll, interpretado por Ray Stevenson (Roma), e sua aprendiz, Shin Hati, interpretada pela atriz ucraniana Ivanna Sakhno. A ideia de respeito e a tentativa de fazer com que os aprendizes não repitam seus erros, fazendo com que os próprios mestres tenham um arco de aprendizado funciona bem e torna toda a temporada bem interessante.

Inclusive, falando sobre Stevenson, seu falecimento poucos meses antes da estreia da série já era uma pena por si só, mas ver o seu trabalho no papel do ex-Jedi e agora mercenário Baylan Skoll torna tudo ainda mais triste. É um personagem que claramente tem muito mais a oferecer, assim como tinha o ator, que faleceu com 58 anos.

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Ele entrega uma atuação primorosa, deixando claro que existem várias camadas em sua personalidade, demonstrando honra e sabedoria, mesmo estando do lado oposto dos heróis.

O Herdeiro do Império

Ahsoka poderia ser tudo isso que foi dito e ainda falhar miseravelmente caso não tivesse um grande vilão. Isso é resolvido com o retorno do Grão Almirante Thrawn, interpretado por Lars Mikkelsen, que já havia emprestado sua voz ao personagem em Star Wars Rebels.

Apesar de aparecer apenas na segunda metade da temporada e suas ações se resumam a enviar tropas atacarem os heróis, toda a construção da história para tentar evitar que ele retorne à galáxia cria uma aura de tensão e perigo em torno do personagem.

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Ao mesmo tempo, isso cria um problema para quem vai assistir Ahsoka sem ter visto absolutamente nada de Star Wars Clone Wars ou Rebels. Principalmente na segunda animação, Thrawn é mostrado como uma ameaça real para a galáxia e um herdeiro do Império, podendo reiniciar seu domínio no momento que for possível.

Já em Ahsoka, ele é só um cara azul que ficou preso em um lugar muito distante e agora quer voltar. A ideia do "mostre, não fale" é um pouco ignorada nessa temporada, com vários personagens com medo de alguém que não faz muita coisa absurda nos episódios em que faz parte.

O vilão ainda funciona, mas é preciso ter certo conhecimento sobre quem ele é para que as coisas façam mais sentido. Porém, fica claro que Filoni simplesmente abraçou a ideia de todo mundo que assiste Ahsoka tem acesso à Disney+ e pode assistir Rebels para ficar em dia com a história.

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Um novo caminho a seguir

No final dos seus oito episódios, Ahsoka mostra como Star Wars pode ser bom de verdade. É uma série com bons momentos de ação, apesar de algumas derrapadas nos últimos episódios, que respeita a mitologia da saga e tenta levá-la para frente, contando novas histórias empolgantes e interessantes.

Seus personagens são cativantes, com grande destaque para o já citado Baylan Skoll, mas alguns poderiam aparecer mais, como Hera Syndulla, que acaba sendo uma coadjuvante de luxo na história.

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Ahsoka mostra um novo caminho para a franquia, que explora mais as ideias do que realmente fazem Star Wars funcionar por tantas gerações. Ao mesmo tempo, ela gera algumas questões sobre como tudo isso vai se encaixar dentro da cronologia da saga e o que significa de verdade para o seu futuro.

Ainda existem muitas pontas soltas e perguntas que precisam ser respondidas. Considerando o histórico de Dave Filoni, acho que é possível respirar tranquilo e saber que, de alguma forma, tudo eventualmente será resolvido. Quem sai ganhando são os fãs.

Ahsoka está disponível na Disney+.