Vacina da Moderna previne 83% dos casos de infecção pelo VSR em idosos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Após o sucesso do uso da tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) no controle da covid-19, a empresa norte-americana Moderna investiu recursos para prevenir infecções pelo vírus sincicial respiratório (VSR), através de uma nova vacina. Na terceira e última fase do estudo clínico com idosos, o imunizante obteve uma taxa de eficácia de 83,7% na prevenção da doença com sintomas.
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Vale explicar que "o VSR afeta significativamente a saúde de adultos mais velhos e de alto risco, principalmente aqueles com comorbidades", afirma Abdullah Baqui, um dos autores do atual estudo e pesquisador da Universidade Johns Hopkins, em comunicado. Além dos indivíduos com mais de 60 anos, a infecção pode ser grave em bebês e crianças.
Diante dos resultados positivos — que, até o momento, não foram publicados em nenhuma revista científica —, a Moderna planeja solicitar a autorização de uso da vacina de mRNA contra o VSR ainda no primeiro semestre deste ano. Oficialmente, a fórmula da Moderna recebe o nome de mRNA-1345 VSR.
Entenda o risco da infecção respiratória pelo VSR
De forma geral, o VSR é uma das principais causas de infecções no trato respiratório inferior e de quadros de pneumonia, conhecido por ser altamente contagioso e ter um comportamento sazonal — casos são mais frequentes entre o inverno e o início da primavera.
Em adultos, a infecção pode provocar desconforto respiratório, pneumonia, bronquite, hospitalização e, em casos extremos, morte, especialmente quando existem comorbidades. Além da infecção aguda, o vírus pode piorar quadros que o paciente já tem, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
"Em lactentes e crianças pequenas, a primeira infecção pode causar bronquiolite grave que, às vezes, pode ser fatal", detalha a Organização Mundial da Saúde (OMS). O risco de óbito também é elevado para idosos e pessoas imunossuprimidas.
Como foi feito o estudo da vacina de mRNA da Moderna?
Na pesquisa de Fase 3 da vacina, os pesquisadores recrutaram 37 mil pessoas com 60 anos ou mais, provenientes de 22 países, incluindo os EUA. Para garantir a validade dos resultados, o atual estudo foi feito de modo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo.
Em paralelo aos testes com idosos, a Moderna iniciou a primeira fase de um estudo com a vacina de mRNA em população pediátrica. Nesta etapa, a ideia é entender se a fórmula consegue sensibilizar o sistema imunológico das crianças, como ocorre com os mais velhos, e se é segura.
Para além do VSR e da covid-19, a farmacêutica trabalha em um novo ecossistema de vacinas, baseadas na tecnologia de mRNA. Por exemplo, são realizados testes com fórmulas para o combate do câncer e também contra o HIV.