Tafenoquina: SUS agora tem remédio dose única para malária
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 07 de Junho de 2023 às 12h33
Na última terça-feira (6), o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da tafenoquina ao Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um remédio para malária, doença infecciosa febril aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium transmitidos. O medicamento será usado nos casos de infecção por Plasmodium vivax, tipo mais comum de malária no Brasil.
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Conforme análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a tafenoquina tem resultados similares aos da primaquina, já utilizada no SUS contra a doença em questão.
A diferença é que a primaquina o precisa ser administrada ao longo de 14 dias, enquanto a tafenoquina deve ser tomada em apenas uma dose. A ideia é contribuir para a diminuição das chances de recaída.
No anúncio, a Pasta também menciona que o "teste quantitativo da atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) como tecnologia auxiliar para confirmação diagnóstica."
O teste G6PD foi incorporado em conjunto, como tecnologia auxiliar, porque dele depende uma parte fundamental do tratamento. "É que só podem usar esse medicamento os pacientes maiores de 16 anos e com mais de 70% de atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase", aponta o comunicado.
Existe vacina contra a malária?
No Reino Unido, cientistas da Universidade de Oxford trabalham no desenvolvimento de uma vacina contra a malária. Apelidada de R21/Matrix-M, a vacina de Oxford atua no primeiro estágio do ciclo de vida do parasita, impedindo que o Plasmodium, independente da espécie, chegue ao fígado e se estabeleça no organismo.
Na prática, a vacina usa uma combinação de proteínas do parasita da malária (que ajuda o organismo a identificar o agente infeccioso, quando de fato a pessoa for infectada) e outras proteínas do vírus da hepatite B.
Em paralelo, a Fiocruz desenvolve uma nova vacina contra a malária. Para a pesquisa do potencial imunizante, a equipe conta com um plataforma que "pode avaliar atividade antimalárica ex vivo [em tecidos ou amostras retirados de um organismo vivo] contra estágio sanguíneo do parasita, assim como a atividade no bloqueio da transmissão do parasita”.
Ciência combate a malária
A Fiocruz também desenvolveu um teste para a malária, que indica a presença ou não da condição em menos de 10 segundos. A testagem é feita a partir de um feixe de luz e o resultado é compartilhado através de um celular — sem o uso de nenhum tipo de agulha.
Em 2022, cientistas norte-americanos notaram que o anticorpo monoclonal pode prevenir malária, mais precisamente o anticorpo L9LS, que ao ser produzido em laboratório, gera algum grau de imunidade contra a doença. Segundo os estudos clínicos, as doses do L9LS protegeram totalmente 88% dos participantes envolvidos.
Fonte: Ministério da Saúde, Nejm, Agência Fiocruz