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Por que as pessoas ainda têm complicações da covid-19?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Dezembro de 2023 às 18h35

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Koldunov/Envato
Koldunov/Envato

A covid-19 não é mais uma emergência de saúde global, mas algumas pessoas ainda apresentam complicações graves em decorrência da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2. Em outros grupos, a doença não chega a ser tão forte, mas é preciso passar alguns dias de cama, em recuperação, além do risco da covid longa.

Para explicar este cenário, é preciso pensar em duas coisas: o vírus está em constante mutação e a maioria das pessoas não recebeu novas doses das vacinas atualizadas nos últimos 12 meses para as descendentes da variante Ômicron. Isso significa que o número de anticorpos, a primeira linha de defesa do corpo, está baixo na população.

Aqui, é importante lembrar uma fala histórica de Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio deste ano: "Este vírus veio para ficar. Ainda está matando e ainda está mutando". Só que, de lá para cá, muitos países abandonaram as estratégias de contenção da covid-19. Em um cenário em que a doença é transmitida livremente, os mais vulneráveis são mais expostos aos riscos.

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Por outro lado, a ciência ainda não compreende muito bem quem vai desenvolver casos graves da covid-19 até hoje. Desde antes das vacinas, existiam relatos de casais, onde um tinha a doença de forma assintomática, enquanto o outro ficava gravemente enfermo. Nesse contexto, é possível ficar alguns dias debilitado por causa da doença, mesmo que não seja hospitalizado e que seja 100% saudável.

Aumento de casos da covid-19

No caso brasileiro, os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através do Boletim InfoGripe, alertam para o aumento de casos graves da covid-19 no país, em levantamento publicado na última semana. A intensificação de novos casos da doença está concentrada no Nordeste.

Por exemplo, o Ceará é o estado em ritmo mais acelerado de crescimento da covid-19. Além disso, Maranhão, Paraíba e Pernambuco também apresentam um sinal inicial de aumento recente nos casos, principalmente entre os idosos. Já a Bahia, que iniciou o movimento de alta, apresenta sinais de desaceleração.

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Queda nos anticorpos

Para explicar esta volta da covid-19, Eleanor Riley, professora da Universidade de Edimburgo, destaca a questão dos anticorpos. “Os níveis de anticorpos das pessoas contra a covid-19 estão, provavelmente, tão baixos agora quanto na época em que a vacina foi introduzida pela primeira vez”, explica para a BBC.

Sem essa defesa rápida, produzida logo após uma vacina ou infecção, a pessoa tende a ser infectada pelo vírus da covid-19. Nesse contexto, as pessoas podem voltar a desenvolver formas mais graves da doença ou terem sintomas mais fortes, levando dias para se recuperar.

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Entre os que ainda podem ter anticorpos, é preciso saber se eles são específicos contra as atuais cepas da covid-19, descendentes da Ômicron. Por isso, pessoas podem correr mais riscos, se tomaram apenas as primeiras vacinas disponíveis e não tiveram a infecção na última temporada.

Afinal, “os vírus que circulam agora estão bastante distantes [biologicamente] do vírus original que foi usado para fazer as primeiras vacinas ou que nos infectou pela última vez”, lembra Peter Openshaw, professor do Imperial College London.

No entanto, estas pessoas — as vacinadas e já infectadas — costumam ter um tipo de célula específica do sistema imunológico, as células T de memória. Elas levam mais tempo para serem produzidas e não estão prontas na hora que o coronavírus invade o organismo, mas conseguem conter o avanço da doença até os estágios mais graves.

Na maioria das vezes, a pessoa não fica gravemente doente e nem acaba no hospital, mas, nesse processo de matar o vírus e produzir células T, há danos colaterais que fazem o indivíduo se sentir muito mal, pontua Riley. Inclusive, é comum ter dores musculares, febre e calafrios por alguns dias.

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Vacinação no Brasil

Para ajudar o corpo no enfrentamento da covid-19, alguns países têm adotado a inclusão da vacina no calendário anual de imunizações, como o Brasil. A partir do ano que vem, crianças de 6 meses a 5 anos irão receber três doses do imunizante — os pequenos que já receberam a vacina este ano não irão precisar de doses de reforço.

Para alguns grupos de risco, como idosos, gestantes, profissionais da saúde e imunocomprometidos, o Ministério da Saúde irá oferecer doses anuais de reforço, em um esquema semelhante ao que já ocorre com a imunização da gripe (influenza).

Fonte: Agência Fiocruz, Ministério da Saúde e BBC