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Vírus da covid-19 é visto em espermatozoides 110 dias após infecção

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Maio de 2024 às 09h13

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 iLexx/envato
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Em um estudo da Universidade de São Paulo (USP), pesquisadores descobriram que o vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, continua presente nos espermatozoides até 110 dias após a infecção, e até 90 dias depois da alta. Com isso, passa a ser recomendado um período de quarentena após a doença por parte de quem deseja ter filhos, segundo resultados publicados no periódico científico Andrology.

A ciência já havia descoberto diversas células e tecidos humanos afetados pela infecção do patógeno da covid-19, estes invadidos e destruídos. No caso do sistema reprodutivo, o vírus usa os testículos como porta de entrada e reduz a qualidade do sêmen. O invasor já foi detectado até mesmo nas gônadas masculinas em autópsias, mas raramente aparece em testes PCR no sêmen humano.

Descobrindo o vírus nos espermatozoides

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Para revelar a novidade viral, os cientistas da USP, financiados pela FAPESP, usaram tecnologias de PCR em tempo real para a detecção de RNA do patógeno e da microscopia eletrônica de transmissão. As amostras vieram de 13 pacientes com coronavírus nas formas leve, moderada e grave, entre 21 e 50 anos. Eles foram analisados até 90 dias após a alta e 110 dias após o diagnóstico da infecção.

Todos resultaram em teste negativo para o SARS-CoV-2 via PCR no sêmen, mas o vírus ainda aparecia em espermatozoides de oito dos 11 pacientes que tiveram infecção moderada a grave até 90 dias após a alta — em outras palavras, em 72,7% dos pacientes.

Dois que tiveram covid-19 leve também apresentaram o vírus, e outros dois ainda mostraram deformações nos espermatozoides parecidas com as dos infectados, apesar da ausência de vírus intracelular ao microscópio.

Outro achado curioso envolve o sistema de defesa dos espermatozoides, que usam o DNA celular para fazer “armadilhas” — o material genético do núcleo, após detectar perigo, se descondensa, rompendo as membranas celulares e expulsando o DNA para fora.

O processo é parecido com o da resposta inflamatória ao covid-19 em outras células do corpo, que pode, inclusive, fazer mal aos tecidos quando ocorre em excesso.

Esse “sacrifício” para conter o vírus e, provavelmente, outros invasores por parte dos espermatozoides não era conhecido pela ciência, e pode, segundo os pesquisadores, ser um achado revolucionário.

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A novidade, segundo eles, deve ser considerada tanto para as concepções naturais quanto em técnicas de reprodução assistida em laboratório, estabelecendo, por exemplo, quarentena do doador de esperma após alta hospitalar por infecção pelo coronavírus.

Fonte: Andrology, FAPESP